Quando o assunto é música, o Brasil é um berço fecundo de grandes nomes, reconhecido no mundo inteiro por seus talentos, que deixam marcas indeléveis nas obras eruditas e populares. Somos musicais – não há como negar –, e todos que amam música boa, amam alguma música brasileira. Para reconhecer esse talento hereditário e ancestral, no dia 15 de janeiro, é comemorado o Dia Mundial do Compositor.
Conhecimento e valorização
A data teve origem no México, no ano de 1945, quando foi criada a Sociedade de Autores e Compositores do país. Após isso, o restante do mundo adotou também a comemoração, que valoriza as pessoas por trás de tantas obras imortais. Aqui, no Brasil, quem faz esse papel com muita propriedade é a Fundação Nacional das Artes (Funarte), que tem como objetivo preservar a memória de mestres da música brasileira em livros e discos, disponibilizados gratuitamente em seu site.
A música está em toda parte, é nossa natureza musicalizar os sentimentos, “somos feitos de silêncio e som”, como escreveu lindamente Lulu Santos e Nelson Motta. Mas o compositor nem sempre teve e tem a visibilidade que merece. Logo no início da expansão da música erudita na Europa, por exemplo, o intérprete poderia alterar a composição como quisesse e até inserir partes de outras composições. Com o passar do tempo, a música erudita se tornou mais complexa e o compositor, mais valorizado, com mais controle sobre suas obras.
No Brasil, são tantos compositores que imortalizaram sentimentos, talentos vindos de todas as partes da nossa gigante extensão, que não daria para citar todos. Mas podemos destacar alguns que nos ajudam a, apesar dos pesares, nos orgulharmos de sermos brasileiros, pegando carona na composição do maravilhoso Gonzaguinha.
Chiquinha Gonzaga
Uma mulher a mil anos do seu tempo, filha de escrava com um primeiro-tenente, foi rejeitada pela família paterna, mas não esmoreceu e usufruiu de tudo que tinha de melhor na educação burguesa que recebeu. Mais tarde, ganhou um piano do seu então marido e começou um caminho sem volta em sua vida: a composição.
Heitor Villa-Lobos
O nosso tesouro da música erudita! Fundador da Academia Brasileira de Música, aprendeu desde criança a tocar violoncelo, clarinete e saxofone. Gostava de ouvir música clássica, mas tinha muito interesse em ritmos brasileiros. Esse gosto peculiar resultou em uma revolução musical, com ritmos nunca antes experimentados.
Outros grandes nomes também merecem destaque quando o assunto é composição de peso. São eles: Ary Barroso, Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Luiz Gonzaga, Vinicius de Moraes, Lupicínio Rodrigues, Dorival Caymmi, Dona Ivone Lara, Tom Jobim, Tom Zé, Roberto Carlos, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Peninha, Paulinho da Viola, Tim Maia, Chico Buarque, Belchior, Aldir Blanc, Zé Ramalho, Toquinho, Djavan, Rita Lee, Cazuza, Renato Russo, Carlinhos Brown e Lulu Santos. A contribuição de todos esses talentos trouxe para a música brasileira mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria, parafraseando o gênio Peninha.
Todos esses nomes que chegaram antes de nós pavimentaram a trajetória para que novos talentos possam caminhar com mais segurança e tranquilidade no mundo da música, mas esse ainda não é um caminho fácil, que depende apenas de talento. Para não dizer que não falei de flores, o terreno é fértil, mas, para fazer florescer e frutificar, é preciso investimento, que pode vir por meio de um empréstimo pessoal, insistência e determinação, porque, como compôs Geraldo Vandré, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.