Sexy, divertida e carismática, frontwoman do grupo britânico faleceu aos 52 anos
“A música é para os amantes, então vamos nessa!”, provocava Danielle Moore ao anunciar, no palco, a próxima canção do Crazy P Soundsystem, criado em 1995 pelos DJs Chris Todd e Jim Baron. Sua música virou febre na retomada da disco music nas pistas mais descoladas do planeta durante as primeiras décadas deste sofrido século, rebatizada de nu disco, space disco e afins.
Sexy, divertida e carismática, Moore era responsável não só pelos vocais das apresentações, mas também pela função de frontwoman, conectando banda e plateia a cada som. “Performance é tudo. Quando estou no palco, sinto como se entrasse em meu alter ego, capaz de assumir qualquer faceta. É muito empoderador pular para fora de meu ‘eu’ vulnerável”, disse a cantora, em uma citação do release de imprensa do Crazy P.
Esta viagem para fora de si, proposta por Moore, vai ficar somente na memória de quem a viu no palco. Na última sexta-feira (30), citando “circunstancias repentinas e trágicas”, o grupo comunicou a morte da cantora, aos 52 anos de idade.
Danielle Moore era cria de Manchester. Mais especificamente, das pistas do lendário Haçienda, clube que frequentava e onde aprendeu tudo o que a música eletrônica pode extrair de melhor na pista de dança. Difícil imaginar o Crazy P sem Moore no comando dos microfones. Muito além do hedonismo, a cantora usou do protagonismo construído em mais de 20 anos à frente do grupo para tentar mudar o mundo. Foi se tornando cada vez mais engajada e política, inclusive nas letras que escrevia. Foi criando para dividir com o público um pouco da sua própria vulnerabilidade.
Lançado em 2019, o último álbum do projeto foi batizado de “Age Of The Ego” (“A Era do Ego”). Para Moore, a situação atual do planeta em que vivia não permitia mais separar o que somos dentro e fora do palco.
“Não podemos acreditar na notícia e sabemos que vocês todos também não. Ela nos deu tanto e nós a amamos muito. Nossos corações estão partidos. Precisamos de tempo para processar o que acaba de acontecer. Danielle viveu uma vida guiada pelo amor, a compaixão, a comunhão e a música. Ela viveu a maior das vidas. Vamos sentir sua falta, do fundo de nossos corações”, declararam Todd e Baron, ao comentar sua morte.