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DGTL São Paulo cancela edição de 2025 e pausa operação no Brasil

DGTL São Paulo 2023

DGTL São Paulo 2023. Foto: Pedro Fatore/Divulgação

Justificativa oficial é a impossibilidade de “moldar o evento da maneira que imaginávamos”, mas decisão pode ter passado por polêmica com a KKR

Em anúncio publicado no perfil do Instagram, o DGTL São Paulo confirmou que tomou a “difícil decisão de não avançar com a edição de 2025” e, ainda, está pausando sua presença no Brasil por enquanto. A justificativa é a impossibilidade de moldar o evento da maneira que imaginavam e da maneira que o público merece. Confira:

Vale lembrar das circunstâncias que acercam a marca DGTL. Em 2022, ela passou a fazer parte da Superstruct Entertainment, que, em outubro de 2024, teve sua controladora adquirida pela empresa de investimentos KKR — grupo que financia empresas bélicas israelenses. O Boiler Room, que pertence ao mesmo grupo, cancelou recentemente sua edição em São Paulo devido ao boicote de público e artistas.

Tal situação fez o festival holandês soltar uma declaração sobre propriedade em maio deste ano, na qual explica:

Em 2022, o DGTL passou a fazer parte da Superstruct Entertainment, sob a condição clara de que nossa autonomia criativa e ética permanecesse intacta. Desde então, continuamos a operar de forma independente em nossa programação, parcerias e direção, guiados pelos mesmos pilares centrais que nos moldaram desde o início: música, arte, sustentabilidade e responsabilidade social.

Esses pilares não são slogans. São princípios pelos quais vivemos. Ao longo dos anos, construímos um modelo de festival circular, apoiamos a arte inspiradora e trabalhamos para criar um espaço mais seguro e inclusivo. Esses esforços estão em andamento e a responsabilidade é nossa.

Em outubro de 2024, a controladora da Superstruct foi adquirida pela empresa de investimentos KKR. Não fomos informados com antecedência, nem estivemos envolvidos nesta aquisição.

Desde então, surgiram relatos confiáveis sobre os investimentos antiéticos da KKR, que vão diretamente contra o que defendemos como festival.

Reconhecemos que a mais alta corte do mundo, a Corte Internacional de Justiça, decidiu que Israel está plausivelmente cometendo genocídio em Gaza e praticando apartheid e ocupação contra o povo palestino.

O DGTL não se alinha com os investimentos antiéticos da KKR. Embora não tenhamos influência sobre as decisões tomadas nos mais altos níveis de propriedade, queremos afirmar isso claramente: nenhuma estrutura de propriedade jamais definirá quem somos ou o que defendemos. Nossa direção sempre será moldada por nossos valores.

Estamos com nossa comunidade. Com aqueles que recusam o silêncio. Continuaremos construindo um festival que questiona, conecta e abre espaço para a mudança.

Dias depois, a marca expressou sua insatisfação com a KKR e a Superstruct, anunciando o compromisso de que todos os lucros do DGTL e de outros festivais dentro da Superstruct não seriam repassados para os investidores, mas utilizados para apoiar o desenvolvimento dos próprios eventos — e afirmando estar trabalhando na implementação prática disso.

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