“Dawn of Chromatica” vai além de acrescentar camadas no já bem-sucedido disco Chromatica (2020). O álbum de remix levanta o sarrafo e ilumina a nova linha de artistas.
Lançado no começo do mês, no dia 3, o álbum de remix “Dawn of Chromatica” apresenta releituras das faixas já conhecidas, com exceção dos interlúdios (I, II e III), e quebra a barreira do som do universo construído desde 2008 por Lady Gaga. Big Bang que a música pop e eletrônica precisava presenciar.
Com produção executiva de BloodPop, a coletânea de remix se ilustra fora das quatro linhas do óbvio, com o timaço composto por LSDXOXO, COUCOU CHLOE, ARCA, RINA SAWAYAMA, CLARECE CLARIT, CHARLI XCX, A.G. COOK, ASHNIKKO, SHYGIRL, MURA MASA, DOSS, DORIAN ELECTRA, CHESTER LOCKHART, MOOD KILLER, LIL TEXAS, PLANNINGTOROCK, BREE RUNWAY, JIMMY EDGAR e a ilustríssima & drag queen & brasileira, a gigante Pabllo Vittar, que comenta como foi participar desse projeto:
“Fazer parte de um projeto tão fantástico como este é, sem dúvidas, uma honra! Gaga sempre foi uma das minhas artistas favoritas e uma enorme inspiração para mim. Estar ao lado dela nesse projeto é um grande marco para mim! Estou muito feliz com este lançamento e de poder trazer um pouco mais da nossa brasilidade para o ‘Chromatica’”, conta a drag que levou a música brega para o mundo. A roupagem que Pabllo vestiu a canção Fun Tonight recebeu críticas positivas até de veículos mais exigentes da música, a Pitchfork afirma: “A versão alegre de “Fun Tonight” por Pabllo Vittar convoca os primeiros flertes de Gaga com a música latina junto com uma linha de sax digna de Clarence Clemons; também faz uma das canções mais tristes da memória recente soar como uma feira de rua brasileira ensolarada, uma dissonância atraente”, se destacando dentro do álbum.
Dawn of Chromatica funciona na margens do absurdo, curioso e imprevisível. Os convidados de BloodPop e Gaga, apesar de não tão conhecidos pela enorme maioria, são figuras expoentes da música “underground” dessa nova era, que deixou as guitarras de lado – nem tanto-, mas não a singularidade e senso visionário apuradíssimo. Entre “falhas propositais”, ironias, exagero e os ‘bilhões’ de camadas e transições sonoras, a produção serviu para nos mostrar que o mundo da música continua em transformação, abrindo caminhos para estilos musicais furiosos e super ansioso, como o Hyper Pop tão presente neste trabalho.
Obra que manifesta pouco de Lady, mas muito de Gaga. Passe de alto nível para essa juventude queer e fantástica que, de uma forma ou de outra, ela conseguiu formar.