Arquelano é um projeto de música eletrônica cearense encabeçado por Benjamin Arquelano, cantor, compositor, produtor, DJ, sonoplasta. Ele traz com contribuições de Théo Fonseca nas guitarras e técnica e Emília Schramm nos arranjos vocais e composições.
O projeto explora as vertentes da música eletrônica experimental partindo da poética da vivência de Arquelano, jovem negro, LGBTQIA+, que conecta Maracanaú e Fortaleza no mapa da vanguarda.
Arquelano fez show destacado, em setembro, na Semana de Música Eletrônica de São Paulo, no Centro Cultural Olido. Leia nossa conversa com o cearense ídolo do futuro.
De onde vem a sua música?
Arquelano – É difícil saber exatamente de onde ela vem. Muitas coisas me afetam, sabe? É uma mistura entre os artistas que escuto e as diversas sonoridades, vivências que encontro no meu cotidiano. Acredito na existência de potência em todo lugar.
Mas claro, ela vem do desejo em criar uma sonoridade híbrida com elementos da música eletrônica, em um lugar (Ceará) que culturalmente não existe tanta abertura assim pra isso. Gosto muito de experimentar, pesquisar novos sons e possibilidades. A sonoridade do EP Ponto vem de uma troca entre amigos, um trabalho minimalista que fala sonoramente sobre a potência do encontro artístico em prol da minha singularidade.
O que está acontecendo de mais interessante na música, na sua opinião?
Arquelano – É tanta coisa interessante acontecendo ao mesmo tempo que é difícil fazer esse recorte. Mas o que vem chamando mais a minha atenção no momento é a sonoridade híbrida experimentada por parte da nova geração da música brasileira e internacional, no qual me incluo, com esse flerte ou mergulho total na música eletrônica e samples. Sou apaixonado por sintetizadores, então, se ouvir qualquer som com isso já fico bem atento. Mas fico particularmente muito feliz de ver novas vozes negras ressignificando e criando muitas coisas novas por aí.
Quais são suas maiores influências?
Arquelano – Segundo o meu Last.FM desde 2012 escutei mais de 3.400 artistas. Tudo isso me influencia mas existem aqueles artistas, certo? Então digo que as minhas maiores influências vêm da Björk, Solange, FKA twigs, James Blake, Milton Nascimento, Nicolas Jaar e Dev Hynes. E também recebo muitas influências de outras linguagens artísticas como o teatro, dança, moda e o cinema.
Existe algo na sua música que seja um reflexo da sua origem cearense?
Arquelano – Sem a menor dúvida. Sou um artista que recebe influências de outros lugares mas moldado e criado no calor cearense. Todas as minhas composições até o momento nasceram no Ceará, influenciadas por experiências, reflexões e trocas vividas por um corpo negro e LGBT+ nesta terra. A energia emanada daqui é algo muito importante no meu processo criativo.
O que tem te deixado animado?
Arquelano – Vivemos em um momento político, econômico e social muito difícil no país. E é a arte que me me mantém animado e vivo, ela que me realimenta dia a por dia. Um escape dessa realidade tão dolorosa que vivemos. A perspectiva de novos lançamentos também é algo que vem me animando bastante, ando finalizando umas novas músicas e projetos que em breve estarão por aí.