Debbie Harry Debbie Harry – foto: divulgação

Debbie Harry, líder do Blondie, lança autobiografia e conta sua história com a banda, os filmes e as drogas

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Debbie Harry, um dos maíores ícones do punk, lança a auto biografia Face to Face. Edição em português já está disponível, pela editora Alta Books

Assim como acontece em diversos outros gêneros musicais, a presença das mulheres no epicentro criativo e revolucionário sempre esteve presente. Em alguns momentos históricos, seu protagonismo foi mais ou menos reprimido pelos biógrafos. Estes, sim, majoritariamente homens.

Relendo os textos descritivos dos bastidores musicais, vemos muitas vezes as artistas retratadas como “a mulher de fulano”, a groupie apaixonada, a interesseira, ou o objeto sexual.

O início do punk, na metade dos anos 70 em Nova Iorque, é um momento preciso para esta discussão. Das bandas que se apresentavam no atolado CBGB, com exceção dos Ramones e Television, todas tinham mulheres, e na linha de frente. Patti Smith era a grande profeta, Velvet Underground se uniu a Nico, o Talking Heads tinha Tina Weymouth e o Blondie… o Blondie tinha Debbie Harry.

Debbie Harry no carro lendo jornal

Debbie – foto: Chris Stein

A devastação que Patti Smith Causou na racionalidade punk durante sua gênese encontrou espelho no lado coração de Debbie Harry. Subversora, talentosa, cara de pau… punk! Debbie deu forma e conteúdo a um exército de jovens que buscavam intensidade e urgência.

 

 

Extremamente bela, Debbie passava longe do estereótipo da roqueira sexy que sequestou, a contragosto, bandas como Runnaways e Heart, por exemplo. Se puxarmos pela memória imagens da cantora, certamente as que primeiro nos vem a mente são as de backstage, suada, de pupilas dilatadas, abraçada a pares geniais como Iggy Pop ou Siouxie.

Blondie começou sua carreira com o pé fora do punk, alcançando a escada da New Wave antes que qualquer um percebesse. Sua presença, de “rainha informal”, se estabeleceu de forma que o pernilongo do machismo tivesse de voar no escuro. Debbie era imcoprimível. Inapequenável. Bixo solto, mesmo.

A editora Alta Books acaba de lançar no Brasil a edição em português de Face to Face, autobiografia de Debbie Harry que passa a limpo sua incrível história. Debbie não só participou do nascimento do punk como também expandiu seus limites já em seus primeiros dias de vida.  Atuou em dezenas de filmes, bancou a cena do free jazz americano e nunca fugiu do ativismo político. Tudo isso enquanto lutava contra o vício em heroína que compartilhava com seu marido, Chris Stein, cofundador do Blondie.

“Eu estava brincando com a ideia de ser uma mulher muito feminina liderando uma banda de rock masculina em um cenário extremamente machão.”

capa do livro Face to Face - Debbie Harry

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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