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De Joakim a Duran Duran, relembre 20 artistas gringos que já fizeram música inspirada no Brasil

Brasil

Imagem: Reprodução

Joakim lançou uma track inspirada em Boipeba, e essa foi a desculpa para um Top 20 de faixas que capturam as nuances musicais do Brasil

Terra do samba, do futebol, do verão e de milhares de quilômetros de praia. Terra da floresta, de grandes cidades urbanas também, de belezas naturais, da miscigenação europa-áfrica-índio. O Brasil é um caldeirão cultural, folclórico e temperado de referências e magias para os gringos surtarem e criarem música inspirada ou temática sobre a gente.

Saiu agora mais um lançamento de música eletrônica inspirado numa especificidade brasileira: a vivência do DJ e produtor francês Joakim em Boipeba/BA, na festa Mareh. Essa novidade puxa o Top 20 abaixo de “brasileirices” musicais para inglês ver — e dançar.

Joakim – Boipeba

Joakim nos contou no Marisco Festival como sua viagem e gig no Réveillon da Mareh, em Boipeba/BA, instigou sensações positivas e inspiradoras de sua relação com a música e o mundo. Fruto disso é a track Boipeba, lançada pelo selo da Mareh, que traz em vinil duas versões de uma Bahia delicadamente groovy e fraseada na percussão. Já à venda!

Alexander Kowalski – Belo Horizonte

Terra da família Noise, de clubes e festas históricas do techno, BH tem cristalizada sua relevância no gênero com essa track de Alexander Kowalski, destaque desse som na virada do século XX para o XXI. A Belo Horizonte dele é veloz, pulsante, cheia de efeitos hipnóticos, saborosos — nada de “come quieto” aqui! O remix de Heiko Laux vale o play também.

Ninos du Brasil – Novos Mistérios

Essa dupla italiana de noise-tech não fez uma música ou disco inspirada no Brasil — eles inspiraram todo o projeto nas “matas sombrias” do nosso país. Espere muita percussividade, vocais acid house, cowbells e cuícas assombradas. E se você gostou desse folclore-techno brazuca, confira o álbum Novos Mistérios, de 2014.

Andrés – Salvador de Bahia

Até os figuras de Detroit musicaram a brasilidade. Andrés criou uma Salvador macia, low bpm, simpática e cheia de good vibes, num repique que está mais para Rio de Janeiro circa 1966 do que para Olodum do Pelô. Não deixa de ser bonita para seu warm-up ou para uma mixtape de verão.

A Certain Ratio – Brazilia

Nada menos brasileiro-folclórico do que o pós-punk. Não que as cenas urbanas brasileiras não tenham distorcido a música alternativa e combativa da época (essa coletânea ilustra bem isso), mas soa curioso uma das bandas proeminentes do epicentro do gênero (A Certain Ratio, de Manchester, Inglaterra) tacar pianos de mambo para ilustrar uma Brazilia.

Roman Flügel – Brasil

Essa “sofisticação” da brasilidade musical, algo que talvez venha do bom acabamento e rigor da bossa nova, respingou até no minimal techno de nossos tempos, nesse EP Brasil que o alemão Roman Flügel lançou em 2011. O chimbau é bem delineado e o repique carnavalesco é bem transmutado em twirls dançantes e doidos, mas ainda “finos”.

Jean-Jacques Perrey – Gipsy in Rio

Músico francês pioneiro da música synth, Jean-Jacques Perrey está eternizado por ter composto o tema de abertura da série Chaves. Lá em 1968, música de sintetizador era um treco tão esquisito que ornava bem com outras observações também exóticas dos países do terceiro mundo, como um cortiço mexicano ou a curiosa saga de uma cigana no Rio de Janeiro.

Barry Manilow – Copacabana

Diz-se que esse clássico da música soft nasceu das visitas de Barry Manilow ao Rio, mas a tal Copacabana da música é um bar em Havana, em Cuba. Fato é que há dezenas de bodegas com nomes inspirados no Rio e em outras delícias brasileiras mundo afora. É justamente essa charmosa breguice boêmio-romântica que esse sucesso de 1978 sintetiza tão bem em clima disco.

Violent Femmes – Jesus of Rio

A divertida banda de rock americana Violent Femmes criou essa pequena prece com ares de cabaré e de musical da Broadway em 1994. O protagonista e sua acompanhante brasileira bebem observando e celebrando as discrepâncias entre o Norte rico e o Sul pobre, tudo sob as bençãos do Cristo Redentor.

James Taylor – Only a Dream in Rio

James Taylor, herói dos primeiros Rock in Rio, criou esse clássico da Antena 1 contando como o Rio de Janeiro é inspirador e propício aos sonhos, o que não deixa de ser verdade. Tudo fica mais bonito com o tempero nacional de Milton Nascimento no backing vocal da apresentação.

Chic – São Paulo

Okay, chega de Rio de Janeiro, pois resumir o Brasil às delícias da cidade maravilhosa é um clichê. Nile Rodgers e o Chic concordam com isso, e em 1978 lançaram uma música-tema paulistana bem smooth e bonita, cheia de flautas, a cara de um rolê bacana por Sampa by night.

Morcheeba – São Paulo

Engraçado como o grupo de trip-hop Morcheeba homenageou São Paulo falando mal dos problemas da cidade, como bem se denota nessa entrevista de 2002. O refrão é meloso e irônico, a moça falando que se beber mais vai morrer, porque a cidade é assim. SP não é para os fracos.

Flying Lotus – São Paulo

São Paulo talvez combine, então, com essa track instrumental de Flying Lotus, de seu primeiro LP (1983, de 2006): tensa, porém rica em detalhes, contínua, persistente, rica de construções bem-pensadas. Mais noturna do que diurna e ensolarada.

Yes Wizard – Ubatuba

A 200 km da capital paulista, Ubatuba é destino de lindas praias, montanhas e muito trânsito no Réveillon. A cidade também é tema de um minimal sombrio e percussivo desse produtor Yes Wizard, que já lançou por selos como Tigersushi, é tocado por gente como Ewan Pearson e Joakim, mas ninguém sabe quem é. Ele diz ser de… Ubatuba.

Kenny Dope – Brazilica

Na house latina do Masters at Work, Kenny Dope lançou estudos de música brasileira. Brazilica é um samba tenso, com o breque na expectativa de sempre ser puxado, que nunca explode e só cresce em ritmo e envolvência, puro Carnaval. A faixa é de 2000, e em 2004 ele lançou um cd-mix Brazilika, com Marcos Valle, bateção de latas e afins.

Gold Panda – Brazil

Efeitos e percussões assimétricas, distorcidos e irritantes, sob uma cama de eletrônica synth grandiosa à la Chemical Brothers. Por cima, vozes repetem “Brazil” à exaustão. O Gold Panda fez o Brasil techno mais sem muito nem pé e cabeça e nada folclórico dos últimos anos.

Isolée – brazil.com/Floripa

O Isolée já tocou por aqui, e suas viagens por nossas cidades viraram música. Em 2003, ele já tinha lançado uma brasil.com, talvez prevendo nossa proeminências em comments da Internet? Rs. Floripa saiu ano passado pela Pampa (de DJ Koze), misturando animação e alguma melancolia. Tipo pegar praia em Floripa no inverno, aquela água gelada…

Mike Simonetti – Bossa Nova Civic Club Bootleg

Belo DJ e ótimo produtor, Mike Simonetti largou o Italians do It Better, que virou indie, e lançou seu selo 2MR, pelo qual saíram pérolas recentes como Pale Blue. Um dos releases do selo é esse edit de Magalenha, do Sérgio Mendes, com a letra picotada e o batuque brasileiro acelerado na velocidade do techno. Tem tocado muito por aí.

Duran Duran – Rio

A faixa-título de um dos LPs de maior sucesso do Duran Duran, Rio teve o clipe gravado no Caribe, mas em entrevistas biográficas a banda já contou que o álbum se inspirou no clima festivo da cidade carioca. O tipo de paraíso cheio de mulheres lindas que os yuppies do synth-pop oitentista amavam.

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