[vc_row fullwidth=”false”][vc_column width=”1/2″]Em 16 de janeiro último, encontrei um artigo publicado neste portal que falava de 30 discos emblemáticos da música eletrônica brasileira. Minha emoção ao ler a matéria foi grande. Apesar de não falar português, a proximidade da língua fez com que eu pudesse compreender algumas coisas.[/vc_column][vc_column width=”1/2″]
Encontrar disco, house, techno, minimal e outras tendências eletrônicas do Brasil me fizeram entrar em contato novamente com a Claudia Assef.
Eu a conheci em 2004 quando trabalhamos durante mais de um ano num projeto chamado Nokia Trends. Eu, na Colômbia, ela, no Brasil. Uma dessas histórias tão divertidas quanto complexas que já fazem parte da memória. Ela foi minha editora e traduziu muitos de meus artigos e textos naquela época.
Também tive a oportunidade de conhecê-la em São Paulo em 2004 me lembro de falarmos de artistas que nós dois gostávamos ou queríamos ver. Mas sempre chegávamos a um ponto; ambos concordávamos que os países de língua hispânica não conhecem a história da música eletrônica brasileira. E o Brasil tampouco conhece muito da produção eletrônica que é produzida do México até a Argentina.
Quem podemos culpar? O idioma? Os veículos de comunicação? Os promoters? Os agentes culturais? O mercado? Somos todos culpados ou todos inocentes?
Com certeza, se perguntamos a algum fã de música eletrônica quais são seus DJs ou artistas favoritos surgirão muitas respostas. Mas estou seguro de que se referirão a artistas dos EUA, Inglaterra, Alemanha, Canadá, França, Itália, Suécia ou qualquer outro país do chamado primeiro mundo. E se perguntarmos a essa mesma pessoa se ela seria capaz de citar nomes de artistas eletrônicos dos países latino-americanos, capaz de ela não conseguir chegar a 10 nomes, 20 então nem pensar.
Claro! Conseguir discos de Chemical Brothers, David Guetta, Kraftwerk seja em Bogotá, Lima, Santiago, São Paolo, Rio, Buenos Aires, Cidade do México ou Montevidéu é bem fácil. Quero ver encontrar produções eletrônicas de artistas de nossos países vizinhos.
Mas felizmente existem algumas iniciativas têm feito um esforço para mudar esse cenário. Claudia faz isso através de seu portal, e eu vou lançar uma página para publicar discografias eletrônicas latino-americanas que estejam perdidas ou sejam bem pouco conhecidas do público.
Por isso ao encontrar o artigo sobre os 30 discos de eletrônica do Brasil, disse à Claudia que poderia fazer algo parecido com artistas da América Latina. E aqui está a lista de 50 bons discos feitos na Argentina, Colômbia, Chile,
México, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Por anos, compilei essas produções. Encontrá-las pela internet não é algo fácil, pois muitas não estão disponíveis em portais de streaming ou compra de MP3. Trata-se de uma seleção arbitrária e não definitiva, montada com muita pesquisa aqui de Bogotá, Colômbia, com discos lançados entre 1996 e 2016. Para mais informações, não deixem de me escrever pelo email jeplata@gmail.com.
1. Plan V: Hábitat Individual: (1996) Chile – Argentina
Este disco nos mostra o já falecido cantor e músico argentino Gustavo Cerati junto com outros três chilenos, Andrés Bucci, Cristian Powditch e Guillermo Ugarte, fazendo uma jam eletrônica que nos faz sentir como se estivéssemos ouvindo um disco do Underworld ou de algum projeto de techno dos anos 90.
2. Sidestepper: Southern Star (1997) Inglaterra – Colômbia
Richard Blair é um produtor britânico que trabalou com Peter Gabriel nos estúdios Real World. Em uma dessas gravações, conheceu a colombiana Totó la Momposina. Ela o convidou a ir a Colômbia de férias por dois meses e ele acabou ficando por 23 anos. Nesse tempo fizeram uma mescla de salsa com beats e drum’n’bass.
3. Gonzalo Martínez y sus Congas Pensantes (1997) – Chile
Jorge González y Martin Schompf (Dandy Jack) realizaram um disco de cumbias electrônicas em 1997; um disco que se adiantou a fenômenos atuais. Convida a aproveitar a vida e dançar.
4. Artefakto: Interruptor (1997) – México
Antes de o mundo conhecer o som de Nortec, existiu um projeto de Tijuana chamado Artefakto. Espere ouvir um som sintético, EBM e sinistro neste registro.
5. Daniel Melero: Tecno (1999) – Argentina
Daniel Melero é um artista argentino que conseguiu trabalhar com música eletrônica por mais de três décadas. Mas sua alma roqueira é o que mais o define. Em 1999, enquanto a Internet crescia, ele fez este disco eletrônico com software baixado livremente da rede.
6. Ocio Medida Universal (1999) – Argentina
Um disco culto. De novo Cerati, mas desta vez acompanhado de um de seus maiores parceiros, Flavio Etcheto. Um disco que traz tracks de minimal e ambient que são um reflexo daquilo que em Berlim ou Colônia estavam surgindo através de selos como Max Ernst ou Chain Reaction.
7. Babasónicos: Babasónica Electrónica (2000) – Argentina
Um lendário grupo de rock, mas desta vez remixado por diferentes artistas e produtores da Argentina. Babasónicos sempre teve boas relações com produtores e DJs, tendo vários discos de remixes lançados ao longo de sua carreira.
8. Nortec Collective: Tijuana Sessions (2001) – México
Um disco que nos apresentou a consolidação do movimento Nortec. Um movimento nascido em Tijuana que nos apresenta a integração sonora dos beats e das programações com sons da banda do Norte do México.
9. Gotan Project: La revancha del tango (2001) – Argentina/França/Suíça
Dizem que as melhores coletâneas de música brasileira são feitas no estrangeiro; e que existe mais tango em Paris do que em Buenos Aires. Logo no início do milênio apareceu esse projeto de um argentino, um francês e um suíço fazendo tango para novas plateias.
10. Radio Zumbido: Los últimos días del AM (2002) – Guatemala
Não é tão comum conhecer o que se passa musicalmente na América Central. Depois de muito fuçar, encontrei essa espécie de colagem sonora feita por Juan Carlos Barrios, que atualmente vive em Barcelona.
11. Mambotur: Atina Latino (2002) – Chile/Venezuela
Uma deliciosa e divertida união de cumbia, mambo e salsa com beats. Feito por Argenis Brito, que foi a voz do Señor Coconut em seu início, e Andrés Bucci,um dos artistas chilenos de música eletrônica radicados em Berlim, onde trabalha há muitos anos.
12. Canu: Corriente de aire (2002) – Argentina
Canu é um músico de Mar del Plata, uma cidade argentina com uma cena bem interessante. Para quem curte house, este é um disco que precisa ser ouvido!
13. Murcof: Martes (2002) – México
Fernando Corona lançou este disco em 2002, quando começava a história de um selo chamado Static Discos. Música eletrônica que não pode ser chamada de outro gênero que não avançada.
14. Ciëlo: Un amor mató el futuro (2003) – Peru
Nos anos 90, a Espanha teve a oportunidade de desfrutar do Silvania, um projeto de eletrônica e shoegaze que nunca foi lançado na América Latina. Depois dessa experiência, teve início o projeto que nos mostrou electropop com letras românticas para um novo milênio.
15. Ricardo Villalobos: Alcachofa (2003) – Chile
Um dos discos chave deste novo milênio. A prova do talento e esforço de Ricardo Villalobos, mas também de sua enorme adoração por clubes, festas e pela noite em si.
16. Simón Díaz: Remixes (2006) – Venezuela
Um álbum interessante que nos permite ter canções clássicas do compositor venezuelano com remixes de bons produtores daquele país.
17. Miki González: Inka Beats Iskay (2006) – Peru
Projeto que nos mostra o lendário roqueiro Miki González lançando mão da música ancestral para lhe possibilitar chegar a novas audiências, através da música eletrônica.
18. Novalima: Coba Coba (2008) – Peru
Lima e seu ritmos, provando a possibilidade de unir a afroperuanidade com beats de house music.
19. Bomba Estéreo: Estalla (2009) – Colômbia
Bomba Estéreo, o grande projeto colombiano do qual o mundo já se enamorou. Este disco de 2009 mostra a super banda no início de sua carreira, agora globalizada.
20. Systema Solar: Systema Solar (2009) – Colômbia
Outro projeto colombiano de exportaçnao. Diversão, humor e techno com ritmos colombianos.
21. Rita Indiana y Los Misterios: El Juidero (2010) – República Dominicana
O pequeno país da República Dominicana vem há décadas mostrando seu famoso merengue. Neste disco, Rita Indiana nos presenteou com os melhores sons deste trópico distante, alegre, mas também um tanto sinistro.
22. Estados Alterados: Romances Científicos (2010) – Colômbia
Disco do lendário projeto de electrorock colombiano, que retornou depois de estar ausente do mercado musical por longos 15 anos.
23. Toy Selectah: Mex Machine Ep (2011) – México
Toy Selectah é um dos personagens mais reconhecidos do México por sua capacidade de produzir, selecionar e difundir música. Gestor de diversos projetos, também reservou um tempo para se dedicar a sua própria música.
24. Theremyn_4: Fiction Beats (2011) – Peru
Um dos projetos mais longevos do Peru, Theremyn_4 explorou sons para a pista de dança que vão da house ao techno, passando pelo big beat.
25. Astro: Astro (2011) – Chile
O Chile exportou grandes talentos na última década; esta banda em particular tem feito uma mistura perfeita de pop, eletrônica e psicodelia.
26. Campo: Campo (2012) – Uruguai
O Uruguai pode ser um país pequeno, mas transborda talento. Juan Campodónico nos brinca com uma bela dose de techno criollo com cumbia e house nesse disco de 2012.
27. LPZ: Benedict and Grace (2012) – Paraguai
De Assunção, Paraguai, emana este belo disco de house music, um verdadeiro tesouro bem escondido. Uma arma poderosa para pistas de dança exigentes.
28. La Yegrós: Viene de mi (2013) – Argentina
Este projeto faz parte da expansão que saiu de Buenos Aires através do selo ZZK, o mesmo das conhecidas festas Zizek, de cumbia e sons mestiços. La Yegrós é sobretudo um som de folclore eletrônico do novo século.
29. Mariel Mariel: Foto pa ti (2013) – Chile
Esta chilena radicada na Cidade do México chegou para ensinar a todos que é o dembow, o som latino quebrado que conversa com o global bass.
Mariel Mariel – Toque Y Rol (2016)
30. Armada Fania: Vários Artistas (2013)
O Brasil tem lendas como Caetano, Chico, Os Mutantes, Nara Leão, Elis Regina. Mas a América Latina tem alguns heróis, que são os artistas da Fania All Stars. Salsa e ritmos latinos dos anos 60, 70 e 80 que viraram hinos estão aqui em versões remixadas.
31. Changa Tuki Classics (2013) – Venezuela
Os bairros de periferia de Caracas serviram de impulso para a um tipo de música rejeitado por muita gente, mas que sem dúvida cumpre uma missão importante, assim como a champeta do México ou a cumbia.
32. Los Macuanos: El Origen (2013) – México
Um exemplo de das gerações mais recentes do México. Saído de Tijuana, Los Macuanos fazem o que ficou conhecido como ruidoson, uma mistura de música eletrônica com sonoridades latinas e quebradas.
33. Oval: Voa (2013) – Alemanha/América do Sul
Um disco gravado no Brasil que contou com o trabalho do alemão Markus Popp ao lado de cantores de diferentes países da América do Sul.
34. Arca: Xen (2014) – Venezuela
Aos 24 anos, o venezuelano Alejandro Ghersi já tinha no seu currículo trabalhos com Kanye West e Björk, e este álbum é uma amostra clara do quanto esse rapaz está anos luz a frente de seu tempo.
Arca – Xen
35. Chancha Vía Circuito: Amansara (2014) – Argentina
Pedro Canale é outro personagem que tem buscado nas raízes de seu país uma base mítica para criar seu trabalho, foi o que o projetou na música eletrônica.
Chancha Via Circuito @ Boiler Room (2014)
36. Daniel Grau – The Magic Sound of Daniel Grau (2014) – Venezuela
Daniel Grau é um produtor venezuelano que lançou discos entre 1974 e 1983. Quatro décadas depois, o grupo Jazzanova, com a ajuda do DJ venezuelano Andrés Astorga (Trujillo), resgatou e compilou a música de Grau para as novas gerações. Prova de que nem toda a space disco vem a Escandinávia.
37. Peru Bleeps (2015) – Peru
Esta compilação nos dá pistas para entender o Peru desta década, com cumbia, ritmos quebrados, e mais cumbia ainda.
38. Pirotecnia Vol 1. (2015) – Chile
Lançamento do DJ Raff, um lendário produtor e DJ chileno, que neste disco compilou novos talentos da música eletrônica de seu país em seu novo selo.
39. Rionegro: Rionegro (2015) – Chile/Colombia
Matías Aguayo é um chileno que tem estrada. Como integrante do Closer Musik e também como artista solo fez da música eletrônica o seu caminho. Assim que passou a fazer parte do casting do selo alemão Kompakt, também fundou seu próprio selo, Cómeme. De sua experiência e viagens, fez este novo projeto com vários produtores colombianos, que resultou no som cheio de electrolatinidades que você ouve neste disco.
40. Leandro Fresco: El reino invisible (2015) – Argentina
Leandro é outro lendário personagem que está fazendo música há duas décadas. Fã de ambient, ano passado ele lançou este disco.
41. Marciano: Polarizado (2002) – Chile
A dupla formada por Sergio Lagos e Rodrigo Castro tem sido prolífica. Há quase duas décadas de dedidacação ao minimal, ao techno e à house, eles foram um dos primeiros artistas latino-americanos a se apresentar no festival espanhol Sónar.
42. Entre Rios: Sal (2003) – Argentina
Por trás desse projeto, encontramos um dos processos criativos mais dedicados à difusão do som independente. Em 2003, Sebastián Carrera comandava um selo independente chamado Índice Virgen. E assim como tinha fôlego para o selo, tinha forças para fazer seu pop eletrônico e melancólico, como se ouve neste disco.
43. Purdy Rocks: Rock my ass (2004) – Chile
Catherina Purdy é uma artista plástica, produtora e performer chilena que adentrou o universo da música de forma muito bem-sucedida. Sua incursão pelo electro é uma delícia.
44. Flavius: Conjunción (2005) – Argentina
Dentro do universo da música eletrônica, Flavius já foi aluno e professor. Fez da linguagem eletrônica mais do que uma possibilidade, uma necessidade. Um disco que já tem mais de dez anos, mas continua cada vez mais atual.
45. Javiera Mena: Esquemas Juveniles (2006) – Chile
Javiera Mena lançou este álbum em 2006, resumindo sua paixão pelo pop, a eletrônica e o rock indie.
6. Recopilación ZZK Vol 2 (2009)
As festas Zizek, de Buenos Aires, reuniam produtores jovens que trabalhavam em seus quartos e haviam encontrado um novo código dentro da cumbia digital. Essa compilação traz uma amostra desse fenômeno, expandido por um selo fonográfico, turnês e discos.
47. Barem: After the storm (2011) – Argentina
O melhor do som minimal produzido por um argentino que passou a integrar o time do selo M_nus. Barem é hoje um dos maiores expoentes do som eletrônico produzido na terra de Gardel.
48. Mitú: Potro (2012) – Colômbia
Sangue novo na produção colombiana, Mitú combina tradição com uma linguagem sonora do século XXI.
49. Dengue Dengue Dengue: La Alianza Profana (2012) – Peru
Lima se transformou em um dos lugares e pontos chave para se decifrar o que tem sido feito na música eletrônica no continente. Aqui está um desses exemplos. Chame de cumbia digital ou pós-digital, mas ainda assim é cumbia.
50. The Wookies: Darkoteca (2015) – México
O México nunca deixou de produzir boa música eletrônica. Aqui está uma das provas disso. Música de qualidade para encher pistas de dança.