
As 5 melhores cenas de “Breaking Bad”
Criador da série, Vince Gilligan elegeu seus momentos favoritos em 2013
Breaking Bad conta a história de um professor de química do ensino médio que, ao descobrir um câncer em estado terminal, decide fabricar meta-anfetamina para pagar o tratamento (lá não tem SUS, lembra?) e deixar um certo conforto financeiro para sua família, Ao longo da história, que teve cinco temporadas, o profe acaba gostando do poder que o tráfico lhe traz, e vai crescendo no pedaço até incomodar grandes cartéis.

Entre as muitas qualidades da obra, que ganhou 16 prêmios Emmy e dois Globo de Ouro, destaca-se a construção dos personagens principais e secundários da trama, muito além dos dois protagonistas, o professor Walter White (Bryan Cranston) e seu comparsa Jesse Pinkman (Aaron Paul). Quem chegava junto na trama se mostrava tão complexo e sedutor quanto os principais, senão mais. É o caso do advogado charlatão Saul Goodman, interpretado por Bob Odenkirk (e que acabou ganhando uma série própria, Better Call Saul), Gustavo Fring (Giancarlo Esposito), um traficante que se disfarça de um simpático dono de rede de lanchonetes, ou Mike (Jonathan Banks), um matador de aluguel cheio de códigos de conduta que passa os momentos de folga cuidando de sua netinha, como um apaixonado vovô.
Mas o que pensa seu criador, Vince Gilligan? Obviamente orgulhoso de seu trabalho, o diretor foi convidado pela revista Empire, na edição de maio de 2013, a elencar as cinco melhores cenas de Breaking Bad. Um refresco para quem tem saudades da série (bora maratonar de novo?) e um belo anzol para quem ainda não a assistiu.
A cabeça na tartaruga
Para mostrar seu poder, traficantes mexicanos decepam a cabeça de um traidor, o colam no casco de uma tartaruga e o soltam no deserto, para que seja encontrado pela polícia local. “A cabeça decepada sobre o casco de uma tartaruga vaga pelo deserto até que, boom, explode. Aquele foi um momento máximo para nós. Literalmente, cheguei para a equipe de roteiristas após a leitura da cena e disse: ‘quer saber? hoje já podemos almoçar mais cedo’.”
Gustavo Fring sem rosto
A cena em que o frio e calculista Gus Fring se dá mal, sofrendo um atentado que o deixa com o rosto desfigurado (uma bela sacada, já que o sorriso “falsiane” do traficante era uma de suas principais características) foi a segunda eleita como mais impactante por Gilligan. “Tive o prazer de dirigir diretamente aquela cena, que é muito vívida na minha memória, até porque demandou 19 tomadas. Foi um momento sincero de ansiedade e frustração, mas no final, saiu muito boa, eu acho”.
Walter White e Elliott Schwartz
Walter White e Elliott Schwartz eram melhores amigos na faculdade de química, a ponto de montarem uma empresa juntos. Após um triângulo amoroso não explicado totalmente na série, Walter vende sua parte ao sócio na empresa por cinco mil doletas. A empresa então crescer vertiginosamente e, enquanto Elliott se torna bilionário, Walter vira professor do ensino médio, tomado pela mágoa. Ao saber do câncer, o antigo amigo reaparece e se oferece para pagar todo seu tratamento, além da escolha de um cargo na empresa. Ali, segundo Gilligan, o verdadeiro Walter White entra em cena, recusando o convite e decidindo mergulhar de cabeça no tráfico de drogas.
Ligue para o Saul
“Está com problemas? Melhor ligar para o Saul!” Assim eram os comerciais de TV locais e outdoors do advogado de índole duvidosa e moral flexível, Saul Goodman. A cena escolhida pelo diretor é a da primeira aparição do personagem, quando um traficante de rua que vendia as metanfetaminas de Walter e Jesse é preso e o advogado aparece para defendê-lo sem ter sido ao menos contatado. O diálogo tarantinesco começa com Saul falando sobre como deveria receber seus honorários. “Cartão American Express? Definitivamente, NÃO!”
Caminho sem volta
Quando Walter White assassina o parceiro Mike após uma discussão, percebe que tudo estava definitivamente perdido. Que tudo aquilo havia indo longe demais. A cena rola na última temporada de Breaking Bad e é um prelúdio para o grande final. “É um momento bastante triste, maravilhosamente escrito e dirigido por um dos meus amigos mais antigos, um roteirista chamado Thomas Schnauz, que eu conheço desde a escola de cinema de NYU. Seu primeiro trabalho profissional de direção foi este, e ele foi responsável por uma cena fantástica. E, claro, Bryan Cranston e Jonathan Banks detonaram. Que grande trabalho eles fizeram.”