DJ Esa e a história da incrível fita de Ata Kak, o genial compositor de kwaito que só foi saber de seu sucesso com 30 anos de atraso!

Jota Wagner
Por Jota Wagner

O DJ Esa, um dos maiores divulgadores dos beats africanos mundo afora está no Brasil e o Music Non Stop conta a surpreendente história de Ata Kak, sua maior descoberta. O Kwaito, um dos filhos mais alegres da house music americana, cuja história você lê também aqui no site, tomou conta da África do Sul no final dos anos 80. Animados com o renascimento da esperança no continente, o pessoal queria dançar. Nelson Mandela tinha sido solto e eleito democraticamente presidente. Parecia o fim, para a população negra principalmente, de um longo e turvo período histórico.

Logo a onda tomou conta de boa parte do continente. A house, sejamos justos, era apenas um dos ingredientes da salada groove. A mistura era liberada: hip hop, disco e ritmos locais, como Marabi, Kwela, Imibongo, entre tantas outras coisas, eram colocadas no caldeirão e mixadas com novidades tecnológicas recém-chegadas do hemisfério de cima.

Sabe a fita K-7? Até os anos 00 ela era a forma mais popular de se consumir música na África. Acredita-se que foram produzidas mais de 3 bilhões de cópias em 30 anos de fita no continente. Muita, mas muita música boa, de tudo quanto é estilo, foi impressa nas tirinhas magnéticas. Tanto que um aficionado por essas maravilhas, Brian Shimkovitz, roda o mundo com seu Awesome Tapes From Afrika, apresentação que ganhou até episódio do Boiler Room.

Foi assim, neste ambiente, que mais uma dessas espantosas histórias se formou, a de Ata Kak, dono de uma das mais celebradas fitas desta vasta coleção africana. Obaa Sima, sua obra de arte, foi composta em Toronto, enquanto Ata Kak tentava a vida no Canadá nos anos 80. Após gravar na sala de seu apartamento enquanto a mulher trabalhava (ela que comprou boa parte dos equipamentos para seus estúdio caseiro), Ata a enviou a seu irmão em Gana. Seu querido congênito fez algumas cópias, distribuiu em lojas de fitas e rádios e esqueceu o assunto, se esquecendo inclusive de avisar Ata que suas fitas foram sendo copiadas e copiadas até se tornarem um hit gigantesco em Gana.

Obaa Sima é um diamante na extensa coleção de Brian Schimkovitz, hits das pistas around the world. Qualidade tanta que o DJ começou a espalhar cartazes nas ruas, em todos os lugares onde ia, em busca do misterioso gênio criador de Obaa Sima.

Brian finalmente o encontrou morando em Gana. Ata, antes tarde do que nunca, ficou sabendo que um dia fez um gigantesco sucesso. Esa Willians, sul-africano amigo de Brian, montou uma banda para tocar ao vivo os sons de Obaa Sima com o próprio Ata no vocal. Após quatro turnês européias, Ata Kak e sua banda darão um rolezinho na Austrália agora em março.

Antes disso, porém, dá pra curtir esta africanitude toda curtindo o band leader Esa Williams em sua turnê brasileira. Ele toca nesta quinta-feira (22) em São Paulo, na festa Colors, no Jerome (à tarde faz um set no programa Na Manteiga). No dia seguinte, sexta, vai a Cuiabá para a festa Don’t Tell Mama. Sábado é a vez de Curitiba, na Discoteca ODARA e, dia 25, domingão, na Sounds In Da City, em Florianópolis. Só chegar na que estiver mais perto de você.

Conheça parte desta história neste minidoc muito louco da Red Bull Music Academy, Time Bomb.

Colors w/ ESA (Dekmantel) e Residentes
Clube Jerome
Rua Mato Grosso, 398
Quinta, 22, a partir das 23h30
Confirmando presença no evento:
R$ 50 de entrada ou R$ 70 de consumo
Na porta: R$ 70 de entrada ou R$ 90 de consumo

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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