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ADE 2017: Entenda por que Amsterdã é o lugar perfeito para receber quase 400 mil pessoas pra dançar anualmente

Entre os dias 18 e 23 de outubro, Amsterdã se tornou a meca da música eletrônica mundial, num ciclo que se repete anualmente há mais de duas décadas. A 22a edição do Amsterdam Dance Event (ADE) começou na quarta (18) e foi até domingo (23) na capital da Holanda, trazendo números impressionantes: 2200 artistas se apresentaram em 120 casas ao redor da cidade para aproximadamente 375 mil pessoas, vindas de todos os países. Mas essa é só a parte das festas. Além dos DJs e clubbers, a parte de conferências do festival teve talks com mais de 500 palestrantes, que falaram para profissionais da noite como produtores, VJs e compositores. É uma mistura de diversão, debates e networking de fato impressionante.

“É música e negócios sem parar!”, diz a frequentadora Sarah Stam, que trabalha como assessora de imprensa para o AEI Group, de Londres. Ela vem para o festival todos os anos em busca de cobertura para os DJs que divulga. “O legal é que todo mundo na cena eletrônica está aqui!”, ela diz, no meio de graves poderosos que saem das caixas de som. Estamos no Bar Weber, um lugar descolado perto do prédio de conferências do festival, onde o selo holandês Klash Records está apresentando um showcase dos seus artistas para uma platéia bem animada, em plena sexta-feira à tarde.

Festas à luz do dia não são incomuns nas ruas de Amsterdã durante o ADE. Um dos lugares mais bombados era o espaço de exposições Oz, que abrigou temporariamente o selo alemão Kompakt. No primeiro andar estava a loja, com venda de vinis e acessórios, e no porão, sempre abarrotado, DJs tocavam gratuitamente para quem conseguisse entrar, entre 17h e 20h. Como era aberto, reunia gente de todo tipo, do insider com credencial até o turista desavisado que passeava por ali. Mas, se você não estivesse na pegada de ouvir minimal à beira do canal, o festival oferecia diferentes vertentes de eletrônica, não só a do tipo dançante sugerido no nome.

Além de house e techno, havia uma seleção razoável de nomes mais experimentais e menos conhecidos, como o celebrado compositor australiano Ben Frost e a produtora americana Jlin. Frost está na turnê de seu mais recente disco, o perturbador The Centre Cannot Hold, descrito pelo Pitchfork como “uma alegoria para o estado sombrio do nosso mundo”. Ele se apresentou na Muziekgebouw, uma casa de concertos às margens do rio IJ, e o público que o viu experimentou mais de uma hora de barulho produzido por sintetizadores enquanto o artista visual Marcel Weber projetava imagens de um mar enfurecido sobre uma lona prateada estendida ao fundo do palco. Quem abriu a noite foi Jlin, artista revelação do footwork e capa da edição de outubro da revista Wire, mostrando uma colagem de beats com hip hop e tambores africanos. Cabeçudo até dizer chega.

OUTRAS COISAS QUE A GENTE CURTIU MUITO NO ADE 2017

Nadya Tolokonnikova, uma das fundadoras da banda punk feminist russa Pussy Riot, falando sobre como fazer a revolução através da arte. “Um mundo melhor é possível, mas nós precisamos falar dele”, ela disse. Ela contou de sua experiência na prisão e de como a banda ensaia se preparando para o caso de serem interrompidas pela polícia durante suas apresentações em lugares proibidos – uma das técnicas que o grupo treina é como dar chutes nos policiais sem parar de tocar os instrumentos.

Carl Craig tocando com uma orquestra de sintetizadores na Waalse Kerk, uma Igreja católica meio escondida que fica no Distrito da Luz Vermelha. O mestre do techno de Detroit estava acompanhado de cinco músicos em sintetizadores e mais um no piano, e boa parte das faixas eram do seu último disco, Versus, uma mistura de house com música clássica. Teve até sample de discurso do Obama no meio do set! Lindo demais.

Irvine Welsh, autor de Trainspotting, contando como conheceu a cena eletrônica em Edimburgo no fim dos anos 80. Segundo o irlandês, a acid house começou com a mesma atitude do it yourself do punk, e passar do espaço da rua para a pista de um clube era algo que exigia uma certa preparação, porque a música era tão alta e tão envolvente que era difícil ficar parado. Ele ficou tão impactado pelo que viveu que, quando começou a escrever, tentou levar a língua falada nos clubes e pistas para seus livros, o que se traduz em gírias e uma grafia não-usual das palavras.

Entre uma atração é outra, as pessoas descansam no mobiliário urbano típico do festival – bancos em formato de cubos amarelos

O Stadsschouwburg, no centro de Amsterdam, era o predio onde rolava o networking. Atentem para a bandeira preta e amarela do festival

O canadense Richie Hawtin é um das estrelas que sempre prestigiam o ADE

Martin Garrix, o gigantesco fenômeno holandês que deixou para trás outros nomões de seus país, como Tiesto, Armin Van Buuren e Hardwell no ADE 2017

Se animou pro ano que vem? A gente com certeza quer voltar. O legal é que o festival é tão organizado que jajá começam a divulgar atividades para 2018. Siga tudo sobre o ADE por aqui. Nos vemos em Amsterdã.

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