Trazendo referências dos anos 80 e 90 em suas produções, From House To Disco é uma dupla que ganha cada vez mais espaço na cena do house nacional, e que acaba de lançar o EP “Electr.Ode” pela Massa Records, dos icônicos Renato Cohen e Fernando Moreno.
Batemos um papo com Lívia e Bruna, integrantes do duo From House to Disco, que compartilham um pouco sobre como trazem referências tão nostálgicas em suas produções e, ainda assim, conseguem inovar. O projeto, que agora faz parte da agência SmartBiz, fala um pouco sobre suas experiências tocando em grandes eventos, e como mantém a constância de ideias em suas músicas.
Sobre “Electr.Ode”, o EP conta com uma participação muito especial. Estamos falando de um amigo da dupla, além de um grande DJ e produtor nacional: Benjamin Ferreira, que fez o remix de uma das faixas e que, obviamente, não ficou de fora dessa entrevista, contando um pouco sobre essa parceria com as meninas, além dos próximos planos de sua carreira. Confira!
MNS: Olá Lívia e Bruna, sejam bem-vindas ao MNS! Vocês acabaram de lançar o EP “Electr.Ode”… ele representa algo especial para vocês? Quais sentimentos vocês gostariam que o público sentisse ao ouvir esse projeto?
FHTD: Oi, pessoal, muito prazer e obrigada pelo espaço. Sim, representa muito da nossa história, das nossas referências e da base musical de cada uma, ambas filhas da década de 1980. E isso se conecta diretamente ao sentimento que buscamos expressar nesse EP, de nostalgia, trazendo a sonoridade rica dessa década, somada a posterior, 1990, que marcaram a house music e que crescemos ouvindo, pois muito do pop dessa época bebia desta fonte.
E por falar em coisas especiais, agora vocês fazem parte da SmartBiz, agência super renomada na cena eletrônica. Como tem sido essa parceria? Como estão as expectativas?
FHTD: Tem sido sensacional, apesar de recente. Foi um match muito legal juntar a nossa sede de fazer acontecer com toda a bagagem e experiência do Fernando Moreno e sua equipe. É um trabalho muito em conjunto, não dá pra jogar toda a responsabilidade em cima da agência, é preciso saber que existe uma troca, uma proatividade e uma parceria vinda de ambos os lados. E todos estão muito afim. Esse é um marco muito significativo pra gente, um reconhecimento incrível (obrigada, Fernando e toda a equipe Smartbiz, é uma honra estar com vocês!).
Vocês também marcaram presença no Sommersby Pool Party no Rock in Rio Lisboa! Como surgiu esse convite? Conte um pouco mais sobre essa experiência.
FHTD: Já faz alguns anos que estamos construindo presença em Lisboa, passando em diferentes clubes e bares da cidade, estreitando esse relacionamento com a cena lisboeta. E, durante a pandemia, nos conectamos com o pessoal da Um Quarto Club, brasileiros e portugueses que constroem uma cena bem legal na cidade, que nos apresentaram a mais pessoas. Foi daí que surgiu a ponte e o convite para tocar no Palco Galp do Rock in Rio Lisboa, segundo maior do evento, dentro da Sommersby Pool Parties, sendo headliners deste dia. Foi uma grande surpresa recebida com responsabilidade, pois nosso horário era estratégico: após o show da Iza e durante Black Eyed Peas no Palco Mundo, imagina?
O duo vem alcançando cada vez patamares mais altos, e quem conhece sabe que a trajetória é de um sucesso cada vez maior. E daqui pra frente, quais são as maiores metas do From House To Disco?
FHTD: Temos uma preocupação muito grande de manter a consistência do nosso trabalho para alcançar novos patamares sem perder identidade sonora. Isso vale tanto para os DJ sets como para a produção. Existem selos e festivais que adoraríamos fazer parte e trabalhamos muito com isso em mente. Nessa jornada, já estamos colhendo alguns frutos, como abrir a noite para dois artistas internacionais no Caos Campinas: Danny Daze e Rampa. E, aproveitando a conversa, vem mais um por aí: no próximo dia 15 de outubro, vamos abrir para outro grande nome internacional, Claptone, durante a Festa Castro, maior festival LGBTQIA+ do Brasil, idealizado por Lily Scott e João Villanova, e produzido junto com a gigante Entourage. Uma excelente oportunidade de mostrarmos a versatilidade do From House to Disco em transitar por diferentes vertentes da música eletrônica.
Voltando a falar sobre o EP, na opinião de vocês, quais são os pontos principais de cada track? Por que elas foram as escolhidas para esse lançamento?
FHTD: Esse é o nosso sexto lançamento, entre músicas autorais e remixes, e ao longo desse processo, fomos cada vez mais saindo de uma produção voltada para expectativas externas, e indo em direção a um trabalho mais transparente em relação a essência da Lívia e da Bruna. Isso é notório ao ouvir essa timeline. E com “Electr.Ode”, deixamos aflorar essa nostalgia do que nos moldou sonoramente, sem pensar se era vendável ou não. Quisemos arriscar, de fato. A track “Ode”, por exemplo, tem uma roupagem bem noventista, com a mistura de dois kits de baterias, breaks quebrados, metais e uma energia clubber, com synths e piano. Já “Fizzing”, chega com um house mais groovado, com hi hat bem marcado e a clássica TB 303 trazendo o charme na modulação ao longo da track, brincando com a efervescência que dá nome a ela. Em ambas, usamos muitos elementos que caracterizam as décadas que nos inspiram.
Inclusive, esse álbum conta com um remix incrível de Benjamin Ferreira. Podemos esperar projetos futuros dessa collab?
FHTD: Com certeza! O Benja é puro talento, é uma honra tê-lo conosco neste trabalho. Temos a sorte de ter uma relação que vai além do profissional, somos amigos e trocamos muitas referências, principalmente vindas do vinil. Já temos mil planos arquitetados, só o Benja que ainda não sabe hahahaha.
Benjamin Ferreira
Olá, Benja! Seja bem-vindo ao MNS! Conte um pouco sobre como foi trabalhar nesse projeto com as meninas.
BENJA: Olá, MNS! Um prazer conversar com vocês! Trabalhar neste projeto foi uma delícia. Me senti em casa o tempo todo, afinal o EP é de duas amigas tão queridas, tão próximas (moro a menos de duas quadras delas! rs) e que eu admiro tanto como DJs e produtoras. O selo é do meu parça Renato Cohen, que também é meu amigo e com quem eu frequentemente divido os decks.
E o que mais diferencia a faixa original “Ode” do seu remix? Houve desafios no processo de produção?
BENJA: O desafio começou na hora de escolher a música para remixar – amo as duas! Ao escolher “Ode”, eu decidi ir pra outro lado – diferente da original e diferente do que eu costumo fazer, apesar de tocar muita coisa quebrada. Amo Miami Bass e freestyle, então foi divertido demais unir esses beats à linha de baixo house da versão original. Tem a cuíca e o cowbell também, bem imponentes, coisa que amo muito.
Além dessa super participação no EP, o seu nome também aparece no line-up do festival Primavera Sound, que acontece em novembro na cidade de São Paulo. Como é ser um dos representantes da música eletrônica em um line-up com poucos nomes da cena? O que podemos esperar do seu set por lá?
BENJA: É uma honra participar de um festival com uma curadoria tão cuidadosa e respeitável. Quando vi meu nome no line-up, nem acreditei! Eu toco na prorrogação da semana do festival, num sideshow. Ainda não posso falar muito sobre o line-up, mas o set certamente vai ser entre house e disco, com coisas novas e alguns clássicos pelo meio, como eu sempre gosto de fazer.