Carnaval é a música em português que faltava na sua pista de dança. Conheça o trabalho da paulistana Sue

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Vamos combinar que não tem nada melhor do que entender a letra da música que você está dançando, né? Aqui mesmo no Music Non Stop a gente vira e mexe compila boas faixas de música de pista em português, como fizemos nesta matéria aqui, com 30 músicas nacionais que são um furacão na pista de dança.

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Esta semana recebemos um single bombástico da cantora paulistana Sue Cardoso com produção de Sakr, do selo Easytiger. A música Carnaval caiu num looping interno por aqui. A faixa tem um tempero de Fernanda Abreu da época de Sla Radical Dance Club, uma batida que remete à Hercules and Love Affair, e o jeito de cantar de Sue, que faz pensar em cantoras contemporâneas como Angela Carneosso, do Teto Preto. Ouça.

Carnaval – Sue 

André Sakr, um dos donos do selo Easytiger e produtor que assina Carnaval, conta como rolou o encanto por Sue. “Ela chamou a gente pra mostrar uns sons na casa dela e perguntou se a gente se importava dela cantar ao invés de mostrar coisas no computador. Sentou na cama, fechou os olhos, cantou, e ali eu soube que a gente tinha que fazer algo com ela”, conta.

Além da versão original, o lançamento traz dois dois remixes feitos pelo DJ e produtor Rafael Cancian (About Disco Records), uma versão extended para as pistas e um versão dub. A letra e melodia são da própria Sue, que contou sobre seu processo de composição.

“Às vezes a música nasce, e eu tô dentro do Uber ou do metrô. Quando vem um verso na minha cabeça, eu vou cantando, vou desenrolando a letra, descobrindo o tom certo. A música parece que já vem meio que certa na minha cabeça. Essa música veio num formato muito próximo de várias que eu já compus, começou a se desenvolver na minha cabeça. Às vezes no meio do trabalho, eu corria até o banheiro e gravava uma melodia. Como eu não tenho formação em música, eu também registrava a melodia. Toco um pouco de piano e violão de ouvido. Quando eu tô em casa, começo a brincar com o piano e começa a surgir alguma coisa. Gosto muito de escrever textos em geral. Às vezes eu escrevo uma frase e sai legal. Meu bloquinho de notas do celular tem muita coisa. Um formato que eu já trabalhei muito com amigos é escrever em cima de um beat de alguém”, conta a paulistana de 27 anos.

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Ela aprendeu com o pai e o tio a ouvir sons de baile black. “Minha maior referência é o Michael Jackson. Meu pai e meu tio faziam bailinhos na Zona Leste, eles eram muito envolvidos na cena, meu tio tinha uma gravadora, a Five Special. Toda a minha referência vem dos anos 50, 60 e 70, muita coisa da Motown. Depois eu comecei a tocar em bandas de reggae, bem raiz. Atualmente minhas grandes referências são a Beyoncé e a Rihanna. Gosto muito do Die Antword, M.I.A., brasilidades, gosto de ouvir baião, Tom Jobim, Caetano, Chico Buarque e rap nacional, que me inspira muito a escrever. O rap nacional tá vindo aí com muito força, especialmente as mulheres. Rimas e Melodias, MC Carol, Karol Conká. Adoro Jaloo, Rico Dalasam, que é meu amigo, gosto da mistura que ele faz”, conta a cantora.

Para as apresentações ao vivo, Sue já pensa em vários formatos. “O primeiro vai ser com os meninos da Easytiger, selo do Guto Nunes, André Palugan e André Sakr. O Guto me deu aula no IAV (Instituto de Áudio e Vídeo), eu o conheço desde 2012 e ele me apresentou o selo deles. A gente começou a trabalhar junto desde então. Eu tinha já algumas letras, algumas coisas a gente criou junto. Eles criaram toda a música em volta. Tem várias músicas que eu já criei sozinha, mas esse formato foi assim. Eu vou ter um show com banda orgânica e com DJ. Também vou fazer um show só com DJ. E outro mais indie, com synths e bateria eletrônica. E ainda quero outra versão de show que vai ser voz e violão e alguns outros brinquedinhos”, lista Sue.

 

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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