
Austrália muda sistema para ver quem são os artistas mais tocados no país
Priorizando novidades, o novo modo de calcular a popularidade nos charts se equipara aos de Reino Unido e EUA
A ARIA (Associação Australiana da Indústria de Gravação) anunciou oficialmente que vai alterar sua fórmula de cálculo para determinar quem são os artistas mais tocados na Austrália. Para evitar a estagnação nos charts, sempre com os mesmos artistas, e a fraca presença de nomes locais, a associação decidiu limitar seus rankings a canções lançadas há apenas dois anos. Com isso, a nação se equipara a países com mercados maiores, como Reino Unido e Estados Unidos, priorizando as novidades.

Em praticamente todos os sistemas de cálculo, uma música lançada há mais de dois anos pode voltar aos charts em condições bastante específicas como, por exemplo, um aumento extraordinário de tocadas graças a algum vídeo que acabou viralizando nas redes sociais (como aconteceu com Dreams, do Fleetwood Mac, incluída no famoso vídeo do skatista boa onda descendo a ladeira). No entanto, mesmo esses casos são analizados individualmente, pelo pessoal das associações, antes de serem “autorizados” a voltar.
Tais mudanças foram incluídas no mundo dos rankeadores após o sucesso dos serviços de streaming. Antigamente, se um disco acabava na prateleira da loja, ele parava de vender. Logo, saía dos charts, dando lugar aos novos lançamentos. No mundo do Spotify, por exemplo, essa escassez física acabou. O primeiro disco da Madonna estará sempre lá, disponível para ser ouvido a qualquer momento, o que tornava cada vez mais difícil para um novo artista se destacar, competindo com grandes clássicos da música pop. A solução encontrada por organizações como a Billboard estadunidense ou a UK Singles Charts, britânica — e agora a ARIA, da Austrália —, foi de colocar o limite de tempo na comparação.
Antes era na canetada
Até o ano de 2000, quando não havia serviços de streaming, a conta de quem estava bombando mais era feita na caneta. Os analistas juntavam dados semanais de vendas de centenas de lojas de disco espalhadas pelo país aos relatórios enviados pelas rádios. Quantas vezes a música tocou mais quanto ela vendeu determinava quais artistas e discos eram os campeões.

O dilema do streaming
Quando todo mundo passou a ouvir música através do celular, os rankeadores se viram num dilema: “como a gente mede esse troço?”. A solução foi adaptar suas fórmulas para a nova realidade, mas sem deixar de lado a tradição. Pouca gente sabe, por exemplo, que a audiência na rádio ainda tem um peso enorme, principalmente nos rankings americanos. A Billboard analisa relatório do que andou tocando, com peso maior para aquelas com alcance nacional. Como o conceito para julgar quem é mais pop foi construído na época das “vendas”, um play no Spotify, por exemplo, vale seis vezes mais pontos se vier de uma conta paga (premium).
Rede social não entra
Por mais incrível que possa parecer, a audiência nas redes sociais não conta nos rankings de todos os países, nem mesmo vindo do YouTube, paraíso para fãs de música e suas histórias. O que geralmente acontece é que, ao conhecer (ou relembrar, no caso de Dreams) um novo som, muita gente entra em seus serviços de streamings e ouve a música inteira, ajudando na sua contabilização para o ranking. A visualização ou inclusão em um vídeo viral em redes como TikTok e Instagram, por si só, não significam na para os charts.