Um dos fundadores da BATEKOO, Mau Sacramento foi o responsável pela curadoria do inédito Boiler Room x Ballantine’s: Salvador
Ninguém melhor do que Mau Sacramento, um dos criadores da BATEKOO, uma rede de ações culturais e formativas muito além do circuito de festas de shows, para organizar a edição do Boiler Room em Salvador, rolê mundial que anda bastante atento à cultura periférica eletrônica brasileira.
O artista foi convidado para cuidar das duas festas que tomam a cidade. A primeira rolou na véspera de feriado (01), e a outra acontece neste sábado (03), a partir das 19h, em local ainda não divulgado. Pela pista da Boiler Room True Music na capital baiana, tocaram na primeira noite BaianaSystem, Duquesa, Olodum, O Kannalha, Afrobapho feat Luanna Montty, RDD, Bloquinho Delas, Mauro Telefunksoul e Nai Kiese.
No sábado rola, sob a batuda de Sacramento, Ilê Ayê, A.MA.SSA, Boyzinho O Rei da Bregadeira, Vandal, Rap Baiano All Stars feat Bruxa Braba, Fitteck, Áurea Semiseria, Bruno Kroz, Fall Clássico, BATEKOO DJs, Sammy Dreams, Mequetreff e Pivoman. A entrada para o Boiler Room x Ballantine’s: Salvador é gratuita mediante inscrição neste link.
Mau conversou com a gente sobre a empreitada. Confira como foi o breve papo abaixo:
Imagem: Divulgação
Jota Wagner: Como foi a aproximação entre o Boiler Room e você? A BATEKOO já havia repercutido no radar deles?
Mau Sacramento: Nossa relação com o Boiler Room começou em 2019, durante nossa primeira turnê pela Europa. Participamos de duas apresentações dentro do festival deles em Londres, e ali já rolou uma identificação natural, dois coletivos que fomentam cultura alternativa e se reconhecem. A conexão se fortaleceu a partir disso e fez esses encontros acontecerem.
A BATEKOO já tinha certa presença percebida no circuito global, com festas fora do Brasil, matérias em veículos como Dazed e colaborações com marcas internacionais. Então, de certa forma, eles já estavam atentos ao que a gente vinha construindo.
Na nossa penúltima turnê, um dos curadores foi pessoalmente assistir a um show nosso em Barcelona. Foi ali que muita coisa começou a se desenhar. E quando eles fizeram uma edição em Belém, fora do eixo Sudeste, vi que era o momento certo para sugerir Salvador. A conversa fluiu bem e, a partir disso, tudo foi tomando forma de maneira muito orgânica.
O que você levou em conta na hora de fazer a curadoria?
O que mais conta pra mim é a verdade. Um artista que esteja conectado com sua história, com seu território e que tenha uma linguagem própria. A curadoria da Boiler Room True Music, como o nome já diz, partiu dessa escuta atenta da cena local. A gente não quis apenas montar um line, mas contar uma narrativa real sobre a música baiana hoje. Então buscamos quem está movimentando a cena de forma autêntica, gente que tá criando som na quebrada, nos bairros, que tá inovando mesmo com poucos recursos, mas com muito talento e identidade.
Como você vê essa abertura, essa oportunidade de estar mostrando a música e a jornada de vocês em uma rede que tem amplitude mundial?
É muito potente. A gente sabe o quanto é difícil romper as barreiras do eixo Rio-São Paulo, e ainda mais sair do país com a nossa arte. Estar numa plataforma como o Boiler Room, trazendo uma curadoria feita por nós, com as nossas identidades, os nossos códigos e a nossa estética, é simbólico. É sobre ocupar o centro dessa história com a nossa narrativa, mostrando que a Bahia é vanguarda, sim. E que existe uma cena pulsante aqui que merece ser vista, ouvida e valorizada pelo mundo inteiro.