Afterhours Hell’s celebra 15 anos com documentário

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Na porta do Columbia, na rua Estados Unidos: Pil Marques (de óculos ao centro) comandava a Nação Hell's

O porãozinho do Columbia, que abrigou o primeiro afterhours semanal do país, inaugurou como Velvet Underground. O projeto, sem programação muito definida, nunca chegou a dar dinheiro, nem muito público. O dono do clube, Ângelo Leuzzi, chamou então o promoter Pil Marques para repaginar o Velvet. Assim nasceu o Hell’s Club, o inferninho do tecno que mudou a vida de muita gente.

Para muita gente, a música para dançar se divide em aH/dH – antes do Hell’s e depois do Hell’s. Exagero? Nem tanto. Com um pouco de contextualização dá para entender.

Em 1994, ano em que o Hell’s foi inaugurado, São Paulo estava ardendo por novidades. Vários clubinhos movimentavam a vida das pessoas, que ainda estavam deslumbradas com a chegada do ecstasy. Quando o Hell’s surgiu, foi como se dissessem para essa gente: “A noite agora não acaba mais”. Era tudo o que aquele povo cheio de energia queria e tudo de que precisava.

Mais de 15 anos se passaram desde as primeiras manhãs lotadas de gente “esquisita” dançando de óculos escuros. O Hell’s virou sinônimo de jaca, afinal, quem vara a noite, ou melhor, a manhã num clube quer mais é se divertir. Para celebrar esses 15 anos, o promoter e DJ Pil Marques armou o lançamento de dois DVDs comemorativos: um DJ/VJ set com a cara do Hell’s e, ainda em fase de finalização, um documentário contando a história da festa. Com a palavra, o cara que fez o povo sair de casa pra dançar levando óculos escuros na bolsa, Pil Marques.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Dá pra adiantar o que vai ter no documentário sobre o Hell’s?

PIL MARQUES – Será um documentário com imagens, entrevistas, fotos, depoimentos e músicas que marcaram os 15 anos do projeto, quem está fazendo é o VJ Daniel Zanardi, estamos capturando muitas imagens e tendo o cuidado para não deixar nada de fora.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Qual é a marca registrada do Hell’s pra você?
PIL MARQUES – Com certeza, a música.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Como se deu a mudança de público? Quem vai ao Hell’s hoje iria nos anos 90?
PIL MARQUES – São épocas diferentes, mas conseguimos uma mistura interessante. No começo, achei que essa nova fase seria para novos frequentadores, mas, para minha surpresa, muita gente da época do Columbia continua a comparecer com frequência.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Você era promoter do Hell’s depois virou DJ. Sob qual ângulo dá pra curtir mais a festa?
PIL MARQUES – Ser DJ é muito mais prazeroso, seu retorno é imediato. O processo de fazer uma festa é muito cansativo, trabalha-se antes, durante e depois e muitas vezes não se diverte.

TODO DJ JÁ SAMBOU – Até hoje vejo gente com o logo do Hell’s tatuado. Isso acontece com poucas festas. Por que você acha que rolou/rola essa devoção?
PIL MARQUES – Começou com uma brincadeira, tipo gado ou um código de barra. Mas foi um momento tão mágico que muitos imortalizaram para sempre.

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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