Blaxploitation: filmes para conhecer o protagonismo negro no cinema dos anos 1970
Conheça mais sobre o movimento cinematográfico que evidenciou os negros nas telas de cinema dos Estados Unidos
Nos anos 1970 nasceu o movimento Blaxploitation. Batizado assim por Junius Griffin, presidente da NAACP (National Association of the Advancement of Coloured People), como uma crítica a exploração das pessoas negras nas telas, o nome acabou sendo usado para designar as produções feitas entre os anos de 1970 e 1978.
Estes filmes eram protagonizados por atrizes e atores negros, sendo assim direcionados para a audiência afro-americana. A crítica feita por Griffin veio do fato da maioria dos personagens desses filme reforçarem a visão de pessoas negras como malandros e marginais. Entretanto, em contraponto, a visibilidade dada as pessoas que participaram das produções desse movimento tirou a população negra, artística do ostracismo.
Ainda assim e, apesar de ser um movimento que durou menos de uma década, estes filmes foram importantes. Eles projetaram a carreira de profissionais negros, assim como falaram sobre a beleza e a cultura afro-americana.
Rififi no Harlem
Dirigido por Ossie Davis, Rififi no Harlem (1970), considerada a obra fundadora do Blaxploitation se baseia no romance de Chester Himes. A produção possui como pano de fundo a discussão política e cultural do movimento back to Africa. O protagonista do filme, reverendo Dek O’Malley (Calvin Lockhart), usa de sua influencia para tapear a comunidade em que nasceu e cresceu. Ele vende falsas promessas, sedução e esbanja estilo.
A característica marcante do Blaxploitation em Rififi no Harlem, é a tridimensionalidade de seu protagonista. Mesmo ele sendo um anti-herói, não existe em sua caracterização apenas bondade e maldade, pois Dek é complexo, autônomo e cheio de conflitos.
Blácula
E não apenas de filmes de gangues, ou romances policiais esse período foi feito. Houve uma boa quantidade de filmes de terror realizados pelo movimento. E todos os monstros clássicos foram revisitados: Frankenstein em Blackenstein (1973), zumbis em A Vingança dos Mortos (1974) e , Lobisomem em A Fera Deve Morrer (1974), apenas para citar alguns.
Um dos monstros favoritos, o vampiro não foi esquecido, aparecendo em filmes mais filosóficos como Ganja & Hess, mas também em filmes com mais suspense e sangue como Blácula (1972). Dessa maneira, o príncipe africano Manuwalde (William Marshall), mordido por Conde Drácula e, após anos adormecido, espalha o medo enquanto persegue a reencarnação de sua amada. O filme é uma livre adaptação do romance de Bram Stoker. Sua sequência, Os Gritos de Blácula (1973) mostra o retorno de Manuwalde após uma praticante de vodu ressuscitá-lo.
Coffy
Não apenas de homens foi feito o cinema Blaxploitation, mas também das divas do movimento. Nomes como Marlene Clark, Vonetta McGee, Gloria Hendry e Tamara Dobson são recorrentes ao se falar do movimento. Entretanto a rainha desse período é Pam Grier. Não é atoa que Quentin Tarantino a convidou para protagonizar Jackie Brown, no fim dos anos 1990.
Em Coffy – Em Busca da Vingança (1973), a enfermeira interpretada por Grier, decide eliminar os traficantes locais que levaram sua irmã caçula à decadência. Assim, ela se disfarça de prostituta e inicia uma jornada de vingança.