Movimento criado como hashtag de redes sociais em 2013 ganhou tração a partir da sua primeira conferência, realizada há dez anos

Há dez anos, uma conferência reunia pela primeira vez, no mundo “físico” de forma mais organizada, um movimento que surgiu organicamente no ambiente virtual, alimentado pela revolta à brutalidade e o raciscmo da polícia estadunidense. O Black Lives Matter começou com uma hashtag de redes sociais em 2013, após a notícia de que um racista assumido chamado George Zimmerman foi absolvido pela justiça americana no caso da morte de Trayvon Martin, um jovem negro de apenas 17 anos.

Já repetia quase diariamente meu professor da faculdade, “o óbvio precisa ser dito”. As vidas das pessoas negras são importantes, tanto quanto as dos brancos. O slogan, como pressão popular, presta até hoje a esse objetivo. Rapidamente, a ação se tornou viral no mundo inteiro, e muitos artistas entraram imediatamente na campanha, como Beyoncé, Kendrick Lamar, Kesha, Lorde, Green Day e Lauryn Hill, entre centenas de outros.

Foi uma música de Kendrick Lamar (Alright), por sinal, que se tornou um hino da primeira Conferência Black Lives Matter, na universidade estadual de Cleveland, entre os dias 24 e 26 de julho de 2015. E dá-lhe mais absurdos do comportamento humano. Um encontro que levanta a bandeira contra o racismo a e violência policial terminou como? Com mais violência policial.

Perdoem-me pela repetição da palavra absurdo no texto, mas que outra usar para conta uma história em que uma turma de policiais resolveu colar no final da conferência e prender um garoto de 14 anos acusando-o o de “intoxicação em público por álcool ou drogas”? E a abordagem, claro, foi padrão: jogaram o garoto no chão com a violência medida para derrubar um touro. A confusão estava feita, e a conferência acabou em pancadaria, amplificando ainda mais a desgraceira que é o tratamento policial aos pobres e pretos.

Em um belo exemplo de união, a classe artística encampou o movimento através de declarações em shows e postagens em redes sociais. Alguns, porém, foram além. Suas músicas se tornaram hinos nos protestos, e alguns até compuseram faixas na força do ódio ao racismo, apoiando o Black Lives Matter. Sempre importaram. Sempre importarão.

Veja abaixo oito canções que inspiraram ou foram inspiradas pelo Black Lives Matter:

Kendrick Lamar – Alright

Prince – Baltimore

Beynoncé – Black Parade

Childish Gambino – This Is America

H.E.R. – I Can’t Breathe

DaBaby – Rockstar

Lauryn Hill – Black Rage

Karol Conká – Tempos Insanos