foto: divulgação

Brian Eno denuncia o Brasil no primeiro videoclipe de sua carreira. Estamos sendo enterrados vivos

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Apesar de ter lançado seu primeiro álbum em 1974, Brian Eno finalmente adere ao videoclipe para divulgar a música que escreveu para o filme O Nome da Morte (2017), do brasileiro Henrique Goldman. O vídeo expõe o pior da relação do país com a natureza.

Brian Eno é uma das figuras mais sofisticadas do cenário mundial. Fundador da banda Roxy Music, responsável pelo desenvolvimento da música ambiente, auto denominado “não músico” e parceiro de nomes como David Bowie, Robert Fripp, David Byrne e a turma do kraut rock, Harmonia e Cluster.

Apesar de ter se envolvido em vários projetos visuais, Eno nunca havia lançado um videoclipe em sua carreira. Mas isso mudou e o Brasil está totalmente ligado a este episódio.

A música Decline and Fall foi escrita para ser trilha do filme O Nome da Morte, do cineasta paulistano radicado em Londres Henrique Goldman e lançado em 2017.  A faixa integra a nova compilação Film Music (1976 – 2020) com trilhas que Eno escreveu para as telonas.

Henrique Goldman

Para promover o novo lançamento, Eno se rendeu finalmente ao videoclipe, mas em um trabalho monumental e desconcertante.  No filme, dirigido por Goldman, cenas da destruição da natureza no Brasil, queimadas e criações de gado acompanham o enterro de um homem vivo.

A mensagem é clara e incisiva. Estamos sendo enterrados vivos ao tratar a natureza como estamos fazendo.  As cenas filmadas de dentro do caixão, vendo a terra cair através do vidro são (necessariamente) fortes.

Henrique Goldman ganhou destaque após dirigir o filme Jean Charles (2009), estreado por Selton Melo, contando a tragédia do brasileiro morto por engano pela polícia londrina. Seu primeiro longa foi em 1999, Ixcan, seguido por A Princesa (2001).

A coletânea Film Music (1976 – 2020) já está disponível nas plataformas de streaming.

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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