Coala Festival 2019: um ato de resistência

Itaici Brunetti
Por Itaici Brunetti

Se fazer arte é um ato de resistência, ainda mais no momento de retrocesso e censura em que o Brasil se encontra, a sexta edição do Coala Festival que rolou neste sábado, 7, e domingo, 8, no Memorial da América Latina, em São Paulo, se tornou mais uma importante ferramenta de protesto. Tanto no palco com os artistas brasileiros que se apresentaram quanto no público, a insatisfação política deu o tom do evento. Junto de muita sonoridade boa, festa e alegria.

No sábado, 7 de setembro, feriado nacional que celebra o Dia da Independência, a maior parte do público trocou as roupas coloridas e floridas de edições anteriores, que praticamente se tornaram o vestimento oficial do festival, pela cor preta, a do luto. Uma forma de protesto contra as medidas descabíveis que o atual governo vem tomando desde a posse do presidente Jair Bolsonaro.

Duda Beat, cantora sensação e Rainha da Sofrência Pop levou o seu descontentamento ao palco. Em seu show que rolou durante o sol forte das 16h, a recifense criticou a ação do prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella em que proibiu a circulação da revista em quadrinhos Vingadores: A Cruzada das Crianças na Bienal do Livro por conter uma ilustração de beijo entre super-heróis do mesmo sexo.

“Eu estou morando no Rio de Janeiro e o que está acontecendo lá é muito triste. É inadmissível que uma pessoa interfira na opção e vida sexual da outra”, clamou Duda ao microfone contra a medida de censura do prefeito. Depois, cantou seus hits Meu Jeito de Amar, Chapadinha na Praia e Bixinho envolta a uma bandeira do arco-íris, símbolo do movimento LGBT. O púbico que foi até o chão estava com a diva.

 

Duda Beat (Crédito: Roncca)

Antes de Duda, DJ EB e DJ Sleep também entoaram um coro contra a censura que rolou na Bienal do Livro no Rio de Janeiro. O BaianaSystem, dono do show mais insano do momento (entenda no bom sentido) e que encerrou o sábado, fez o público pular sem parar ao som de suas músicas de conteúdo social e político puxadas pelo carismático vocalista Russo Passapusso. Foi daqueles momentos de colocar tudo para fora.

 

BaianaSystem (Crédito: Roncca)

Em uma apresentação especial, a Rainha invicta do Forró e do Baião Elba Ramalho convidou Mariana Aydar para fazer o público requebrar o esqueleto e dançar coladinho com os seus hits de 40 anos de carreira. Em um momento daqueles para ficar na memória, as duas fizeram uma versão maravilhosa de Triste, Louca ou Má, da Francisco, El Hombre, que foi cantada em coro. Mágico é a palavra que descreve o sentimento de ter visto isso ao vivo.

 

Elba Ramalho e Mariana Aydar (Crédito: Roncca)

O domingo, 8, ainda contou com shows de Afrocidade, Chico César com Maria Gadú, DKVPZ convida Kevin O Chris, Djonga, Discopédia e finalizou com a apresentação impecável do maravilhoso Ney Matogrosso, a Bjork brasileira.

 

Josyara (Crédito: Roncca)

 

Dona Onete (Crédito: Roncca)

 

Coala Festival 2019 (Crédito: Roncca)

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