Artistas religiosos Foto: Stephen Dunn/Getty Images

5 artistas que mostram que experimentar religiões diferentes pode ser saudável

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Como disse Frank Sinatra, “Deus criou todos os homens e, portanto, é o mesmo para todos, independente da religião”

Não podemos fazer muita coisa contra líderes que usam a religião como instrumento para tentar controlar o pensamento de um povo e disseminar o ódio contra os diferentes. É possível que essa estratégia sempre será tentada, enquanto existirmos. Mas podemos, sim, mudar a nós mesmos e as pessoas à nossa volta, sendo assim a resistência contra manés que acham que podem reger nosso destino, de cima para baixo. “Pinte a sua casa e terás pintado o mundo”, diz muito bem o ditado.

Neste domingo, 21 de janeiro, o mundo nos lembra da importância em combater a intolerância religiosa. Cada um, no seu quadrado, precisa chegar no mesmo terminal. O ônibus não faz diferença alguma. O respeito à fé do outro (ou à falta dela) é imprescindível no mundo que todos queremos.

No entanto, e se a gente, além de respeitar, se permitisse o direito de experimentar um pouco de outras religiões? Dar um pulo no terreiro do bairro para conhecer o ritual, tomar um passe. Colar no culto da rua de traz para dar uma louvada sem compromisso, ou dar um pulo na missa do padre Júlio Lancellotti lá na Paróquia da Mooca. Sem neura, apenas para conhecer, sentir, mapear as sensações e o conhecimento adquirido ao fazer algo diferente.

Muitos artistas já deram aula de desprendimento religioso, se convertendo a outras religiões, se “desconvertendo”, praticando duas ao mesmo tempo…

Para te inspirar neste dia tão importante,  listamos um time da música e do cinema que não viu problema nenhum em passar um tempo em territórios espirituais diferentes (se é que isso existe).

Snoop Dogg

Dá para entender por que o Snoop Dogg é um dos artistas com maior amplitude intelectual no mundo da música. O rapper não tem medo de experimentar, seja no campo do entretenimento — em 2024, será comentarista esportivo nas Olimpíadas de Paris — ou no da religião. Dogg jogou nas 11 posições se converteu diversas vezes, como quem se inscreve em um novo curso.

Criado na igreja Batista por sua família, Snoop Dogg virou mórmon na juventude. Mais tarde, se converteu ao islamismo. Em busca de novidades, mudou de novo, desta vez para o rastafari. Mais velho, resolveu dar um pulo no cristianismo.

“Sou apenas um advogado da paz”, disse em entrevista à BBC. Admitiu, inclusive, frequentar eventos de várias religiões simultaneamente.

Bob Dylan

O Nobel da literatura e ídolo de uma nação de fãs (de diversas gerações) decidiu por uma conversão incomum. Do judaísmo para o cristianismo. E dos devotos! Bob Dylan já confirmou em diversas entrevistas que é um leitor fervoroso da bíblia e que acredita em conceitos como “danação e salvação”, presentes na vertente religiosa.

Sua conversão rolou em 1979, quando o cantor estava meio pra baixo. Muitos de seus fãs (olha a intolerância religiosa aí) ficaram possessos. Não era o mesmo Dylan, bradavam.

Literalmente falando, não mudou para pior não. É óbvio que a experiência apenas acrescentou, ao poeta Dylan, mais um panorama filosófico.

George Harrison

George Harrison foi, durante sua vida, um dos grandes divulgadores do sincretismo religioso. Batizado como católico em 1943, ano de seu nascimento, não só se encantou com as visões religiosas vindas da Índia, em especial o Hare Krishna, como arrastou seus parceiros de banda para retiros espirituais às marges do Ganges quando os Beatles estavam no auge, o que rendeu inspirações para gigantescos sucessos do grupo.

Harrison também se tornou amigo íntimo de alguns de seus gurus, como o Deepak Chopra, e, mesmo seguindo praticando o Hare Krishna e práticas como a japa-yoga — meditação através de mantras direcionados às divindades —, se aproximou de teologistas que lhe ofereciam visões alternativas do cristianismo.

Ice Cube

Ice Cube se juntou ao grupo barra pesada N.W.A em 1986, no auge do cenário gangsta estadunidense, permeado por tretas entre grupos e gravadoras. Passada a fúria juvenil, o artista buscou a espiritualidade para aplacar sua ira.

Novidades são sempre motivadoras e, pensando nisso, resolveu dar um tempo na religião batista, onde foi criado, para se converter ao islamismo.

É comum aos que tomam a decisão de experimentar outras religões adotar uma visão mais crítica em contraponto à fé cega. Foi o caso de Ice Cube. O rapper já declarou em entrevistas que não acredita nas hierarquias impostas em nenhuma religião. O que o encantou no islamismo, era de que ali seria apenas “ele com Deus”.

Julia Roberts

No filme em que protagonizou, Comer, Rezar e Amar, a personagem de Julia Roberts vai para um retiro na Índia em busca de paz de espírito, bagunçado pelo fim de um casamento. A experiência da atriz, filha de uma mãe católica e um pai batista, durante as filmagens se transpôs para a vida real, e Roberts se converteu para o Hinduísmo.

“Sou definivamente uma praticante do hinduísmo”, disse à revista Elle, em 2010.

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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