Mahmundi lança hoje, nas principais plataformas digitais, duas faixas que homenageiam artistas pretos da música e, na última terça-feira (17), ela e a cantora e compositora Ruby (que também participa do projeto) concederam uma coletiva de imprensa e nós, do Music Non Stop, participamos. Confira agora mais sobre este projeto de tanta representatividade e significado, que teve toda a equipe composta de pessoas pretas.
Homenagear e revisitar grandes artistas pretos da música. Foi com esse intuito que Sorriso Rei, novo projeto da cantora e compositora carioca Mahmundi foi criado, com a assinatura da artista na direção criativa e produção musical. Não por coincidência, ele é lançado nesta sexta-feira, dia 20 de novembro – data em que é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra. Gilberto Gil e Jovelina Peróla Negra têm seus clássicos Tempo Rei e Sorriso Aberto, respectivamente, homenageados. Tempo Rei é revisitado por Xande de Pilares, Léo Santana e Priscila Tossan. Já a música Sorriso Aberto é homenageada por Mumuzinho, Malía, Mc Zaac e Ruby. As duas faixas são lançadas hoje nas principais plataformas digitais e, além disso, ainda serão divulgados futuramente dois clipes e um documentário, com direção de Yasmin Thayná, cineasta carioca que recebeu o prêmio de Melhor Curta-Metragem da Diáspora Africana da Academia Africana de Cinema (AMAA Awards 2017).
Durante a coletiva de imprensa, Mahmundi comentou sobre o desafio de reproduzir duas músicas que já existem.
“Foi um processo de entender como fazer essas músicas, sem pretensão nenhuma de fazer melhor ou pior, apenas entender como fazer essas músicas em 2020 com essas vozes tão fantásticas. A ideia do projeto não era colocar a minha identidade no som, mas ao mesmo tempo imprimir uma identidade jovem para a música popular. Que essas músicas sejam ouvidas por pessoas que já conhecem ela e que revisitem ela com outras vozes.”
A cantora e compositora Ruby, que também participa do projeto, comenta que “foi uma honra fazer parte de tudo isso. E trazer um pouco de alegria e arte através da música, principalmente neste mês da Consciência Negra é muito gratificante.
Representatividade
Aprender a celebrar a cultura preta, conquistar os espaços e inspirar outras pessoas é um dos pontos chaves desse projeto. Sobre isso, Ruby acredita que esse processo veio através da busca pela ancestralidade. “A cultura do nosso país é racista e quando eu comecei a pesquisar por mim mesma, minha história, sobre a origem de tudo, a mulher preta é o ancestral em comum. Essa diferença de cor se dá através de uma ignorância tão grotesca. Uso toda a potencialidade que existe em mim e no nosso povo e quero estar aqui para existir e para ser, como todos devem, explorando a sua potência máxima.”
Já para Mahmundi, a necessidade de estar perto das origens foi fundamental. “Eu entendi que antes eu tinha uma projeção muito capitalista, muito branca hetero-normativa e olhar para esse projeto é pensar sobre esse padrão de consumo atual. Estou no auge da minha desconstrução e antes eu tentava almejar uma carreira que não ia me agregar e hoje para mim, mais importante do que sair na capa de uma revista, é saber se a moça que vende hambúrguer vai saber meu nome. A militância tem que funcionar no seu lugar de trabalho e desconstruir alguns códigos foi fundamental durante todo esse projeto.”