É janeiro de 2016 e dois megafabricantes de eletrônicos: Sony e Panasonic anunciaram na CES (Consumer Electronic Show) de Las Vegas novos toca-discos.
Sim, aquele aparelho mecânico que roda uma bolacha em cima e que todo mundo acha que é coisa para audiófilos ou DJs é destaque na maior feira de tecnologia do mundo. A Panasonic (a.k.a. Technics) relançou o clássico SL-1200, e a Sony apresentou o classudo PS-HX 500.
Então tá bom, compramos iPods, Ponos, pagamos a assinatura do Spotify, Tidal e Apple Music, e agora lá vamos nós… comprar um toca-discos novinho em folha.
Ou não?
Sony e Panasonic são dois gigantes, quem trabalha lá pode até ter paixão por música de qualidade e fidelidade, mas o dia a dia em uma empresa assim é na base dos números e da estatística.
Ocorre que 2015 fechou como o ano de maior volume de vendas de discos de vinil nos Estados Unidos nos últimos 26 anos. Um crescimento de 52% no faturamento versus o ano anterior!
No site da RIAA, dá para baixar o report das vendas de música por formato. Até a metade do ano passado o mercado americano havia gerado uma receita de USD 477,9 milhões com as assinaturas de streaming. No mesmo período a venda de vinil gerou USD 226 milhões.
Resumindo: este velho e delicioso formato de se escutar música foi o equivalente a 47% do mercado streaming nos EUA, dominado pelo Spotify, Apple e Google.
Agora ficou mais fácil para a turma de novos produtos de lá explicar para o chefe porque tá hora de parar de fabricar copycats de outras marcas e tentar algo diferente?
Não preciso fazer um descritivo dos recursos dos aparelhos por aqui, porque isso você pode ler nos press-releases das marcas que estão por toda a Internet. Do ponto de vista tecnológico, os 2 aparelhos não apresentam nenhuma inovação espetacular, nem sei se isso é possível em um toca-discos.
O da Sony pode converter o seu LP para arquivos digitais sem compressão, algo que aparelhos made in China já fazem há algum tempo com certa competência.
Os Technics SL-1200G e SL-1200GAE são a última reencarnação da lendária série que havia saído do mercado em 2012, então na versão 1200 MK6.
Os novos SL-1200 trazem diversos recursos para reduzir a vibração, terminais banhados a ouro e no caso da versão GAE que é limitada a 1.200 unidades, o braço é feito de magnésio.
Mas, sinceramente, o que importa não são os features, até porque eles não serão baratos.
A Technics não divulgou valores, e a estimativa da Sony é de que o PS-HX500 fique na faixa de 550 dólares no mercado americano.
Com menos de R$ 1000 dá para comprar um aparelho novo por aqui de outro fabricante, que vai fazer o serviço direitinho para 90% das pessoas.
Ou quem sabe, resgatar aquele velho Garrard do seu avô.