Vermelho Wonder Vermelho Wonder – foto: Pedro Pinho / divulgação

Conversamos com Vermelho Wonder sobre a carreira e a apresentação no Festival Não Existe, que será transmitido diretamente da Oca em São Paulo

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Festival Não Existe, transmitido diretamente da Oca, trará 12 horas de programação com artistas pioneiros e revelações do cenário eletrônico brasileiro.

A São Paulo cinzenta, concreta e caótica que povoa o dia a dia de seus habitantes e o imaginário dos que vivem em outras metrópoles,  ganhará um festival diferente no final do mês de maio.  Um festival que “ainda”, não existe.

A capital mais cosmopolita do país, “com mil chaminés e carros custeados à prestação” (Tom Zé, São São Paulo), também é celeiro de um seleto grupo de coletivos que conseguiram interpretar seus códigos, ocupar a cidade e construir um cenário festeiro único. Urbano, artístico e provocador.

A Gop Tun, que no ano que vem completa 10 anos de vida, é um do mais produtivos coletivos desta turma de produtores de festa de uma geração de ouro para a cidade.  O núcleo já produziu eventos em São Paulo e na Bahia, além de serem os responsáveis pela vinda ao Brasil do festival holandês Dekmantel, um dos mais inovadores do planeta. É deles a assinatura do Festival Não Existe, que acontecerá dias 27 e 28 de maio de forma online, com apresentações ao vivo transmitidas gratuitamente diretamente da Oca, no Parque do Ibirapuera.

“Festival não existe. Não tem como existir. De repente, o mundo que conhecíamos se foi e no tal do “novo normal” não cabe festa. Festival não existe. Mas arte sim. A arte resiste. Subsiste. Pulsa, não importa o quê. E, por causa disso, o Festival Não Existe existe”. – define o website oficial do evento.

O Não Existe contará com atrações que vão desde o pioneiro dos sintetizadores Arthur Joly até artistas que despontaram recentemente e já se consolidaram no cenário eletrônico, como Rakta e Badsista.

 

O Music Non Stop conversou com a dupla Vermelho Wonder, formada pelo DJ Marcio Vermelho e por Ivana Wonder, alter ego performer de Vitor Ivanon.

Music Non Stop: Vamos começar falando do festival… Depois de uma temporada de eventos transmitidos de casa, o festival em que vocês tocarão será transmitido da Oca, um cenário para lá de conectado com a música de vocês. Como estão as expectativas e o que podemos esperar desta apresentação?

Márcio Vermelho e Ivana Wonder: Estamos empolgados, esse vai ser o nosso primeiro show desde o início da quarentena. Durante todo esse tempo de confinamento continuamos escrevendo, compondo e gravando, preferimos esperar a ocasião especial para uma apresentação. Preparamos um show com músicas recém lançadas, uma inédita e alguns hits do nosso repertório.

MNS: Dá para imaginar também, que esta transição gere uma espécie de ‘contagem regressiva’ para a volta das apresentações presenciais. Como este momento de distanciamento do público – pelo menos fisicamente – alterou a música e a mensagem do trabalho de vocês?

VW: Sem dúvida as nossas últimas músicas estão menos “dance” e as letras mais intensas que o usual. Foi um processo natural, vivendo tempos de isolamento, nossas inspirações vieram de outros lugares que não as pistas, fomos nos levando muito mais pelos sentimentos, desejos, e angústias. As nossas letras sempre tiveram uma dramaticidade e, sem dúvida, as nossas últimas composições estão mais fortes nesse sentido.

MNS: O momento atual fez com que a maioria dos artistas se refugiasse no trabalho, na produção. A falta de experiências de vida, de relações e de movimento não provoca um esgotamento na criatividade?

VW: Vivemos uma montanha russa de sentimentos e inspirações durante estes tempos estranhos. Acho que a sensação de estarmos no limite, vivendo essa situação completamente fora do normal, cheia de insegurança, medo, tristeza, raiva e também esperança, traz novos ângulos ao processo criativo e na maneira de viver de forma geral. O que obviamente em algum momento nos cansa, quase esgota, mas é um momento que passa. Pra nós sempre foi muito importante dar o tempo que o processo criativo precisa, seja ele mais fluido ou mais moroso. Obviamente a falta de contato com outras pessoas interfere no nosso processo de criação. Foi preciso olhar para outros elementos, mudar o foco do que desejávamos falar com as nossas músicas.

MNS: Como surgiu a ideia de trabalharem juntos?

VW: Não foi nada muito planejado, surgiu naturalmente, quando estreitamos a nossa conexão musical foi sinergia pura. Desde o início fazemos encontros para ouvir música, trocar referências, compartilhar ideias e criar. Quando nos demos conta, já tínhamos várias músicas prontas e milhões de ideias.

MNS: Quais os planos de vocês para o futuro próximo? lançamentos programados, novidades, disrupções…. 

VW: Estamos preparando um show/performance bem especial e diferente de tudo que já fizemos. Além disso tem dois videoclipes a caminho e um novo EP pela Gop Tun.

Soundcloud     Instagram

 

Festival Não Existe

Serviço:
A programação completa está disponível no site

Transmissão nos dias 27 e 28 de maio pelo canal da Gop Tun 
Classificação indicativa: 16 anos
Grátis

 

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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