Filme protagonizado por ‘The Rock’ acerta o tom para a nova fase do DCEU
Há tempos que a internet discute o que há de bom e de ruim nos filmes do Universo DC nos cinemas. Sem dúvidas, Adão Negro será usado para pontuar quais são as melhores escolhas feitas pela produção e estúdio.
Dirigido por Jaume Collet-Serra, o filme possui tudo o que uma boa aventura de super-heróis precisa ter: elenco carismático, roteiro coeso, ritmo de ação e herói, obviamente, heróis e vilões.
Adão Negro, um anti-herói?
Após 5.000 anos adormecido, Teth Adam (Dwayne Johnson) despertar e parte em busca de justiça para seu povo. Neste hiato, entre sua ‘morte’ e seu retorno, Kahndaq foi colonizada por estrangeiros e sujeita a devastação de sua terra.
A Wakanda da DCEU
O país fictício se localiza na região norte do continente africano e possui características árabes. Se Marvel e DC se fundissem, a região seria uma vizinha próxima do reino de Wakanda. Pois bem, assim como sua semelhante no universo concorrente, Kahndaq possui riquezas mineiras poderosas que provocam o desejo de outras nações.
Dessa maneira, a nação vive sob o domínio do medo de uma invasão militar que perdura por décadas. O povo mantém a esperança no retorno do herói que salvou a nação no passado.
Em meio ao caos de um país sitiado, Adrianna (Sarah Shahi), uma historiadora da região busca pela coroa que iniciou a era de destruição de sua terra. Desta forma, em meio a uma investigação e fuga ela se depara com o túmulo de Teth Adam e o traz de volta a vida falando Shazam!
Seu parâmetro é a punição por meio da morte
Adão Negro, o anti-herói protagonista, passa a matar todos os que cruzam o seu caminho. Na verdade nem todos, mas sem dúvidas aqueles que tentam impedi-lo de existir. Seu contratempo inicial é com os militares sitiados na cidade e, em seguida com os integrantes da Sociedade da Justiça que se deslocam até Kahndaq para conter os possíveis danos provocados por Adão.
O personagem principal se move por uma ideia de moral e ética muito antiga e subjetiva. Da mesma forma, possui grande poder, diretamente proporcional às dores que carrega em si. Entretanto, existe naquela pessoa um senso de justiça e de retomada da independência de sua nação muito forte tornando-o, assim alguém enigmática, alguém que se move entre as noções duais de bem e mal.
DCEU acertou no alvo
Retomando a discussão que citei no início do texto, reforço o quanto essa produção mostra o amadurecimento do que a DCEU parece buscar para sua nova fase de filmes. Adão Negro é ao mesmo tempo um filme de herói e uma aventura para todos os públicos.
Cada produção tem que ter suas próprias características
Primeiramente, não há uma busca incessante por uma estética considerada madura e sombria para alguns. Em segundo lugar, não há excesso de comédia como tentativa de agradar ao público (tentativa essa que torna o filme mais enfadonho que divertido). Além disso, não há tentativa de ser um filme cisudo ao longo de suas pouco mais de duas horas de duração. Em suma, a produção foi feita para, antes de tudo, entreter.
A narrativa é tão bem desenvolvida que o filme mantém seu ritmo do início ao fim. Os atores que complementam o time de heróis (Pierce Brosnan, Aldis Hodges, Quintessa Swindell, Noah Centineo) apresentam personagens que estão ali dando suporte pro desenvolvimento da trama, mesmo aqueles que não são totalmente desenvolvidos. A história acontece em um tempo específico, interno a trama, sem se preocupar com extensões demais que justifiquem o que cada um está fazendo ali, optando por não falar sobre as origens de todos. A vantagem? Evitar o inchaço da película com passagens desnecessárias para o desenvolvimento da trama.
Efeitos visuais visíveis e bem delineados
Os efeitos visuais são belos, de tal forma que até mesmo os cenários com texturas, cores e geografia já conhecidas do universo dos quadrinhos parecem novidade, afinal conseguimos ver com tranquilidade seu delineado. A ação, continua e não sofre da pirotecnia que busca ora esconder falhas de roteiro, ora engordar minutos de projeção. E os clichês, sejam interpretações que abraçam a canastrice, o alívio cômico previsível ou as sequências em câmera lenta estão ali para compor Adão Negro, em doses cometidas, proporcionando equilíbrio e satisfação.
Até mesmo a tradicional luta entre vilão e mocinhos que se repete no terceiro ato, desde Homem de Aço, consegue não ser enfadonha como a que vimos em Mulher Maravilha e em Liga da Justiça (nas duas versões). A trilha possui uma ligação e coerência com Shazam! e o resgate de clássicos do rock e pop das décadas de 1970 a 1990. Nada de novo, após o sucesso de Guardiões da Galáxia e Stranger Things, mas se funciona, por que não manter?!
Fiquem de olho no 007
Dwayne está ótimo em cena, abusando da cara fechada que o faz famoso desde o tempo de WWE. Entretanto, o grande destaque do filme é o Destino de Pierce Brosnan. O ex-007 é elegante, tranquilo, irônico, engraçado e principalmente afetuoso em sua relação com Homem Gavião.
Sua presença na tela rouba as cenas de tanto carisma que ele emana. Além disso, suas ações são muito importantes para a conclusão da história.
Sem dúvidas, Adão Negro ao seu fim deixa aquela vontade de ver mais filmes com esse formato e nesse DCEU que ressurge. Não se esqueçam de ficar na sala para a clássica e esperada cena pós crédito: aquele fanservice que a gente gosta (eu, ao menos gosto bem!)