Drogas. Oregon descriminaliza todas as substâncias. Mais seis estados mudaram sua legislação às vésperas da eleição nos EUA

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Diversos estados americanos caminham caminham a passos largos rumo à descriminalização das drogas, contrariando a política do “War on Drugs” de Trump e apontando uma tendência mundial na forma de entender a relação com o usuário.

O Oregon (EUA), aprovaram nesta terça feira (02) a chamada Medida 110, que descriminaliza pequenas quantidades de todas as drogas, incluindo cocaína, heroína e meta-anfetamina. Com a mudança, usuários não responderão mais criminalmente e até as penas relacionadas aos cidadãos pegos com quantidades consideradas “comerciais” foram aliviadas.

A mudança vai na contramão da política federal em vigor, baseada no conceito da Guerra às Drogas, com investimento pesado no combate ao tráfico e à repressão ao uso.  Guerra esta considerada perdida à muito tempo por especialistas do assunto e que compromete bilhões do orçamento americano.

“Isso é incrível! É uma marretada na pedra angular da Guerra às Drogas” disse ao NY Times Kassandra Frederique, diretora do grupo de apoio jurídico Drug Policy Alliance. “A medida 110 é uma das maiores vitórias contra a (política da) guerra às drogas até agora. E traz o foco ao que realmente interessa: a saúde pública. Acaba com a justificativa mais comum do esforço policial em revistar, processar, encarcerar e deportar pessoas. Esperamos que isso encoraje outros estados a mudar a direção de suas políticas da repressão para o tratamento”.

Oregon não está sozinho neste avanço. Washington liberou a Psicocilibina (os Magic Mushroons) para uso a maiores de 21 anos enquanto mais cinco estados descriminalizaram a maconha para uso recreacional: Nova Jersey, Dakota do Sul, Arizona e Montana.  No Mississipi a votação está em andamento, mas como grandes chances de aprovação.

Com estas mudanças, 36 estados americanos terão descriminalizado a maconha para usos medicinais e mais 15 para usos recreativos. Parte dos impostos arrecadados com os impostos da liberação da maconha vão para fundo de tratamento a adictos. Estes movimentos apontam que os americanos apoiam uma nova ótica para o assunto, indo contra a política federal orientada pela administração de Donald Trump, que justificava por exemplo, adoções de medidas extremas como a construção de uma muralha na fronteira do país com o México.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.