DJ Raylan DJ Raylan celebrando a conquista do DMC World for Supremacy 2025. Foto: Divulgação

Como DJ Raylan se tornou um dos mais jovens DJs campeões do mundo

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Aos 20 anos de idade, artista brasileiro faturou três troféus de campeão mundial de turntablismo em 2025, incluindo o icônico DMC

O paulistano DJ Raylan voltou recentemente de Tóquio com seu terceiro troféu de campeão mundial de turntablismo, as estrepolias performáticas feitas nos toca-discos. Detalhe: os títulos foram todos conquistados neste ano — dois na Rússia, no World Kardo (23 de agosto), e o último, o renomado DMC World for Supremacy, no Japão, em 10 de outubro. Mais um detalhe, o moleque, oito vezes campeão nacional, tem só 20 anos de idade, consagrando-se como um dos DJs mais novos a faturar o mundial do DMC. Como conseguiu esses feitos tão jovem? Praticando desde os seis.

DJ Raylan

DJ Raylan celebrando a conquista do DMC World for Supremacy 2025. Foto: Divulgação

“Quando eu chego em época de campeonato, eu uso a madrugada para treinar. Às vezes eu treino até as 03h da manhã, tendo que acordar às 07h no outro dia”, contou o prodígio das picapes ao Music Non Stop.

Na parte da manhã, o tri-campeão cursa a faculdade de economia. No período da tarde, faz estágio. Nos finais de semana, toca em festas ou coleciona troféus, como os três que trouxe para o Brasil em 2025. Todo o sucesso precoce foi possível graças ao apoio dos pais:

“Meu pai tinha os equipamentos de DJ em casa. Ele fazia algumas festinhas, mas nada muito sério, porque sempre trabalhou em indústria também. Ele fazia por hobby e eu comecei a mexer. Quando ele viu que eu tinha interesse, era uma criança dedicada, ele me levou para fazer um curso de DJ”.

DJ Raylan mandando ver nos toca-discos em 2016, aos 11 anos de idade

Por tabela, Raylan realizou o sonho do progenitor, que jamais mergulhou no turntablismo.

“Ele fazia só as viradas, e mais ou menos, ainda”, brinca o ex-pupilo, que agora virou mestre do papai orgulhoso. “Tocava flashback, soul, black e hip-hop.”

Após concluir o curso em uma escola na Galeria Presidente, no centrão de São Paulo, Raylan começou a meter a cara em campeonatos. Fenômeno mirim, apareceu em diversos programas de televisão mostrando suas mixagens e foi ganhando cancha para alçar voos internacionais. No DMC, as eliminatórias e a final acontecem no formato de batalha. Cada DJ precisa encantar os jurados em dois rounds de um minuto e meio. Errou, dançou.

“A batalha envolve muitas coisas que estão ali nos detalhes. Como o DJ está preparado emocionalmente e tecnicamente, mais a postura dele ali na hora. A gente tem que ter aquela postura de batalha mesmo, assim como ocorre com as de B-Boys. Vai da técnica e de saber estar com a saúde mental em dia”, explica ele, que venceu a final do DMC World for Supremacy 2025 contra o neozelandês K-Swizz.

A tal batalha, claro, fica restrita ao momento do campeonato, como acontece no skate, por exemplo. Desceu do palco, tudo é uma grande festa entre amigos, especialmente porque os brasileiros viajam com uma delegação do DMC Brasil.

“A gente acaba criando uma amizade entre os DJs, conhece aqueles caras lendários que a gente só via em vídeos, nas antigas fitas de VHS. É muito bacana conhecer esse povo pessoalmente e criar esse vínculo.”

Raylan é o mais novo, mas não o único brasileiro a brilhar no DMC. Nomes como MC Jack e Erick Jay já passaram o rodo em troféus do campeonato, fazendo do país uma potência no universo do turntablismo.

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“Eu acho que é o estilo brasileiro que cativa o pessoal gringo. Nosso flow, nosso ritmo e nosso carisma. O Jack, quando foi em 96, colocou samba e começou a sambar em cima do palco, na apresentação.”

Pergunto a Raylan como fica o futuro, já que com apenas 20 anos o maluco já conquistou o mundo três vezes.

“Eu penso em explorar todas as áreas possíveis para um DJ. O campeonato é só uma ponta. Penso em fazer muitas festas, viajar tocando, não só competindo. Quero criar música, estudar produção musical.”

DJ Raylan

DJ Raylan. Foto: Divulgação

Tempo de vida para buscar tudo isso, Raylan tem. Talento, como já comprovou, também. Voa garoto!

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.