Black Rebel Motorcycle Club faz show eficiente, mas com volume de chá das cinco em São Paulo
Os icônicos Black Rebel Motorcycle Club, power trio formado em 1998, fizeram show em São Paulo na última sexta-feira (18), numa ação global coordenada pela marca de tênis Vans, chamada House of Vans. O evento na cidade ocorreu na Casa das Caldeiras, antiga fábrica da família Matarazzo, e deu início ao tom peculiar da noite.
Para ir ao show, você deveria se inscrever no site da Vans e esperar que fosse um dos sortudos a serem serem chamados para o evento. Não soube de ninguém que conseguiu ser convocado para o show dessa maneira, apesar de ter encontrado um monte de amigos lá. Essa informação, mais a semelhança de perfil entre as pessoas presentes, me fez questionar a legitimidade do sorteio. Mas vamos ao que interessa, o show do BRMC.
A banda subiu ao palco visivelmente incomodada. Eu já toquei com a minha banda lá e sei que, apesar do lugar ser belo, a acústica não ajuda nem um pouco. O local do show na Casa das Caldeiras é um galpão com um teto bem alto, para umas 500, 600 pessoas. Quem mexe com som sabe o quanto é difícil tirar som em uma sala com essas dimensões. O incômodo era tão grande que na terceira música o guitarrista/baixista/vocalista Robert Been pediu ao público que o informasse case ele precisasse aumentar o som da guitarra, e o público respondeu na hora que tinha que aumentar muito.
Outro fator que me chamou muito a atenção foi ouvir um monte de gente falando a mesma coisa que eu estava pensando: a baterista deles é ruim. Leah Shapiro toca com dificuldade no palco. Ela é muito dura e parece não conseguir acompanhar o altíssimo nível de “guitar-playing” e “bass-playing” dos companheiros de banda.
Apesar de tudo, a banda cumpriu o seu trabalho com louvor. O show foi pesado e cheio de hits, Beat the Devil’s Tattoo, Red Eyes and Tears e Ain’t no Easy Way foram cantadas em uníssono. Uma banda que existe há 17 anos não brinca em serviço. Fico imaginando quantas horas de palco uma banda como o BRMC deve ter…
A timbragem dos amplificadores estava maravilhosa, dava pra sentir o gosto da nostalgia de quando ouvíamos Black Rebel Motorcycle Club mais novos. A seleção de pedais estava muito boa também. Roqueiro bom é assim, usa poucos pedais, é enxuto.
Eu terminei a noite com sentimentos dúbios. Estava contente por ter visto uma das bandas mais legais da minha adolescência, mas estava desanimado por ter visto o show nessas condições. Eu gosto de show de rock alto. Não gosto de ir ao show de uma banda que eu curto e conseguir conversar como se estivesse num chá da tarde com a minha tia. Gosto de sair de um show com o ouvido apitando tão alto que ao deitar na cama você só consegue pensar “que puta show foda”. Mas para não ser injusto, preciso aclamar a organização da Vans pelo restante do evento. Tirando essas coisas de som que me incomodaram, foi uma noite muito legal e muito bem organizada.