Bárbara Boeing é um dos principais nomes da cena de música eletrônica brasileira. São mais de dez anos aprofundando e refinando uma vasta pesquisa musical com sets que viajam pelos mais variados ritmos e épocas. Além da técnica, a DJ também é responsável por projetos que deram um novo significado para a noite em Curitiba. Bárbara é uma das fundadoras da Alter Disco, festa que se tornou sinônimo de liberdade de expressão, mudança de paradigmas sociais e curadoria musical afiada na cena curitibana, sempre contando com sets impecáveis da artista.
Protagonismo que a garantiram convites para tocar nas mais respeitadas e diversas pistas como Selvagem (SP), 1010 (MG), Neue (POA) Casalocasa (Peru) e Coup (Argentina). Seus sets também chamaram atenção em outros continentes e garantiram presença em grandes festivais como Dekmantel São Paulo 2018 e Nuits Sonores 2019, além de duas turnês europeeias por dois anos consecutivos.
Leia nossa conversa com ela:
Que características fizeram com que a Alter Disco se tornasse importante em Curitiba e chamasse atenção mundialmente?
Bárbara Boeing – Creio que isso se inicia na curadoria da festa. O público curitibano, depois de 7 anos de festa confia no que queremos mostrar pra eles. Na maioria das vezes eles vão de ouvidos abertos para a apresentação dos artistas sem mesmo nunca terem ouvido falar sobre eles. Tentamos mostrar sempre artistas um pouco mais desconhecidos dentro da cena nacional, mas que tenham o nosso “selo” de qualidade.
Essa reciprocidade com o público é algo muito agradável e também energizante para qualquer DJ. No boca a boca, essas notícias chegam do outro lado do oceano e hoje em dia recebemos muitos emails de DJs que sempre quisermos trazer querendo tocar na nossa festa.
Acho que talvez o fato de alguns de nós termos tocado fora do país algumas vezes possa ter aumentado a visibilidade da festa também. Isso é muito importante, pois estamos passo a passo colocando Curitiba como uma das cidades que atraem música eletrônica de qualidade dentro do Brasil.
O que está rolando de mais interessante na música na sua opinião?
Bárbara – Acho que está acontecendo um aumento na quantidade de colecionadores musicais dentro das pistas. Pessoas que não necessariamente são DJs mas tem coleções gigantescas de discos e entendem mais de música do que muitos de nós por aqui.
Acho que isso pode ser visto como uma nova tendência que vai aumentar exponencialmente. É óbvio que a mixagem em si é algo quase que insubstituível para manter o ritmo de uma pista cheia de pessoas, mas, quando a pista ainda está em formação é lindo ver coleções que as vezes nunca foram tiradas do armário em plena ação com corpos dançantes celebrando-as.
Se identifica com a nova safra de mulheres DJs, vê alguma unidade entre vocês?
Bárbara – Quando eu comecei, há mais ou menos 13 anos, existiam poucas artistas na cena eletrônica, posso dizer que dava pra contar nos dedos mesmo. Hoje em dia, já consigo colocar alguns nomes muito grandes e conhecidos internacionalmente como Cashu, Amanda Mussi e Érica Alves.
Não sei se unidade é a palavra, mas consigo ver uma nova safra de DJs que não se focam tanto no Techno e entram um pouco mais no que eu costumo tocar. Linda Green, Tata Ogan, Giu Nunes, Kika Deeke são bons exemplos disso.
Quais são suas maiores influências?
Bárbara – Não tenho ninguém que posso colocar como maior influência neste momento, mas cada vez mais eu conheço amantes da música no geral e eles me fascinam com as suas histórias e conhecimento musical me mostrando gêneros novos que eu nunca havia notado anteriormente e com isso, engrandecendo diariamente a minha pesquisa.
O que tem te deixado animada?
Bárbara – Estou com o segundo tour europeu do ano marcado para outubro e estou feliz demais por ter conseguido montar dois consecutivos. Vou conhecer várias cidades que nunca fui e ver amigos que não vejo há anos. Isso definitivamente anda me deixando bem animada.