
Barry Can’t Swim transforma palco do Lollapalooza Brasil em rave escocesa
Saiba como foi o show do DJ, produtor e multi-instrumentista britânico Joshua Mainnie, que abriu a noite no Palco Perry’s by Fiat
Por Claudia Assef e Flávio Lerner
Barry can’t swim, mas sabe fazer o povo dançar com vontade. Uma das atrações mais aguardadas pelo Music Non Stop, o DJ, produtor e multi-instrumentista escocês chegou às 19h15 no Palco Perry’s by Fiat trazendo uma hora de seu próprio repertório, que inclui hits mais antigos e atualmente também entrega músicas do seu segundo álbum, previsto para o dia 22 de julho pela Ninja Tune.

Seu som é majoritariamente um house de pistão festivo com muito piano, mas que também alterna para momentos mais ácidos, trippy e com breakbeats. Ainda agradou aos brasileiros mostrando que bebe diretamente da nossa música: sua faixa Dance of the Crab traz samples da canção A Gira — “ele atirou a flecha, com seu bodoque atirou” — foi imediatamente sucedida por Kimbara, que tem total inspiração no boogie brazuca de Lincoln Olivetti.
Sabe aquele meme “what do DJs really do”? O rapaz mostrou: pode tocar música dos outros (o faz com exímia competência em seus DJ sets), produz tracks próprias e ainda toca (muito bem) teclado durante a apresentação. A apresentação é um híbrido de live eletrônico e show com banda. Além dele, havia um baterista e uma tecladista no palco — um formato pocket do show que podemos ver na 02 Academy Brixton, em Londres.
O som tem vibe da house inglesa dos anos 90, com muita influência de soul e disco. Solar e feliz como um amanhecer numa rave hippie sem fins comerciais — coisa que não existe mais, né? Lá pelo meio da performance, fomos transportados para uma atmosfera tranceira bem ao estilo escocês que, mesmo sem nunca ter ido pra lá, é possível puxar no inconsciente coletivo dos fãs de Trainspotting e sua maravilhosa trilha sonora.

Muitas camas de teclado grandiosas, vocais femininos ao fundo e bateria quebrada. Pronto: neste pequeno espaço de tempo esse rincão do Autódromo de Interlagos virou uma pista no Reino Unido A música eletrônica inglesa é mestra em beber da soul music e transformá-la em algo magicamente dançante. Barry Can’t Swim abriu um buraco de minhoca e nos levou direto para alguma rave perdida no interior da Escócia. Ai, que delícia!