Gato Preto

Atração do Favela Sounds, Gato Preto diz que afrofuturismo está ‘só começando’

Fabiano Alcântara
Por Fabiano Alcântara

Maior festival brasileiro dedicado à cultura da periferia, o Favela Sounds chega a sua quarta edição, entre 11 e 17 de novembro. O evento reúne shows, oficinas e palestras, em mais de 10 regiões administrativas do DF, não apenas no Plano Piloto

Nesta edição, vai rolar a primeira residência internacional, com o grafiteiro inglês Dreph. Entre as atrações, Gato Preto, radicada em Düsseldorf, Alemanha, e formada por artistas de Moçambique, Gana e Senegal.

A lista inclui ainda a heroína local DJ Donna (DF) e outros nomes importantes como  Black Alien (RJ), Iasmin Turbininha (RJ), Majur (BA), Tássia Reis (SP) e Shevchenko & Elloco ELLOCO (PE).

Expressão do afrofuturismo na Europa e liderada pela explosiva vocalista moçambicana Gata Misteriosa, a banda vem pela primeira vez ao Brasil para duas atividades do festival Favela Sounds.

A primeira em São Paulo no dia 15, com uma roda de conversa e show no quilombo urbano Aparelha Luzia, e a segunda em Brasília no dia 16, como parte do lineup deste festival muito especial, que leva a favela para o centro do poder político, em Brasília.

A sonoridade diversa da Gato Preto é auto denominada Global Bass Afrofuturista. Ao fundir a música e a cultura de Moçambique às sonoridades do Gana ao Senegal, Gato Preto faz repensar tudo o que você entende sobre a música africana.

Com apresentações afrofuturistas, o grupo não dá apenas um show; como também constrói uma verdadeira cena de novos e talentosos artistas vindos do continente africano, que passam a ganhar luz no cenário europeu. Junto a esse caldeirão sonoro africano, o trio bebe na essência do funk carioca, nos township grooves da África do Sul e no hybrid tech chamado kuduro, de Angola.

O produtor e músico da banda, Lee Bass, de origem ganense e alemã, cria as bases para as afiadas rimas da MC Gata Misteriosa, moçambicana que viveu em Lisboa e hoje mora na Alemanha, e os djembês emocionantes do percussionista Moussa Diallo.

A banda construiu sua reputação através de performances ao vivo altamente enérgicas – eles combinam batidas eletrônicas com poderosas percussões ao vivo e a voz intensa da Gata Misteriosa – projeções e figurinos que expressam o sentimento de futuro da diáspora no continente em que vivem hoje. A primeira turnê da banda pelo Brasil conta com o patrocínio do Goethe-Institut.

Leia entrevista com a Gata Misteriosa:

O que tá acontecendo de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Gata Misteriosa – Neste tempo muita coisa interessante está acontecendo: influências globais chegaram finalmente na música pop e principalmente a música africana está tendo muita influência em quase todos os tipos de música.

Existe algo da música brasileira que os tenha influenciado?
Gata – A mim pessoalmente teve muita música brasileira envolvida na minha infância, porque crescendo em Portugal, sempre se tem muito contato a cultura brasileira. Bossas, sambas, forrós….

Quais são suas maiores influências?
Gata – São tantas que fica difícil de dizer assim, mas essencialmente mulheres com poder e segurança de si próprias: Lauryn Hill, Nina Simone, Tina Turner, só para dar alguns exemplos. Mas também música que a gente ouvia em casa.

Que caminhos vê como tendência no afrofuturismo?
Gata – Agora que está no foco da sociedade, isto só começou. É um plataforma excelente para se exprimir artisticamente, filosoficamente e politicamente.

Qual é o segredo que faz com que artistas de origem periférica consigam se impor como tendência mundial, na sua visão?
Gata – Segredo, segredo não tem, mas existem princípios muito fundamentais. Trabalhar muito, arriscar muito e ter disciplina. Sacrificar tempo que convívio e farra para realmente fazer e trabalhar na arte. Pode ser divertido, porque você tem paixão mas ter uma certa força mental de focar nas coisas importantes e deixar as coisas que não são relevantes.

SERVIÇO

Gato Preto no Favela Sounds Brasília e São Paulo

Em São Paulo. Dia 15 de novembro, a partir das 20h Local: Aparelha Luzia (Rua Apa, 78 – Campos Elíseos) Grátis. Classificação indicativa: 18 anos

Favela Sounds

PROGRAMAÇÃO O BAILE

16 DE NOVEMBRO – SÁBADO //

>> Abertura dos portões: 16h

>> Shows

AFOXÉ OGUM PÁ (DF)

DORALYCE (PE)

PAULO AMARO (DF)

MAJUR (BA)

ALT NISS (SP)

GATO PRETO (MOÇAMBIQUE/ALEMANHA)

ENME PAIXÃO (MA)

TÁSSIA REIS (SP)

DJ BYANO (RJ)

SHEVCHENKO & ELLOCO (PE)

TYRONE (DF)

17 DE NOVEMBRO – DOMINGO

Abertura dos portões: 17h

Shows

7 NA RODA (DF)

PRETHAIS (DF)

TUYO (PR)

DJAM NEGUIN (CABO VERDE)

VANDAL (BA)

TRAP FUNK & ALÍVIO (BA

A DAMA DO PAGODE (BA)

DJ DONNA (DF)

BLACK ALIEN (RJ)

IASMIN TURBININHA (RJ)

No Estádio Nacional Mané Garrincha . Grátis – retirada de ingresso gratuito pelo Sympla até às 21h – após às 21h a entrada será mediante apresentação do ingresso e doação de 1kg de alimento.

Programação completa e classificação indicativa em www.favelasounds.com.br

Realização: Um Nome Produção e Comunicação

Patrocínio: Oi