Backstreet Boys Foto: Reprodução

Backstreet Boys e a história das boybands: de Monkees a BTS

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Grande atração do The Town nesta sexta-feira, grupo americano redefiniu o conceito de boyband nos anos 90

Nessa sexta-feira, 12, o público do The Town aproveitará a setima apresentação dos Backstreet Boys em terras brasileiras. O grupo celebra 30 anos de carreira e de sua meteórica explosão mundial, se tornando a boyband mais bem sucedida da história, com mais de cem milhões de discos vendidos ao redor do globo.

Realmente, os garotos foram onipresentes nas TVs e rádios nos primeiros dez anos de sua carreira, graças aos álbuns Backstreet Boys (1996), Backstreet’s Back (1997) e Millennium (1999). No entanto, o formato existe desde 1960, e sempre foi garantia de dinheiro na conta dos empresários. Mas afinal, qual a história desse diacho de boyband? É o nome dado para grupos só com garotos? A gente explica.

Boyband é um modelo de negócio, mais do que um projeto musical propriamente dito. Um grupo feito para encantar e vender, bolado por empresários e produtores musicais com, digamos, “foco no mercado”. Criado por quem conhece o labirinto da indústria da música, esse tipo de grupo já entra no estúdio com o pacote completo. Integrantes bonitinhos escolhidos a dedo, compositores contratados para criar os hits, produtores musicais escolados, figurinistas e departamentos de promoção por trás.

Em vários casos, até mesmo a personalidade de cada integrante (o inteligente, o rebelde, o engraçado, etc.) é cuidadosamente desenhada, antes da escolha dos futuros astros. O K-pop, filho mais rico do movimento e que tem no BTS o seu maior expoente, é pródigo nessa estratégia, transformando cada membro do grupo em uma espécie de labubu musical, feito sob medida para todo o tipo de fã.

A estratégia não significa, necessariamente, que o produto resultante é fraco. Uma vez que os melhores profissionais são contratados nos bastidores, boas músicas e performances acabam vindo de brinde ao universo da música. Justin Timberlake e Ricky Martin saíram de grandes boybands. O primeiro grupo criado nesse formato, originalmente para uma série de TV em 1966, foi o The Monkees. E não dá para dizer que músicas como I’m A Believer e Last Train to Clarksville são ruins.

Outro exemplo de uma boyband capaz de encher os ouvidos de alegria são os Jackson 5, lançados pela Motown em 1969. Os cinco irmãos, tratados como gado pelo pai empresário, foram feitos sob medida: crianças e adolescentes tocando soul e dançando maravilhosamente. Os passinhos de dança onipresentes nos projetos que veremos no palco do The Town, aliás, foram inventados pela família Jackson. Hoje em dia, não existe boyband sem coreografias.

Voltando aos astros da noite, os Backstreet Boys aproveitaram a porteira aberta pelos precursores New Kids on the Block, papais dos headliners do The Town e donos, até serem desbancados pelos “garotos da rua de trás”, como o “grupo mais popular do planeta”. Os New Kids surgiram no começo dos anos 80 e moldaram o formato que conhecemos hoje nos Estados Unidos. Jovens bonitinhos dividindo dança, harmonização e adocicados hits pop em cima de um palco superproduzido.

Não foram os primeiros. Antes deles, em 1980, os porto-riquenhos do Menudo fizeram um gigantesco sucesso em toda a América, incluindo o Brasil. Foram os verdadeiros inventores da boyband como conhecemos hoje. Entre o Menudo e o NKOTB, um outro grupo de Boston chamado New Edition já aparecia no show business com a mesma proposta, mas nem de longe alcançou o sucesso mundial.

Com a porteira aberta por Menudo e New Kids, veio uma avalanche de novos projetos, cada um mirando os milhões de dólares, entre eles os Backstreet Boys e o N Sync, sem contar o fenômeno britânico Spice Girls, a maior “girlband” da história da música pop, em atividade na década de 90.

Conhecendo a história, fica mais fácil cantar junto os hits I Want It That Way, Everybody e As Long As You Love Me.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.