Aldo por Nylons

Aldo: ‘Hoje existe uma liberdade muito legal de composição e produção’

Fabiano Alcântara
Por Fabiano Alcântara

Recém-assinados com o selo inglês Full Time Hobby e eleitos Next Wave Band pela rádio BBC1, os irmãos André e Murilo Faria, do Aldo, lançaram recentemente o clipe de Papermaze.

A faixa foi a primeira a retratar uma nova fase, com um beat criado a partir de uma levada de berimbau e linhas de baixo inspiradas em Kim Deal. A música discorre sobre a surrealidade, inconsciente e o caos de viver numa cidade tão viva como São Paulo.

O clipe, dirigido pela dupla Nylons, brinca com narrativas visualmente ricas da banda presa em cenas de labirinto e loop infinito.

Leia entrevista com os irmãos:

Quais são as principais referências estéticas da nova fase do Aldo?
Murilo Faria – Voltamos a ter uma galera muito legal trabalhando com a gente, todos por afinidade de fases de vida aqui em São Paulo. Sempre antes de qualquer projeto, seja um clipe ou um Ep ou um single curtimos trocar idéias todos juntos, assim as referências vem de lugares diferentes.

As últimas fotos que fizemos com a Gabriela Shmdit e o Vitor Bossa refletem bem isso. A Suy Abreu, maquiadora, trouxe varias ideias de cabelos, testamos todas. A Cris Streciwik, diretora, também buscou uma série de fotos que vinham desde revistas antigas até Instagram. Já o clipe de Papermaze os Nylon (Caio e Boca, diretores do clipe atualmente na Conspiração) trouxeram um milhão de ideias e juntos fomos selecionando, afinando e dando uma só cara. De qualquer jeito se pudéssemos definir, tentamos sempre ter São Paulo como inspiração.

O que está rolando de mais interessante na música na sua opinião?
André Faria – Estamos vendo uma onda que sempre acreditamos: não se ater necessariamente a um estilo musical ou rótulo. Hoje existe uma liberdade muito legal de composição e produção. O show do Beak no Primavera Sound, por exemplo, foi surpreendente. Não só pelo som mas pela galera que estava lá aberta e curtindo um som não tão pop.

O reconhecimento de artistas mulheres também é algo realmente legal, se não fosse por isso talvez não teríamos conhecido artistas super criativas como Tirzah e Ama Lou.

Aqui em São Paulo também vemos uma ebulição bem legal de bandas e artistas de diferentes estilos, com bandas indie muito legais tocando quase toda semana em venues pequenos e médios, como os ex-Inky Pessoas Estranhaz a Glue Trip até uma galera mais jazz-experimental como o Vitor Araújo, um pianista que conhecemos recentemente e adoramos.

Quais são as maiores influências de vocês?
Murilo – Colocamos várias das nossas influências na nossa playlist do Spotify (Aldo the Blender), tem mais de 200 bandas e sons, até porque nunca é apenas uma ou outra coisa, mas sim a fase que estamos curtindo. O que podemos dizer de cabeça aqui é Yo La Tengo, Tim Maia, Jorge Benjor, Pavement, Pixies, Van Halen, Mogway, Chemical Brothers, toda a galera do French Touch, Stereolab, Thee Oh Sees, Caetano, Uakti, Breeders, Clube da Esquina, Ronnie Von, Tom Jobim, The Meters, John Maus, A Tribe Called Quest, Beastie Boys, Flying Lotus, Talking Heads, Spoon, Sly and The Family Stone, Ryuchi Sakamoto, REM, Moderat, etc etc etc.

Qual principal mensagem que tentam passar com suas músicas?
Murilo – Mais do que uma só mensagem curtimos criar microuniversos, algo peculiar e diferente para cada música. Uma das nossas piras é viajar para algum lugar e ficar criando letras, idéias e temas, sempre relacionado ao que anda nos influenciando ou afetando hoje em dia. Vai de trânsito à seitas religiosas.

O que tem deixado vocês animados ultimamente?
André – Mura vai ser pai. É uma menina e a família está toda animada. Nosso sonho é levantar o bebê no palco igual o Rei Mufasa levanta o Simba na selva. O fato de ter uma gravadora legal como a Full Time Hobby conosco também nos deixa bem animados. Vamos lançar um EP dia 30 de Agosto e um álbum ano que vem, além dos shows e turnês que vamos anunciar logo mais. Também andamos curtindo demais fazer jams descompromissadas juntos, buscando caminhos e idéias. Alugamos um galpão no centro de São Paulo semana passada só para isso.

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