Bomb The Bass fala do novo CD e da parceria com brasileiros

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Tim Simenon trocou as pick-ups por laptops

Talvez ele nem saiba, mas no Brasil o projeto eletrônico Bomb The Bass foi um dos grandes responsáveis pela iniciação de muita gente na música eletrônica. Quando lançou o single Beat Dis, em 1987, com seus 72 samples diferentes, o inglês Tim Simenon podia imaginar tudo, menos que sua música viraria trilha de abertura de um programa de videoclipes no país do futebol.

A capa do single Beat Dis foi inspirada pelo HQ Watchmen

Beat Dis virou um hino das pistas de dança, preparando terreno para Into The Dragon, um álbum que tornou-se ícone de 1988, um ano especialmente importante para a música eletrônica, com a explosão das raves e a acid house estourando na Europa.

A capa do disco de estreia do BTB, Into The Dragon

Muita água passou por baixo dos sintetizadores e samplers de Tim Simenon em seus 42 anos de vida – 22 deles como DJ e produtor de música eletrônica. Além de ajudar a revolucionar a dance music, Simenon já se meteu com trip hop, ajudou a criar as fundações do big beat e produziu trocentos artistas, de Neneh Cherry a Depeche Mode.

Back to Light é o segundo álbum do Bomb The Bass em dois anos

Em março deste ano, o importante selo alemão !K7 lançou seu novo trabalho, Back To Light, que tem participações de três brasileiros fazendo remixes: Gui Boratto, Anderson Noise e DJ Marky. A aproximação do Brasil com Tim Simenon pode ter começado na vinheta do programa Clip Trip, mas em carne e osso ele veio ao país pela primeira em 2008, para tocar no festival Nokia Trends. Acabou passando duas semanas em São Paulo, trabalhando num estúdio com Gui Boratto esboços do que viria a ser o álbum Back to Light.

Música eletrônica no semanário dos roqueiros! Trabalho do Tim!

Antes de ler a entrevista exclusiva que o Todo DJ Já Sambou fez com o inglês, dá só uma olhada no videoclipe da belíssima Up The Montain, que tem participação do The Battle Of Land & Sea, projeto de folk da americana Sarah O’Shura Golden.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Este disco tem participações bem ecléticas. Como você escolheu os artistas para participar de Back to Light?
TIM SIMENON – Sempre escolho os vocalistas simplesmente por ser fã do trabalho deles. O Paul Conboy é meu amigo de muito tempo, e também parceiro do Bomb The Bass de outros trabalhos. Já o produtor Kelley Polar eu conheci através da faixa Chrysanthemum, em que ele aparece cantando. O DJ e produtor Richard Davis conheci por causa do trabalho que ele fez com o Swayzak, e o The Battle Of Land & Sea foi apresentado a mim por um amigo meu de Amsterdam.

TODO DJ JÁ SAMBOU – E como você chegou aos brasileiros Gui Boratto e Anderson Noise?

TIM SIMENON – Conheci o Anderson em dezembro de 2008, durante as duas semanas que passei em São Paulo, período em que eu já estava gravando com o Gui Boratto algumas ideias para Back To Light. Depois de ouvir algumas produções do Anderson pensei que ele poderia fazer algo interessante com a faixa Boy/Girl. Quando mandei pro Gui a demo da música Up The Mountain com The Battle Of Land & Sea ele amou e já veio com uma idea para remixá-la. E na verdade esse trabalho conta com três brasileiros, já que o DJ Marky também fez uma versão de Up The Mountain!

TODO DJ JÁ SAMBOU – Depois de um período de quase uma década sem lançar disco, este é o seu segundo álbum em um ano e pouco. Você acha que o formato de álbum ainda é importante para o artista?

TIM SIMENON – Com certeza, acho que o álbum ainda é uma ótima maneira de demonstrar em que ponto o artista está em termos de criatividade.

TODO DJ JÁ SAMBOU – No Brasil, uma fábrica voltou a produzir vinis, então há uma discussão sobre um possível resgate de um pequeno mercado. O que você acha disso?

TIM SIMENON – Sou super defensor e entusiasta do vinil, mas devo admitir que tenho ouvido cada vez mais música digitalizada. Isso também se aplica à música que eu compro, normalmente em lojas online, como Bleep, Boomkat e iTunes.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Depois de tantos anos fazendo música eletrônica, o que te faz renovar o espírito criativo?
TIM SIMENON – Sem dúvida, busco inspiração na música de artistas que acho interessantes.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Entre esses artistas estão nomes como John Tejada, Extrawelt, por exemplo, que você também convidou para fazer remixes do novo álbum?

TIM SIMENON – Exatamente. São caras de uma geração que eu admiro muito e tenho muito orgulho que tenham topado trabalhar comigo neste novo projeto.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Quando a música eletrônica chegou forte, no final dos 80, parecia que ela seria a salvação da lavoura para sairmos do marasmo. Qual é a sua perspectiva agora?
TIM SIMENON – Ainda acredito que toda forma de música nova, em evolução nos formatos mais interessantes, continua pertencendo ao universo da música eletrônica!

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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