Drumagick vai além do drum’n’bass com novo disco

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Eles mal tinham saído das fraldas quando entraram na foto oficial do time que levou o drum’n’bass brasileiro às alturas no final dos anos 90. Ao lado de Marky, Patife e XRS, a dupla Drumagick também beliscou sua parte do sucesso que fez com que o mundo olhasse pra música eletrônica produzida no Brasil.

Apesar da pouca idade, Jr.Deep e Guilherme Lopes são veteranos da música eletrônica nacional. Uma de suas músicas, “Easy Boom”, com sample de Jorge Benjor, foi uma das peças-chave do som que, lá fora, ganhou o nome de Brazilian drum’n’bass.
Lá se vão uns dez anos desde que a camisa verde-amarela causou estrondo nas pistas gringas, mas o Drumagick é brasileiro e não desiste nunca. Lançaram recentemente o algum “Dance Box”, o terceiro desta duplinha que já acumula mais de 60 lançamentos (entre singles, remixes e participações) no mundo todo.

O Todo Já Sambou foi atrás dos irmãos Jr.Deep e Gui Lopes pra saber sobre o disco novo e também pra tentar entender onde foi parar a galerinha do drum’n’bass. Leia, a seguir

TODO DJ JÁ SAMBOU – Onde anda o público de drum’n’bass? Vocês ainda são muito associados ao gênero, o que acham disso?

DRUMAGICK – Boa parte desse público tem ido à nossa festa All The Beats e The Bass, que rola no Tapas Club. Teremos uma edição super especial no dia 27/2, com Bryan Gee (da V Recordings), Gü-Mix (DJ austríaco, criador da festa Dub Club em Vienna), DJ Link (revelação da cena db), com Marnel e Drumagick de residentes. Outros comparecem às edições da festa Liquid, da crew Maloca Dub. Tem a Deep, no Vegas, e a Movement, dia 26/2 no Cabral.
Em São Paulo as festas estão rolando, claro que está difícil de trazer público, mas ando falando com DJs de techno, house, hip hop e a dificuldade é a mesma considerando as devidas proporções. Não têm uma razão específica pra descrever a atual situação da cena drum’n’bass brasileira, houve muita expectativa após o estouro que aconteceu  anos atrás com Patife, Marky. Até hoje as pessoas cobram dos representantes da cena o que está acontecendo, infelizmente ou felizmente não tenho resposta, mas posso dizer que trabalhamos duro pra espalhar nosso som para o maior número de pessoas, independentemente de ser drum’n’bass ou outros estilos. Quando ficamos conhecidos pelo drum’n’ bass estacionamos neste estilo durante alguns anos o que reforçou essa ligação que todos fazem de Drumagick e drum’n’bass. Acho muito bom na verdade, afinal ajudamos muito a cena com um trabalho super dedicado.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Como a vivência com músicos em turnês e estúdios mudou o som de vocês?

DRUMAGICK – Putz, mudou muito e essa mudança é bem nítida ouvindo nossos três CDs. O contato com sons diferentes e pessoas que trabalham de formas diferentes sempre influencia nosso trabalho. Por exemplo, o Mark de Clive-Lowe, o cara é um pianista fantástico e também toca como DJ, produz suas músicas e outros artistas, quando trabalhamos juntos isso acabou influenciando nosso som de uma maneira muito forte. Os músicos de nossa banda, os cantores com que trabalhamos neste disco e em outros também, sempre aprendemos com eles nas gravações, ensaios e shows, é uma troca de informação muito bacana. Queremos manter isso pra sempre.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Vocês são músicos que viraram DJs ou DJs que viraram músicos?

DRUMAGICK – Nós não somos músicos, somos DJs que trabalham em sintonia com músicos e criamos nossas músicas de ouvido embora desejemos arrumar um tempinho pra começar a estudar e aí sim nos tornaremos músicos. Vamos ver se mais pra frente rola.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Conta pra quem não conhece como é o novo disco de vocês?

DRUMAGICK – Queríamos que o álbum tivesse unidade no conceito, as músicas são muito diferentes entre si, mas dá pra dizer que têm um certo padrão na identidade de cada uma. Muitas de nossas influências musicais estão lá, das primordiais até as mais recentes então o ouvinte vai encontrar uma mistura de ritmos eletrônicos que vão muito além do drum’n’bass fundidos com música brasileira, funk, música latina entre outras sonoridades peculiares. É um disco bem diferente e dançante, nos preocupamos em fazer um álbum que as pessoas pudessem colocar na festa e dançar ou dançar no carro se mexendo enquanto dirige. Outra coisa que também é bem diferente de nossos trabalhos anteriores é o fato do disco ser 90% vocal, tem muitas participações nacionais e internacionais. O CD é duplo, o que o tornou um pouco mais caro que o s CDs comuns nas lojas, esperamos que isso não seja uma grande barreira, por nós venderíamos CDs a R$10, mas parece que esse idealismo não funciona nas distribuidoras, então por enquanto tem que ser assim mesmo.

TODO DJ JÁ SAMOU – Se no Brasil a cena de db anda meio fraca, contem como anda lá fora.

DRUMAGICK – Lá fora temos trabalhos muito bons que se alinham de igual pra igual com artistas top de outras cenas. Nomes como Pendulum, Chase And Status, Sub Focus, e vários outros tem participado dos maiores festivais dos Estados Unidos e Europa e lançam trabalhos de forte impacto. Tem muita coisa interessante no drum’n’bass, muita coisa que influencia produtores de outros estilos a inovarem seu som assim como muitos produtores de drum’n’bass internacionais colhem influências de variados estilos para inovar seus trabalhos. Isso tornou-se um ciclo e quem está nele está vitaminando muito suas criações, pelo menos acontece com a gente.

O Drumagick se apresenta nesta sexta (19/2) na festa Xiliquê, dos DJs Felicio Marmitex e Benjamin Ferreira, no Vegas Club (Rua Augusta, 765 – Centro – Consolação – Tel: 3231-3705). Ingressos de R$ 15 a R$ 30

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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