A banda Gorillaz lançou seu novo álbum que conta com a parceria de várias estrelas da música como Elton John, Beck e Robert Smith do The Cure. A banda virtual anunciou que tem planos de realizar shows em dezembro, em vários fusos horários e com vários convidados. Estes convidados serão diferentes dos artistas que participam de Song Machine.
Damon Albarn, vocalista, confirmou que a banda fechou com a Netflix um acordo para uma animação em longa metragem. Cada clipe da banda é como um curta-metragem, sempre com uma narrativa particular e alguns até com uma sequência lógica de tal forma que o último álbum foi concebido para ser um tipo de web série.
Seus videoclipes mesclam cenas reais com as já conhecidas animações do grupo mostrando os bastidores da gravação do álbum. Mesmo que a banda esteja se dedicando a segunda temporada de Song Machine, a ideia de um filme completo da Gorillaz tem sido algo esperado e falado durante uma grande parte dos 20 anos de existência da banda. Talvez esta pausa na turnê signifique que Albarn finalmente terá tempo para concluir o projeto.
Mas essa não será a primeira vez nem sequer a última vez que uma banda migrará dos discos para as telas. Confira aqui as indicações de outros filmes com conhecidas estrelas da música.
Até The Beatles se tornaram uma animação
O cinco rapazes de Liverpool fizeram alguns filmes nos anos 1960. Todos com suas músicas nas trilhas sonoras. O primeiro foi A Hard Day’s Night (1965) – lançado no Brasil como Os Reis do Iê-Iê-Iê – e o último Let It Be (1969).
Desses títulos um dos mais lembrados é o quarto, a animação Yellow Submarine (1968). Esse filme se passa na terra de Pepperland, um paraíso da música. No entanto o lugar é assolado pelos Blue Meannies que querem acabar com a felicidade local e também com a música. Assim nossos heróis, The Beatles, aparecem para salvar Pepperland dos malignos vilões ao som de suas canções e personificados por ilustrações psicodélicas assinadas por Heinz Edelmann.
O ilustrador tcheco trabalhava anteriormente com caricaturas, cartazes e ilustrações para o teatro. Após Yellow foi sócio de uma empresa de animação em Londres, mas seu sonho de realizar mais animações não se concretizou. Trabalhou como ilustrador e designer até o fim de sua vida. Faleceu em 2009 de doença cardíaca. O curioso sobre a animação é que apesar do sucesso com o público os próprios Beatles não gostaram da idéia do filme. Dessa maneira suas vozes acabaram sendo dubladas por outras pessoas e eles mesmo só aparecem no final cantando All Together Now.
As óperas rock saem dos discos e vão ao cinema
Duas grandes bandas de rock foram ao cinema em forma de filme: The Who e Pink Floyd. Ambas são óperas rock, uma narrativa contada em diversas partes, como uma ópera. Entre os anos 1960 e 1970 vários artistas produziram álbuns com essa característica, como The Kinks e David Bowie.
Tommy
O álbum de 1969, do The Who, foi o primeiro trabalho a ser denominado explicitamente assim. Composto por Pete Townshend, foi um grande sucesso de vendas. Como consequência deu origem a versões para teatro e até balé. No cinema ganhou vida em 1975 com direção de Ken Russel e elenco composto por artistas muito populares. Integram o elenco Ann-Margret, Jack Nicolson, Elton John e Tina Turner, além dos integrantes da banda.
O filme foca na vida de Tommy. Filho de Nora Walker e do capitão Walker, recém falecido na guerra o jovem passa por um trauma severo. A mulher se casa novamente, mas seu marido não está realmente morto. Ao voltar para casa o capitão Walker é morto pelo novo marido de Nora na frente de seu filho. Assim Tommy entra em um estado catatônico, além de perder sua voz e sua visão.
O roteiro original sofreu algumas alterações para se adequar ao momento e ao suporte. Uma delas foi a ambientação durante a Segunda Guerra, assim como a composição de novas canções apenas para o filme, sendo Mother and Son uma delas. Canções como Pinball Wizard, interpretada por Elton, tiveram versos alterados, também com o objetivo de se adequar ao filme.
The Wall
Em 1979, o Pink Floyd lança The Wall, talvez a mais celebrada de todas as óperas rock. Suas apresentações durante a turnê do álbum eram teatrais e intensas. Infelizmente uma obra tão genial é marcada pelas primeiras desavenças que viriam a ser o ponto de partida para a dissolução do grupo. Ainda assim, após três anos uma versão para o cinema, tão intensa quanto a performance do grupo em palco, foi dirigida por Alan Parker.
De maneira idêntica ao álbum o filme conta a história de Pink, inspirado no próprio Roger Waters, que perde o pai na guerra e é criado de maneira super protetora pela mãe. Humilhado por um professor como se fosse um caso perdido o garoto alcança o estrelato na música, se casa, mas é traído pela esposa.
Esses processos que provocam em Pink dor e tristeza são representados pelo muro que cresce ao seu redor. Esse muro o tornam uma pessoa introspectiva. Bem como o isolamento, a influência de um filme na TV e seu entorpecimento o levam a criar uma facção neonazista. Dessa maneira, com centenas de seguidores, Pink luta em busca de justiça contra os “males” da sociedade. Porém ele é preso, julgado e condenado a derrubar o muro.
Originalmente a concepção de The Wall era de um filme-concerto, como Live at Pompeii, aproveitando as filmagens de diversos shows da turnê somados a algumas animações e cenas estreladas por Waters. O músico não se destacava como ator e Alan, ainda que fã da banda, era muito exigente. Assim, a ideia de sua participação foi descartada e Waters substituído por Bob Geldof. Sem dúvidas ganhamos uma bela obra em tons sombrios, recheada de animações surrealistas.
Girls Just Wanna Have Fun
E para quem acha que apenas os rebeldes do rock’n’roll fazem filmes saibam que no fim do século passado o quinteto londrino feminino também teve sua dose de aventura nas grandes telas. De 1997, Spiceworld – O Mundo das Spice Girls narra as aventuras das Spice Girls, cinco dias antes de sua primeira turnê, pelas ruas de Londres.
As meninas se envolvem em várias confusões a bordo do spicebus deixando seu empresário enlouquecido. O filme é uma comédia despretensiosa que reflete sua época. A girl band lançou a Spice Mania e, assim como inúmeras boy bands e artistas, movimentaram fãs e dinheiro a cada movimento que fizessem.
Todos os anos surgem boatos de um possível retorno do grupo para um revival, mas enquanto isso não acontece para quem viveu o período vale a pena assistir ao longa, sem muitas expectativas, só pelo prazer de matar saudades.