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Por Jota Wagner

16 de maio de 2025

Grupo fundado em 1977 por Oberdan Magalhães se apresenta novamente em São Paulo neste sábado, 17, com a participação de Carlos Dafé

Fundada em 1977 por Oberdan Magalhães (falecido em 1984), a Banda Black Rio é uma instituição da música brasileira, seja pelo próprio trabalho gravado, com especial ao lendário disco de estreia Maria Fumaça, um clássico absoluto entre os colecionadores de disco, seja pelos transeuntes de seus músicos por entre os capítulos mais importantes da nossa canção.

Oberdan foi membro de outro lendário grupo brasileiro, o Abolição, de Dom Salvador. Foi com as “sobras” do grupo, encerrado com a mudança de Salvador para os Estados Unidos, que o músico formou a turma de bagunceiros que, mais tarde, se tornaria a Black Rio. E se alguém tem dúvidas sobre a relação com o movimento carioca de bailes de música black, xará do grupo, saiba que a resposta é sim: a banda e o movimento cultural Black Rio têm grande conexão.

Isso porque o grupo começou “sob encomenda” para atender à demanda dessa galera. No início dos anos 70, o DJ Dom Filó começou a lançar coletâneas em vinil com os maiores hits tocados pelos grupos de baile do movimento, nos subúrbios do Rio de Janeiro. André Midani, então executivo de gravadora tarimbado na cidade, foi conferir alguns bailes e se incomodou: “falta artista brasileiro”. Tudo o que era tocado nos bailes vinha da gringa. Midani reclamou com Filó, que comentou com Alcione Magalhães, irmã de Oberdan.

Batata! Oberdan Magalhães juntou os amigos do Abolição para montar uma banda, assim de última hora, para compor alguma coisa para as coletâneas e, com sorte, entrar no forte movimento dos bailes black. Surgia a Hot Stuff Band, mamãe da Black Rio. O grupo gravou um cover de Ju-Ju-Man, da banda alemã Passport, e entrou em uma coletânea. Com o sucesso da recepção, Midani chamou Oberdan para conversar, contratando-o para montar um grupo para sua gravadora, genuinamente brasileiro.

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Assim nasceu a Banda Black Rio, que cresceu em meio aos bailes cariocas e virou cult entre os apreciadores da música brasileira, e se apresenta mais uma vez em São Paulo, dia 17 de maio, no Sesc Santana, com a participação especial do cantor, compositor e instrumentista Carlos Dafé.

A formação atual, colocada em pé desde 2011 pelo filho de Oberdan, Willian Magalhães, ainda conta com Josué dos Santos (saxofone e flauta), Will Bone (trombone), Otávio Nestares (trompete), Marquinho Osócio (guitarra e vocal), Sidney Linhares (guitarra), Claudio Rosa (baixo e vocal), Bruno Silveira (bateria), Thiago Silva (bateria e percussão) e Mafran do Maracanã e Ricardo Brasil (percussão), celebrando o legado iniciado pelo pai.

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Serviço

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.