Josyara é um dos nomes mais certeiros da nova música brasileira. Quase um ano após o lançamento de seu segundo disco, Mansa Fúria, a cantora, compositora e violonista baiana está no line-up de festivais tão distintos como o hypado Coala, em São Paulo, e o místico Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, confirmando seu percurso sertão/litoral/metrópole.
Nascida em Juazeiro no interior da Bahia, Josyara traz em suas composições um olhar sensível sobre seu cotidiano e sua história, embaladas por um violão percussivo e potente. Se em seu disco de estreia “Uni Versos” ela apresentou suas raízes do sertão baiano, em Mansa Fúria ela escancarou sua versatilidade trazendo uma voz e violão que dialogam perfeitamente com texturas eletrônicas.
Em suas letras, algumas figuras têm presença forte: as frutas locais como a pinha, carambola, umbu, o árido sertão de sua terra natal, o encontro com o mar na capital soteropolitana, Yemanjá, Nanã. Em Mansa Fúria Josyara não deixa de lado a crítica social, a voz contra o racismo e a reafirmação da liberdade sexual.
Morando em São Paulo desde 2017, Josyara sente a metrópole como reafirmação de suas raízes. O lugar que ela conversa com a saudade. Onde ela se enxerga com clareza como mulher persistente, que não tem problema de voltar pra casa quando desejar.
O que está rolando de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Josyara – Tanta coisa que ainda nem pude ouvir rs. Mas conto aqui nomes que me inspiram e me tocam: Giovani Cidreira, Jadsa castro, Obirin Trio, Alessandra Leão, Karina Buhr, Luê, Luedji Luna, Xênia, Anelis Assumpção, BaianaSystem, Liniker, Johnny Hooker. Eu gosto dessa galera toda. E acho trabalhos muito relevantes pra contemporaneidade turva que vivemos.
Qual a principal mensagem que procura passar com sua música?
Josyara – Eu não tenho essa pretensão racional de passar algo. Cada inspiração musicada vem a partir de algum desejo. Alguns. Seja pela dor ou medo, no estado apaixonado, aquela raiva aberta. Tudo que me faz querer cantar gera a mensagem que pode ser pra mim mesmo e que por coincidência atinge as pessoas. Arte é sentir! Na essência pioneira de qualquer impulso de vida.
Quais são suas maiores influências?
Josyara – Diria tantos nomes que nem caberia mas sempre cito sempre Chico Cesar, que foi que deu a visão da voz e do violão em termos de conceito de show. Cátia de França, Roberto Mendes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa… e por aí vai (risos).
Quais são seus valores essenciais?
Josyara – Desobedecer.
O que tem te deixado animada?
Josyara – Resistir.