
Como Lauryn Hill foi a 1ª rapper a ganhar o Grammy de “Álbum do Ano”
Prêmio veio junto com outros quatro por seu disco de estreia, The Miseducation of Lauryn Hill, lançado há 27 anos
Em fevereiro de 1999, Sheryl Crow, Madonna, Garbage e Shania Twain aguardavam atentas na seleta área vip, só para artistas indicados, na cerimônia do 41º Grammy Awards, cada uma com sua expectativa. Todo mundo gosta de mais um troféu na estante. No palco, Sting e Whitney Houston guardavam o envelope que continha o nome do vencedor da categoria mais importante do prêmio, a de “Álbum do Ano”. As quatro concorrentes, no entanto, viram a plateia ficar de pé e aplaudir uma garota de 23 anos que se tornava a primeira rapper a ganhar um Grammy na história da categoria — Lauryn Hill, com seu disco de estreia The Miseducation of Lauryn Hill.
Não parou por aí: Hill exercitou as panturrilhas subindo e descendo do palco mais quatro vezes. A obra, lançada nos EUA em 25 de agosto de 1998, lhe rendeu cinco prêmios na mesma noite (foi também a primeira mulher a conquistar o feito), incluindo “Artista Revelação” e “Melhor Álbum de R&B”. Entrou para as principais listas de mais vendidos e a credenciou, novinha, como uma das mais influentes artistas de sua geração. Foi uma febre.
Lauryn teve uma relacionamento com seu colega de Fugees, Wyclef Jean. Uma relação que, segundo o ex, “terminou muito mal”, e acabou, como acontece frequentemente quando dois membros de uma mesma banda resolvem se pegar, tornando a convivência insuportável. O mal-estar, mais histórias da recente maternidade (Zion, seu primeiro garoto e neto de Bob Marley, havia nascido em 1997) foram os principais temas das canções. Estava ali uma jovem mulher se abrindo para o público, dando um troco em seu ex-grupo e, principalmente, cantando absurdamente bem. Uma rapper prodígio que, além de rimar, cantava muito, a ponto de ser incluída na lista da rádio NPR como uma das 200 maiores vozes de todos os tempos.
Os cinco Grammys consolidaram o fenômeno Lauryn Hill. Abriram espaço para o protagonismo feminino no rap mainstream e a transformaram em uma diva do gênero. Seu disco de estreia é essencialmente R&B, mas recheado com rap, reggae, jazz e soul, amplificados por sua excelência vocal. Doo Wop (That Thing) é hit em festas de todo mundo até hoje, e não dá pinta de sair dos cases dos DJs. The Miseducation of Lauryn Hill é um daqueles discos que agrada a todo mundo: do adolescente avoado ao expert em rap, passando por um imenso público que nunca imergiu no universo hip-hop.
O bode com Wyclef, fofocaliticamente falando, durou pouco. Um ano antes de The Miseducation, Hill participou de uma porção de músicas do álbum solo do músico, The Carnival. Provando ainda que “essa família é muito unida”, surpreendeu o público do Coachella em 2024 invadindo o show dos filhos Zion e YG ao lado de Wyclef em um show histórico, repetido várias vezes em outras cidades dos EUA durante o ano — bem como no Brasil, na lendária festa de 50 anos do Chic Show, no Allianz Parque, em São Paulo.
E sabe qual a curiosidade mais impactante dessa história toda? The Miseducation of Lauryn Hill foi seu ÚNICO álbum em toda a carreira. Tudo o que vimos depois são singles e participações especiais. Caramba, dona Lauryn…