Coluna NOISE RADAR volta com os melhores de 2021 e a pergunta: o que falta para a cena Indie brasileira decolar?
Nosso Colunista Bruno Montalvão elenca os melhores de 2021 e lança a pergunta: como anda a cena indie brasileira?
Existe Cena Indie no Brasil? Quais foram os melhores de 2021? Notícias dos festivais e muito mais na Noise Radar.
RADIAÇÕES DO MOMENTO na Noise Radar:
- INDIE BR | Existe Cena no Brasil? O que falta para a Cena acontecer? Por que não decolamos ainda?
- Melhores de 2021 | Os álbuns, EPs e Singles que fizeram a cabeça da coluna durante 2021.
- TREEFORT e SXSW anunciam mais atrações da edição 2022, e a lista de Brasileiros aumenta.
- BRAIN novo website | Brain Productions Booking estréia seu novo website com muitas novidades, turnês internacionais e novos artistas num festão que será transmitido pelo Instagram.
- Groover | várias dicas de novos artistas da plataforma francesa.
- Playlist: INDIEAMERICA | as bandas e artistas Indies mais quentes da América Latina.
INDIE BR
Abrimos o ano com 03 perguntinhas básicas que teimam em pipocar na minha cabeça e sobre as quais eu gostaria de dividir alguns pensamentos com vocês, leitores da Noise Radar.
- Existe Cena no Brasil?
- O que falta para a Cena Indie BR acontecer?
- Por que não decolamos ainda?
E antes de responder qualquer uma delas. Gostaria de convidar vocês todos para uma breve reflexão sobre o que vivemos no Brasil, em termos de cena musical, como nossa música é vista lá fora e por que não nos unimos em bloco para atingir o Mundo, como fazem outros países e suas cenas musicais – essas sim, já estabelecidas – como o México, Colombia, Argentina, só para citar alguns exemplos. Além de alguns pequenos comentários sobre como a Cena daqui se comporta e como poderia ser melhor, mais inclusiva e democrática. Um outro detalhe: esse texto não é direcionado a quem já “domina” a cena, ele foi pensando e projetado para atingir quem deseja ser inserido e ainda não é, não tem acesso ou não recebeu ainda o “aval” dos curadores e influenciadores digitais.
A CENA NO BRASIL, EXISTE MESMO?
Infelizmente, no Brasil como um todo, não há ainda uma cena musical formada e que seja auto-sustentável e auto-gerida pela própria cadeia produtiva que faz a indústria da música se movimentar. Nesse texto, também vale ressaltar: vou falar, expor fatos e explicar sobre situações que acontecem apenas e somente na Cena Indie BR, da qual eu faço parte e onde estou inserido há mais de 20 anos, produzindo shows, agenciando atos indie do Brasil (e de outros países do mundo) e contribuindo para aumentar o alcance dos artistas independentes brasileiros ao redor do mundo, especialmente nos Estados Unidos, Europa e América do Sul.
Durante esse tempo de existência da BRAIN Productions Booking nós já realizamos inúmeros shows internacionais, alguns deles foram em parceria com a Balaclava Records (de 2014 a 2016), mas antes disso em 2010 já havíamos trazido para o Brasil a lenda indie Jonathan Richman (ex-cantor e líder da banda The Modern Lovers), além de outros artistas da Argentina e do Chile. Nesse período de 2014 a 2016, trouxemos duas vezes o Mac DeMarco, e também realizamos shows e turnês para artistas como Sebadoh, Allah Las, Real Estate, The Helio Sequence, Tycho, Shabbaz Palaces (com exceção de Mac, todos dos Estados Unidos). Durante e depois desse período, também exportamos nossos artistas para Festivais de Música, programas de rádio e realizamos turnês em diversas partes do mundo, com artistas como The Baggios (confira entrevista da banda para SwissInfo.ch), Quarto Negro (confira a banda na KEXP), FingerFingerrr (que tocou no SXSW, Treefort Music Fest, Seattle, Portland, etc), só para citar alguns exemplos dos vários que já realizamos, e eu falarei mais sobre isso no decorrer do texto.
OS FESTIVAIS DE MÚSICA NOS ESTADOS UNIDOS E SUA RELAÇÃO COM A CENA LATINA E O QUE FALTA PARA A CENA INDIE BR ACONTECER.
Talvez a galera aqui no Brasil ainda não esteja atenta a isso da maneira como deveria estar, mas esse texto servirá para abrir a mente de vocês. É um manifesto e uma convocatória!! Já passou da hora da cena brasileira se unir de verdade, e em BLOCO coeso e realmente homogêneo, sem favorecimentos de apenas alguns nomes (os mesmos de sempre), mas de todos que tenham vontade e desejo de ter acesso aos grandes eventos musicais que acontecem nos Estados Unidos, por exemplo. Poderia citar também o Canadá, onde tenho e desenvolvo bases sólidas, principalmente em Montreal e Toronto ou a Europa, mas vou focar apenas nos Estados Unidos nesse primeiro momento.
E pergunto: Por que ainda não atuamos como um bloco? Por que não exportamos nossa música de maneira correta para os Festivais de música nos Estados Unidos? Por que não ecoamos lá fora da mesma maneira que ecoamos aqui dentro do Brasil? E a pergunta do Milhão: Por que a cena indie brasileira ainda não tem o destaque que deveria ter lá fora, na Terra do Tio Sam? Ou em qualquer outro lugar: Europa, Japão, Oceânia, Américas? Por que não estamos indo e vindo desses lugares? Por que não criamos mais intercâmbios, colaborações, featurings com outros artistas? Perguntas, perguntas, perguntas.
A resposta é simples: porque ainda NÃO SOMOS UNIDOS! Não atuamos como um bloco. Não estamos interligados uns aos outros, não trocamos informações e “canais” como em outros países já acontece. O paralelo que gostaria de fazer é com a cena mexicana, por exemplo, mas eu sei que muitos vão dizer: “Ok, mas o México é perto dos Estados Unidos. É mais fácil ir de lá para os Estados Unidos, do que do Brasil.”
Besteira sem tamanho!!! Nós podemos fazer isso acontecer. Eu sei como fazer isso acontecer e faço já há alguns anos, desde 2015. Sem divulgar, sem alardear muito, sem dividir da maneira como eu gostaria de dividir. E digo o motivo, aliás, já disse. O motivo é bem simples: Não Somos Unidos (ainda)!! Mas podemos ser. E podemos ser agora mesmo, nesse exato momento em que você está lendo esse artigo e pensando sobre o assunto. Nesse exato momento, você pode ir no post da banda do seu amigo e apoiar ele, dizer o quanto gosta do que ele faz, comprar seus produtos, apoiar a cena é isso também. Ir nos shows! Comprar ingressos e nem ir, apenas apoiar a cena. A banda TEST lançou essa braba essa semana e eu adorei: COMPRE INGRESSO E NÃO VÁ AO SHOW! Isso é apoiar a cena, isso faz a cena crescer. Isso paga a cena e faz com que ela ganhe força e ânimo para querer criar mais, inventar mais. Se auto-gerir.
O CONVITE
Faço aqui um convite, bem direto e objetivo: “Que tal deixarmos de torcer um contra o outro; de criticar/torcer contra o vizinho que está fazendo algo; de esperar a próxima fofoca sobre a cena acontecer ou mesmo disparar fofocas por aí que só prejudicam a nós mesmos. Ou posts de tweet que favorecem 03 ou 04 artistas apenas, em detrimento de uma grande maioria que fica com as sobras.” Semana passada eu vi um desses posts, de uma banda famosa e super queridinha dos curadores e “formadores de opinião” da cena local que me deu um pouco de asco. Onde eles perguntavam, na cara dura: “Quem, além deles, e das demais outras 03 bandas (as mesmas de sempre, não vou citá-las porque gosto delas, as escuto, vou as shows, são meus colegas e as preservarei) estava na ativa.”
Peraí!!!! Como assim???? Então quer dizer que só tem essas 04 bandas na ativa? As outras todas estão fazendo o quê?? Hibernando? Estão em Nárnia, Constantinopla, Shamballa???? Nãooooo, isso tem que acabar! Eles poderiam achar até que isso ajuda, agrega, mas acho que não ajuda e nem agrega em nada, a não ser para eles mesmos. Os mesmos de sempre! Que tal dividirmos esse bolo em proporções mais justas?
Que tal acabarmos com isso e passarmos a pensar realmente grande? Já disse e repito. Eu tenho a senha! Tenho acessos dentro dessa cena norte-americana, e também na Europa, e também em toda a América do Sul e também no México. Vamos pro mundo gente?? Já pensaram nisso, né? Já pensaram que vocês também podem ter essa senha?
Claro que sim, tenho certeza que vocês artistas, produtores, managers pensam nisso. Em como conseguir internacionalizar seus artistas, em como expandir seu alcance, aumentar seus territórios, mas muitos não sabem ainda como fazer ou não ousam. Ou, pior ainda, nunca tentaram (ou tentaram da maneira errada!).
A nossa agência de shows, Brain Productions Booking (clique e confira nosso site que está estreando hoje, cheio de novidades sobre nossos artistas e dicas quentinhas), trabalha no mercado internacional desde 2010. De lá para cá, já realizamos inúmeros shows no Brasil e em diversas partes do mundo: Estados Unidos, Canadá, México, Marrocos, Itália, Espanha, França, Suíça, Reino Unido, Argentina, Chile, etc. Convido todos vocês a conhecerem os nossos trabalhos e tudo o que já realizamos nesses últimos 10 anos.
Mas esse texto não é para falar da BRAIN e sim instigar a cena e, vou além, quero instigar um sentimento!!! Quero dizer: “Hey, artista X, você é capaz!”. Não importa muito sobre seus números lá fora, não importa muito sobre seus números aqui. Números, charts, listas, isso é inflado muitas vezes, as vagas são compradas muitas vezes. Isso não é sinônimo de que seu trabalho é vencedor, tem qualidade, tem duração, isso não quer dizer que você possa ser exportado. Os números são apenas números. Poucos dias atrás, inclusive, a cantora e amiga de anos Priscilla Leone, aka PITTY deu sua opinião sobre o assunto, ela que está lançado seu novo e próprio selo, chamado CASULO. E em breve deve começar a lançar novos artistas no mercado musical independente, o que torcemos muito para que dê certo e aproveitamos para desejar muita sorte à Priscilla nessa nova empreitada de sua carreira brilhante.
O que importa para um Talent Buyer gringo, dos Estados Unidos principalmente, é saber se o seu trabalho é diferenciado, se tem consistência, se tem qualidade e alcance global, se vai surpreender a audiência que estará lá para te ver tocando. Se vai chocar as pessoas ao ponto delas quererem mais daquilo e consumirem seus produtos, e buscarem saber mais sobre o que acontece aqui, no seu cantinho, no seu lugar, na sua aldeia. Porque ficamos TODO DIA, valorizando artistas gringos e não nos valorizamos? Por que consumimos e vangloriamos tudo que vem de fora e não fazemos o mesmo com a nossa cena, com os nossos artistas? Por que não cobramos os Festivais para que diversifiquem mais seus lineups, que apóiem mais os novos artistas e realmente cubram os seus gastos? O artista, e a equipe do Artista gastam para chegar num festival e fazer um show para o público, e muitas vezes eles não ganham nada, nem sequer empatam. Ganham hotel, comida e divulgação (leia-se exposição), mas tocando nos piores horários, para pouca gente muitas vezes. É algo que frustra o artista (e sua equipe) e não compensa, não faz a cena acontecer de verdade.
A CENA – O QUE PRECISA MUDAR?
A Cena, para acontecer de verdade, precisa acontecer para todos e não apenas para um grupinho seleto, muitas vezes escolhido a dedo em conselhos, conversas de backstage ou trocas de favores. Que tal acabar com isso??? Que tal realmente democratizar esse acesso para os artistas novos também, os que estão construindo uma história e não seguindo apenas as fórmulas já estabelecidas, em busca de números inflados e afins.
Lógico que os festivais precisam dos artistas consagrados para garantirem o público, mas poxa vida, que tal fazer um meio a meio? Já existem alguns festivais no Brasil que tem esse olhar pro novo, o Bananada é um deles. O Coquetel Molotov é outro. Existem mais alguns sim. Mas existe a cena? Eles criam uma cena? Há blocos de artistas vindo de Goiânia e Recife, por exemplo, e ocupando os espaços nas grandes Metrópoles? Em outros Países? Ou há sempre os mesmos artistas, em quase todos os lugares e festivais por aqui? Isso não é uma crítica aos Festivais, cada um sabe da sua demanda e da sua realidade, isso é apenas uma proposta. Que tal abrir mais vagas ou dar melhores chances para os novos artistas, que tal realmente fomentar uma cena?
Por que os Festivais no Brasil repetem lineups quase sempre? A grande maioria, replica a cena daqui internamente e de maneira exaustiva, poucos são os festivais de música que realmente se abrem para colocar novos artistas, para fazer o público descobrir e amar os novos artistas. Cansa ficar vendo sempre os mesmos nomes em todos os lugares, como cansa também saber que a maioria dos curadores daqui repete atrações porque tem amizades com os managers desses artistas, ou porque querem fazer algum tipo de acordo, ou de valorização de aliança com aquele manager específico que leva sempre os mesmos artistas, para os mais variados eventos. Enquanto há uma fila imensa de ótimas bandas, cantores e cantoras passando o chapéu em busca de cachets irrisórios, que mal pagam seus deslocamentos até a cidade do show. Quem ganha com isso? A cena não ganha. A cena perde a cada festival que repete lineup, não vou citar nenhum aqui. Eles sabem o que fazem e como fazem, eles sabem da realidade deles, eu sei da minha como manager e como incentivador cultural e como importador/exportador de música. O ponto não é esse. Não é aqui que quero chegar. O lugar onde quero chegar com essa mensagem é muito além dos nossos próprios umbiguinhos. O lugar que quero chegar cabe todo mundo, basta que você tenha TALENTO e QUALIDADE, mas principalmente, que você tenha UMA HISTÓRIA PARA CONTAR. E convença!
JORNALISMO MUSICAL: AJUDA OU ATRAPALHA?
No Brasil o que mais vemos são “figurinhas repetidas do álbum de 10 figurinhas da Panini” (contém ironia), os mesmos artistas de sempre sendo ecoados e repetidos – sem descanso – pelos mesmos jornalistas de sempre. Muitos são amigos, relações não criam listas, será que dá para levar isso em consideração? Aqui, parece que vivemos num país de “Marias que vão com as outras”, todo mundo copia e cola numa facilidade absurda. Há Portais de música no Brasil que vivem de REPLICAR matérias de sites gringos, isso mesmo que você leu, replicam na cara dura publicações da Pitchfork, Consequence e por aí vaí. Isso é preguiça? Isso é falta de interesse em escrever um texto de verdade? Acham que ninguém vai ler? Dane-se se ninguém vai ler meu texto por exemplo, não vou deixar de dar minha opinião e não vou deixar de falar tudo o que penso porque hoje em dia tem-se que resumir tudo. Resumir pensamentos? Isso eu nunca farei! O Brasil está cheio de JORNALISTAS TENDENCIOSOS, que criam suas listas muitas vezes baseados em gosto pessoal ou amizadezinhas com os próprios artistas, seus selos e produtores/managers. Cadê o jornalismo musical TRUE? Ainda existe no Brasil? Ou viramos um país de jornalistas Crtl-C, Crtl V?
Há jornalistas bons ainda? Claro que há, mas eles não se sobressaem mais aos ruins e copiadores. O mal está vencendo no Brasil, muitas vezes, um mal disfarçado de Unicórnio Rosa que solta Arco-Íris pela boca e emoticons de abraçinho, com uma faca escondida nas costas. Se você não sente essa facada todo dia, levante as mãos para o céu e agradeça. Você faz parte do grupinho seleto do amor cor-de-rosa da turma do algodão doce do “jornalismo musical” atual.
Hoje em dia, tudo está vaporoso demais. Ninguém ouve música como se ouvia antes, com cuidado, com a atenção devida, sentindo um álbum, percebendo o que o artista quis dizer com aquela obra. Aqui, estou falando do público consumidor em geral, não dos jornalistas e pesquisadores ou verdadeiros amantes da música (esses ainda se debruçam na obra do artista, pesquisam, vão além). O digital diluiu o interesse na obra, o interesse no artista continua, mas a obra perde-se na poeira das vaidades, em meio a videozinhos de dancinhas bobas de TikTok, em meio a memes, tem muita coisa para desviar nossa atenção hoje em dia. Tudo está absurdamente raso (os diálogos são rasos, as pessoas tem pressa e se acham importantes demais, mais do que são na realidade), tudo tem que ser rápido senão não engaja. Tem que ser divertido senão não entretem, não retém o público. Não gera viral. Isso é bobagem!
Confesso que tenho preguiça mortal de tudo isso. Confesso que o que sei, sinto e vejo de Mercado é totalmente diferente disso. É óbvio que você pode engajar e fazer um artista acontecer usando fórmulas, mas eu não quero usar fórmulas, eu quero ver o artista me CONTAR UMA HISTÓRIA. Eu acredito que o papel do artista, quando cria sua obra, é criar um mundo. O seu mundo, ou a sua óptica do mundo. E convidar o ouvinte para entrar e sentir e viver nesse mundo. O que falta para sentirmos o nossso mundo? O que falta para sentirmos e fazermos a nossa cena ganhar força?
Você está satisfeito em ouvir sempre os mesmos artistas? Em abrir os portais de música e ver sempre as mesmas fotos, dos mesmos artistas? Em ir nos festivais e ver lineups repetidos? Em ligar a TV, a rádio, meter uma Playlist e ter sempre os mesmos nomes. Ou você gostaria de descobrir algo novo, como faz quando você descobre um artista gringo e saí por aí contando para todo mundo?
PRIMAVERA SOUND BRASIL
Esperamos que, com a chegada do grandioso PRIMAVERA SOUND ao Brasil a cena daqui seja chacoalhada de alguma forma. Levando-se em conta que os lineups do PRIMAVERA SOUND, pelo menos o original, primam por abrir espaço para os novos artistas e lançamentos, além de apoiar o fomento de cenas musicais de diversos países, com grande destaque para os artistas latinos (talvez por conta da língua, do festival ter se originado em Barcelona) e novos talentos. Os Medalhões estão lá, lógico, eles precisam vender TODOS os ingressos e vendem num piscar de olhos, mas há também muitos novos artistas, artistas esses que fazem um grande movimento no seu ano, nas suas agendas e começam a circular pelo mundo mostrando seu trabalho, não mais somente no seu país de origem. Sabemos que no Brasil ainda há uma incógnita a respeito de como será a nossa programação, mas a expectativa é a melhor possível. QUEREMOS O NOVO, PRIMAVERA SOUND BRASIL!!! Se for para ser mais do mesmo, já temos muitos exemplos assim por aqui, o PS Brasil tem que chegar para inspirar, para abalar estruturas, para fazer com que os Festivais locais se movimentem mais, inovem mais, recebam e abram espaços para mais artistas novos. Torcemos muito para que a curadoria do Primavera Sound Brasil esteja atento a isso, e não apenas replique os mesmos nomes que já vemos por aqui, em todos os cantos.
O MUNDO QUER O BRASIL E OS ARTISTAS LATINOS
Sei disso faz tempos e trabalho nesse nincho já há alguns anos. Mas você? Você sabe disso? Você se movimenta? Você faz algo para tentar atingir esses novos mercados?
Os festivais norte-americanos estão cada vez mais de olho no que acontece na cena latina, principalmente no México e América do Sul (e pasmem, o Brasil está no meio, eles querem o Brasil e nossos artistas). As bandas e produtores do México já sabem disso e estão tirando proveito, e expandindo seu público cada vez mais pelo Mundo. E porque não temos mais artistas brasileiros nesses festivais e eventos gringos?
Para entender um pouco mais sobre isso falamos com 02 dos mais imprtantes curadores de festivais norte-americanos da atualidade para darem sua opinião sobre o que acontece hoje em dia nos Estados Unidos e porque os festivais lá estão abrindo, cada vez mais, espaço para novos artistas indie latinos.
FESTIVAIS NORTE-AMERICANOS QUEREM VOCÊ!
Convidamos os diretores dos festivais Treefort Music Fest (Boise, ID) e Freakout Festival (Seattle, US) para darem sua opinião sobre a cena latina atual e porque eles estão levando mais e mais artistas latinos para tocar nos seus eventos.
FREAKOUT (Seattle)
Em Seattle, clássica cidade norte-americana e berço de bandas incríveis que mudaram o rumo da história musical como Nirvana, Pearl Jam, Mudhoney, Soundgarden, só para citar as mais famosas, existe uma galera que faz e acontece na cena local de hoje. O pessoal que comanda o selo musical Freakout Records, Guy Keltner e Skyller Locatelli, que se desmembra em várias ações includindo um Festival, o Freakout Fest e inúmeros eventos mensais que movimentam e criam a cena local de uma nova maneira, com uma nova roupagem e com uma pluradidade absurdamente inclusiva e democrática criados pela Freakout Presents. Isso é criar uma cena. Ainda há um trunfo aqui: Seattle é a cidade da KEXP, famosa e cultuada rádio norte-americana, que realiza live sessions e eventos incríveis e é o sonho de 10/10 bandas do mundo.
Nessa Terça, dia 11, o pessoal da Freakout irá anunciar inclusive um novo festival que acontecerá durante dois dias em Seattle, 01 e 02 de Abril, e irá movimentar e muito a cena local com artistas consagrados e novidades da cena latina mundial. O novo festival se chamará WEEKENDER, e o Guy nos disse isso sobre ele: “Estou gritando na cena de Seattle para que prestaem mais atenção à América Latina!”
GUY KELTNER (Curador do Freakout Festival, sócio do selo Freakout Records e músico da banda Acid Tongue):
“Eu sinto que algumas das músicas de rock mais importantes que estão sendo criadas agora estão acontecendo em lugares como México, Brasil, Argentina e Colômbia. Existem muitas bandas incríveis que não recebem exatamente o respeito que merecem. Esse ano, no Freakout Festival, minhas bandas favoritas absolutas foram aquelas com curadoria de Moni Saldaña do Festival NRMAL na Cidade do México. Essas bandas tomaram Seattle de assalto no ano passado – Margaritas Podridas, Los Esplifs e Petite Amie especificamente trouxeram muita energia e muita atenção da comunidade local. Algo está finalmente começando a acontecer no rock & roll de novo, as coisas estão ficando abaladas e é fantástico.”
Outro festival absurdamente incrível e surreal, acontece numa cidadezinha do Noroeste dos Estados Unidos, mais precisamente em Boise City, capital do estado do Idaho. Um cantinho dos Estados Unidos que fica perto de Seattle e Portland (cerca de 4:30h de carro) e tem uma das cenas mais ecléticas, ativas e inovadoras da atualidade. Boise é a cidade natal de uma lenda indie, o Built To Spill, do nosso querido amigo Doug Martsch. E o cara que comanda isso é o meu amigo e colega de trabalho Eric Gilbert, diretor musical e curador do Treefort Music Fest, função que ele divide com sua sócia Sara Peyton (foto dos dois abaixo). Juntos, Eric e Sarah, levam todo ano mais de 500 artistas de diversas partes do mundo. Muitos desses artistas, diria que a GRANDE MAIORIA, são artistas novos, promessas ainda, que chegam a Boise e usam o que o Festival oferece e proporciona para expandirem seus contatos, mostrarem seu talento e conquistarem novas audiências. O festival segue um padrão parecido com o do SXSW, com shows espalhados por diversos venues, teatros, clubes, cinemas e espaços ao ar livre (palco principal), movimentando a cidade completamente, durante os dias do Treefort a cidade de Boise só respira isso. A comunidade vai às ruas, enche os shows, lota os bares, todos os lugares em busca do seu novo artista preferido.
Vale citar também o importante papel da Rádio Boise, que além de apoiar o Festival, recebe alguns artistas para entrevistas, para gravar Live Sessions que são transmitidas para todo os Estados Unidos e o mundo virtualmente. Isso é incrível, uma rádio local que não só apóia a cena, como também abre espaço para o novo! A grande maioria dos artistas que se apresentam na rádio são apostas! Artistas que ainda não estão realmente estabelecidos, mas que tem talento de sobra e qualidade para conquistarem esse espaço. (Já pensou se aqui fosse assim? Se os programas de rádio daqui focassem em dar destaque aos novos artistas, mais do que dão aos mesmos de sempre?).
Já falei anteriormente sobre o Treefort, numa outra matéria que escrevi para o site co-irmão HITS PERDIDOS, confiram aqui.
ERIC GILBERT (Curador/Diretor do Treefort Music Fest, apresentador de rádio e promotor de eventos na Duck Club):
“Treefort Music Fest é um festival projetado para ser inclusivo. Em linha com essa intenção, nos últimos anos temos pesquisado e buscado ativamente mais bandas de países latino-americanos e mais bandas de língua espanhola / bilíngüe dos Estados Unidos. Tem sido realmente emocionante expandir essa parte da nossa programação. Para o nosso próximo festival em março, alguns dos destaques incluem Zeta (Venezuela), ATALHOS (Brasil), Moldes (Peru), Mint Field (México) e algumas bandas dos EUA, como Tropa Magica (Califórnia), Lobo Lara (Idaho), Tejano Outlaw (Idaho), Luna Luna (Texas). “
Para celebrar essa Festa Latina que anda acontecendo nos Estados Unidos e ao redor do mundo, que tal ouvir a nossa Playlist IndieAmerica (você encontra ela no final da coluna), nela você encontrará quase todos os artistas citados nesse artigo e muito mais. E também fiquem ligados porque nos próximos dias iremos estrear o IndieAmerica, um programa de rádio que irá tocar apenas Indie Latino, na Mutante Radio.
EPÍLOGO
Mas e aí? Você vai querer uma fatia desse bolo? Ou prefere ficar parado, criticando a vida alheia?
O recado está dado, e os dados estão lançados na mesa, quem fizer a maior aposta, ganha! Você tem medo de arriscar? Ou você quer arriscar e conquistar o mundo? Se quiser, sabemos como te ajudar, consulte a BRAIN, visite nosso site, venha ver o que já fizemos e o que somos capazes de fazer por vocês.
E para finalizar: VAMOS UNIR NOSSA CENA INDIE BR ou vamos continuar pastando em busca de migalhas? Vamos fazer o bolo e deixar que apenas 04 bandas se fartem, ou vamos dividir o bolo e matar a fome de todos? ISSO É DEMOCRACIA, ISSO É A REVOLUÇÃO. Convido vocês para um novo momento, o nosso momento! Repito: A HORA É AGORA!
ps.: DIVULGUEM, COMENTEM E COMPARTILHEM ESSE TEXTO. A OPINIÃO DE VOCÊS É IMPORTANTE E NÓS QUEREMOS OUVIR. VAMOS NESSA? JÁ PASSOU DA HORA!
Melhores de 2021
A coluna ouviu muita música durante 2021. Sabe como é, né? Pandemia ainda rolando e comendo solta, o Tio preferiu ficar em casa do que se arriscar por aí, então o que restou mesmo foi ouvir música, muita música. E o que não faltou em 2021 foram ótimos álbuns sendo lançados por artistas dos mais variados estilos possíveis. Outro ponto para 2021, a variedade de ótimos estilos, novos artistas e álbuns super bem trabalhados, com destaque para nossa lista de Melhores Álbuns Internacionais e Nacionais.
Mas chega de papo e vamos ao que interessa, que é listar todos os álbuns que fizeram a cabeça da coluna durante esse tal de 2021 pandêmico no Brasil.
15 Melhores Álbuns Internacionais
- LOW – Hey What (sub pop)
- LITTLE SIMZ – Sometimes I Might Be Introvert (age 101/awal)
- HELADO NEGRO – Far In (4ad)
- DRY CLEANING – New Long Leg (4ad)
- C. TANGANA – El Madrileño
- ARCA – Kick ii, iii, iiii e iiiii (xl recordings)
- THE WAR ON DRUGS – I Don’t Live Here Anymore (atlantic)
- JAPANESE BREAKFAST – Jubilee (dead oceans)
- ARLO PARKS – Collapsed in Sumbeans
- SQUID – Bright Green Field
- TYLER, THE CREATOR – Call Me If You Get Lost (columbia)
- FLOATINGS POINTS and PHAROAH SANDERS – Promises (luaka bop)
- MAGDALENA BAY – Mercurial World (luminelle recordings)
- MDOU MOCTAR – Afrique Victime (matador)
- LINGUA IGNOTA – Pink Noise (sargent house)
15 Melhores Álbuns do Brasil em 2021
1. Juçara Marçal – Delta Estácio Blues
2. The Baggios – Tupã-Rá
3. Don L – Roteiro Pra Aïnouz (Vol. 2)
4. Amaro Freitas – Sankofa
5. Eliminadorzinho – Rock Jr.
6. João Donato e Jards Macalé – Síntese do Lance
7. Bonifrate – Corisco
8. Caetano Veloso – Meu Coco
9. Badsista – Gueto Elegance
10. Tagore – Maya
11. Isis Broken – Bruxa Cangaceira
12. Jadsa – Olho de Vidro
13. Baiana System – OXEAXEEXU
14. Jonathan Ferr – Cura
15. Bemti – Logo Ali
15 Melhores EPs do Brasil em 2021
1. Kalouv – A Medida da Distância
2. Atalhos – Mesmo Coração Remixes (The Holydrug Couple/Gordon Raphael)
3. Luana Flores – Nordeste Futurista
4. AFROCIDADE – Afrocidade na Pista
5. Oblomov – Oblomov II
6. PLUMA – Revisitar
7. Alê Sater – Fantasmas
8. Úrias – Fúria Pt. 1
9. Taxidermia – Outro Volume
10. Rrocha – Conterrâneos Estrangeiros
11. Kiko Dinucci – VHS
12. NiLL – Blu
13. Tasha & Tracie – Diretoria
14. Trevo – Água de Flor
15. Giovanna Moraes – III
TREEFORT e SXSW
Estamos sempre falando desses dois festivais aqui em nossa coluna, porque são dois dos melhores festivais dos Estados Unidos e do Mundo e porque gostamos muito do que eles fazem com a cena mundial, o quanto realmente movimentam as coisas e lançam novos artistas todo ano.
E para dar continuidade, ambos anunciam mais atrações da edição 2022, e a lista de Brasileiros já aumenta. O SXSW já confirmou alguns nomes do Brasil como Tagua Tagua, ANAVITÓRIA, Tuyo, já falamos sobre isso aqui na coluna, e no dia 11 de Janeiro fará mais um anúncio, e podemos adiantar que tem MAIS ARTISTAS DO BRASIL chegando nessa lista, e para nossa alegria e nenhuma surpresa, é um artista do nosso Roster. Quem será???
Já o Treefort, que falamos hoje na coluna no texto sobre a Cena Indie BR, anunciou a ATALHOS e deve anunciar mais nomes latinos nos próximos dias. É bom ficar ligado porque o Treefort é um dos melhores, mais ecléticos e legais festivais dos Estados Unidos e em 2022, ele completa seus primeiros 10 Anos… vai ser um festão em Boise City, no Idaho. E nós estaremos lá, para conferir tudo de perto e contar em detalhes para vocês, nossos leitores.
BRAIN estréia seu novo website
A Brain Productions Booking estréia seu novo website hoje, dia 10, com muitas novidades, informações sobre as nossas turnês internacionais e os novos artistas que estão chegando para abrilhantar ainda mais o novo Roster. Vamos realizar num festão que será transmitido pelo Instagram. Uma teleconferência com a presença de muitos artistas, como: Atalhos, The Baggios, BIKE, Cidade Dormitório, Ema Stoned, Elephant Stone, Post-Modern Connection e muito mais. Surpresas que serão liberadas somente na hora da Live que começa às 16h20. Prepare o seu melhor spliff e vem viajar com a gente.
NOVO SITE
Com a retomada dos shows no Brasil e mundo afora, a Brain Productions Booking replaneja sua atuação no mercado com uma série de novidades, seja de continuidade a ações iniciadas em 2021, como os lançamentos do próprio selo Before Sunrise Records, e também com inaugurações – uma delas é o website bilíngue (português e inglês) que entra em funcionamento a partir desta segunda-feira (10): www.brainproductionsbooking.com.
Para marcar o lançamento do site e apresentar artistas para o biênio 2022/2023 da Brain, o manager proprietário Carlo Bruno Montalvão promove uma live, a partir das 16h20, no Instagram oficial da produtora (https://www.instagram.com/brainproductions) com diversos convidados especiais, entre artistas e bandas nacionais e internacionais do cast.
Estão confirmados na live a Atalhos, The Baggios, BIKE, Cidade Dormitório, Ema Stoned, Elephant Stone, Isis Broken, Hate Moss e Post-Modern Connection.
“Em 2021, lançamos o nosso próprio selo musical (Before Sunrise Records) e com ele muitos novos artistas chegaram ao casting da BRAIN, a nossa agência já trabalhava muito com o mercado exterior e isso aumentou bastante durante a pandemia, por isso também o motivo do nosso site ser bílingue, somos uma agência de shows global, que atua no Brasil, e também na América do Norte, Central e do Sul, na Europa, em diversos países. Nossos projetos e turnês atingem diversos mercados, estamos sempre buscando expandir os territórios para os nossos artistas e parceiros. Temos contatos com festivais, produtoras e gravadoras do mundo inteiro”, comenta Montalvão.
O site
O site virá cheio de novidades: Playlists especiais, programa de rádio, coluna musical com novidades do mercado indie mundial e latino, notícias sobre nossos artistas, nossos eventos, turnês mundiais e novos projetos que vamos implantar em 2022, como a plataforma IndieAmerica, além das turnês mundiais de The Baggios e Atalhos, novos shows internacionais e muito mais.
O que não vai faltar no site da Brain, garante Montalvão, é novidade o tempo todo. “O site é dinâmico e estará sempre atualizando-se, em plena e constante mutação. Ele virá para apresentar nossa história e também abrir caminhos para inúmeros novos projetos que estão por vir nos próximos anos.”
TURNÊS GRINGAS
Ultimamente, tem sido muito complicado para a curadoria no Brasil prestar atenção nos nossos artistas – mesmo que eles tenham DUAS nominações ao Latin Grammys ou estejam sendo ecoados pelo Mundo afora – e isso é algo que nunca vou entender. Então, paramos de perder tempo com a galera do Brasil e tratamos de jogar o nosso foco para o mercado exterior, onde eles querem nossos artistas, todos eles. E onde conseguimos agendar shows sem parar. O resultado? Vocês podem conferir no site, basta acessar: www.brainproductionsbooking.com e se divertir.
Aguardamos ansiosos pelos seus comentários.
Groover
A cada coluna, nós damos várias dicas de novos artistas da plataforma francesa GROOVER. E os artistas que vamos destacar nessa edição são:
MERRY CHRISTMAS (Japão)
Música incrível de Merry Christmas, muito divertida com este single de natal “The Flying Trombone Sisters” fez com que minha curiosidade se eleve a um alto nível de inspiração, adoro música japonesa, então estava ouvindo essa música com o coração totalmente aberto e o resultado é tão bom. Obrigado por compartilhar este single conosco. Vocês têm um novo seguidor agora … Continuem fazendo boa música!
ELYAZ (Itália)
Um vídeo muito criativo e bem gravado ajuda o artista quando ele chega pela primeira vez. O som de ELYAZ, não sei porque, me lembrou um pouco coisas dos anos 70/80, como Genesis, The Police, Jean Michel- Jarre, A- Ha e até Depeche Mode.
O videoclipe tem um ar de aventura futurista e nos mostra cidades iluminadas e visuais do deserto, sugerindo um mundo distópico e irreal, talvez um reflexo da imaginação do artista. O engraçado é que ele sai de um carro velho, em um galpão empoeirado, aciona uma máquina antiquíssima cheia de botões e isso o transporta para um futuro em uma realidade paralela. É divertido, é pop, é ELYAZ.
STALL THE ORANGE (Brasil)
Outro tema interessante que apareceu para nós no Groover, e também ficamos felizes com as palavras de apoio do artista sobre o nosso trabalho de booking. Mas, por falar na música, “Eventually” é uma balada de amor e tristeza, que começa com uma guitarra calma, mas cheia de emoção, e segue para uma parte final mais dramática, cheia de efeitos de guitarra e distorções. É uma música muito interessante.
THE RODEO (França)
The Rodeo traz-nos um novo vídeo muito sensível, com uma animação que nos introduz a um mundo imaginário cheio de cores e desejos malucos, a música é uma balada indie. Gostamos da voz dela e também a harmonia é bem legal.
MITA (França)
Cookbook é uma das quatro músicas lançadas no EP “Mita” em 7 de outubro de 2021, disponível nas plataformas straming.
Playlist: INDIEAMERICA
Confiram as bandas e artistas Indies mais quentes da América Latina no momento.