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20 anos de um dos melhores e mais influentes álbuns de indie rock dos 2000

Bloc Party Silent Alarm

Kele Okereke, Russell Lissack, Matt Tong e Gordon Moakes no começo do Bloc Party. Foto: Reprodução

Silent Alarm, do Bloc Party, foi um pedaço do auge de uma banda que poderia ter sido muito maior

14 de fevereiro de 2005. Há exatos 20 anos, era lançado um dos melhores e mais importantes — e talvez mais subestimados — álbuns do indie rock dos anos 2000. Silent Alarm, do Bloc Party, vai muito, mas muito além de Banquet, seu principal hit [e, lamentavelmente, única música deles que arranhou o mainstream]. Como se repetiria nos dois álbuns subsequentes dos londrinos, começa com uma sequência pé na porta. Like Eating Glass, Helicopter, Positive Tension e Banquet chegam mostrando que aquela banda seria especial e diferente.

Ainda há passagens mais introspectivas e sensíveis, como em Blue Light, This Modern Love e So Here We Are, mas é mesmo nos momentos de fúria e energia no talo que o grupo tem o seus pontos mais fortes, como na dançante She’s Hearing Voices e na revoltosa Luno — outros dois expoentes do melhor do revival pós-punk do século XXI. And your nose is bleeding; you’ve been lying to me!

Trazendo versos espertos sobre temas variados, que vão de política a sexo, passando por sentimentos como ansiedade e tensão, Silent Alarm chegou com tudo e foi um sucesso de nicho. Disco de platina no Reino Unido, notas altas em periódicos como Pitchfork (da onde beliscou um raro 8,9), NME e Q Magazine e febre entre os indie-rockers, vindo a influenciar muito do que viria pela frente dentro do gênero. Mas por algum motivo, não teve o mesmo apelo pop de trabalhos de bandas como Franz Ferdinand, The Killers, The Strokes e Arctic Monkeys.

Por mais talentoso e criativo que fosse, o quarteto inglês teve, de certa forma, o mesmo destino de sua principal influência: o Gang of Four, ícone cult e um dos principais expoentes do movimento pós-punk, mas que não atingiu o sucesso e a fama de colegas como Joy Division e Talking Heads.

Mas talvez nenhum outro grupo indie dos anos 2000 tenha reunido um conjunto de músicos tão brilhantes, talentosos e cheios de personalidade: o Bloc Party é muito mais do que o seu frontman e alguns outros caras. Sim, o carisma e a versatilidade do vocalista Kele Okereke foram fundamentais, mas o baixo destacado de Gordon Moakes, as guitarras afiadas de Russell Lisack, que falavam por sua voz [o guitar hero era avesso a entrevistas], e a batera insana de Matt Tong foram igualmente importantes para o seu DNA. Não à toa, depois da saída de Tong e Moakes — em 2013 e 2015, respectivamente —, o BP nunca mais foi o mesmo.

Outra curiosidade bacana sobre o LP é que uma versão inteirinha de remixes, o Silent Alarm Remixed, já mostrava o flerte do quarteto com a música eletrônica, o que se intensificaria progressivamente nos dois discos subsequentes, A Weekend in the City [2007] e Intimacy [2008], que representaram, junto com o debut, o auge de uma das bandas mais legais dos anos 2000.

Atualmente formado por Kele e Russell com o baixista Justin Harris e a baterista Louise Bartle, o Bloc Party de hoje é praticamente outra coisa. Ainda assim, os britânicos anunciaram nesta semana uma turnê comemorativa dos 20 anos de Silent Alarm na América do Norte, na qual tocarão o disco na íntegra — assim como bandas como The Killers e Arcade Fire fizeram recentemente. E nós, brasileiros, dificilmente teremos a oportunidade de conferir o resultado.

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