A transmidiática obra de D2, Marcelinho da Lua, Tame Impala revisitado. E tem mais

Tatiana Rosa
Por Tatiana Rosa

Nesse momento de ressignificações, Marcelo D2 se mostra pra lá de disruptivo. Na vibe da co-criação, sua nova obra, “Assim tocam os MEUS TAMBORES”, é transmídia – um média metragem e um álbum, resultados de 150 horas de lives em seu canal no Twich, com direito a muita conversa, choros, ligações para amigos, parceiros, produtores, o envolvimento direto dos fãs e da família, especialmente de Luiza Machado, sua mulher, que é diretora executiva do projeto e tem presença marcante na obra, além é claro, do compartilhamento de todo o processo criativo das 12 canções do novo álbum. Tudo realizado de dentro da casa de D2 ao longo de 2 meses na quarentena.

O lançamento do filme aconteceu com horas de transmissão ao vivo em seu Twitch no último sábado (26), mesmo dia que o álbum “Assim tocam os MEUS TAMBORES” passou a ficar disponível em todas as plataformas digitais.

D2 considera a obra um manifesto em grande parte pela participação de Os CRIA, uma comunidade de integrantes assíduos e ativos dos chats do seu canal na Twitch, que participaram na escolha de beats, sugeriram participações especiais e até mesmo colaboraram na composição das letras e na gravação de voz. A faixa “As sementes” é composta por um coro de mais de 100 vozes enviadas através do chat.

Um forte time de músicos e artistas como Anelis Assumpção, Baco Exú do Blues, BK’, Criolo, Da Lua, Djonga, Don L, Eduardo Santana, Helio Bentes, Ivan Conti “Mamão”, João Parahyba, Jorge du Peixe, Juçara Marçal, Kassin, Kiko Dinucci, Luiza Machado, Nobru, Ogi, Rodrigo Tavares, Rogê, Russo Passapusso, Sain e Thiago França ajudaram a criar essa obra de D2, a mais colaborativa de toda a sua carreira.

 

Takes finos

Quando o assunto é dub, os takes alternativos são especialmente importantes, certo? Essa manipulação de gravações pré-existentes, modificando as sessões em tempo real, alterando vocais, pitch e outras características do som, é o que fizeram Marcelinho da Lua e Mad Professor em 2004 quando lançaram o álbum “Mad Professor Meets Marcelinho da Lua In a Dubwise Style”, trazendo remixes em dub do álbum “Tranquilo”. Agora, 16 anos depois, é hora de conferir os takes alternativos dessas faixas em “Mad Professor vs. Marcelinho da Lua Tranquilo Dubs The Alternate Takes”, que acaba de chegar às plataformas digitais pela gravadora Deck, que lança hoje, por sinal, o documentário “Dub U Crazy In Rio” no YouTube.

Participam do novo trabalho do DJ Marcelinho e do Mad Professor grandes nomes da música brasileira, como Seu Jorge, Bi Ribeiro, Black Alien, Laudir Oliveira, BNegão, João Donato e Roberto Menescal. No repertório, destaque para clássicos como “Refazenda” (Gilberto Gil) e “Cotidiano” (Chico Buarque), além de autorais como “Tranqüilo” (Marcelinho da Lua/Black Alien), entre outras.

 

Dos interiores

JUPTA, power trio nascido em Jundiaí, interior de São Paulo, ganha cada vez mais os olhares da cena independente. A cidade, há tempos consagrada no underground da música alternativa e criativa, tem na banda o nome forte do indie rock. Neste segundo álbum, “Minha casa é longe daqui”, o trio reforça sua verve experimental, adicionando temperos do industrial, post rock e EBM a riffs que marcam a levada energética de seu indie bastante original.

 

Capa do álbum da Jupta, produzido pelo artísta plástico Alessandro Celante

SonoTWS. Marcelo a.k.a SonoTW é um beatmaker/produtor com 9 álbuns lançados (quase todos em fita cassete) e conhecido por seus beats feitos com samples de vinis antigos que seguem a linha mais suja do rap. Envolvido com grafite e tendo carreira internacional, ele fez um projeto com 6 MCs emergentes do underground brasileiro (BONSAI, Fernando Kep, Nabru, Estranho, GUIZO e MMoneis)  e o resultado foi o EP “Perfeitamente Incorreto”, que terá dois volumes. Este é o primeiro, que tem na capa arte de Yakuza Ruma (Japão). A versão instrumental chegará aos serviços de streaming no dia 08 de outubro.

Da região metropolitana de Aracaju, The Baggios homenageia os 50 anos da morte de Jimi Hendrix com “Hendrixiano”, segundo single inédito desde o lançamento do disco “Vulcão”, há 2 anos, indicado ao Grammy Latino 2019 na categoria “Melhor Álbum de Rock”. Antes da homenagem ao ícone da guitarra, o trio sergipano havia lançado “Quareterna Serigy”. Em Hendrixiano, o ar é contemporâneo, com muito recheio do fuzz característico de Hendrix com o rock “baggiano”, que resiste com talento desde 2004.

E o Julico, o Júlio Andrade do The Baggios, entrou na pegada do DIY com produções audiovisuais feitas em casa e lança o psicodélico videoclipe de “Eu São/Curtis Says”, segundo single do seu primeiro disco solo, “ikê maré”, que será lançado em outubro. Só pra lembrar, além de premiadas, muitas músicas de Julico já passaram pelas vozes de artistas como Hélio Flanders, Baiana System, Céu, Fernando Catatau e Jorge Dupeixe (Nação Zumbi).

 

Veteranos

Logo mais, em 9 de outubro, o Yo La Tengo lança o EP “Sleepless Night”, com seis músicas, sendo cinco covers, ou melhor, versões de canções de Bob Dylan, Ronnie Lan, Delmore Brothers, Flying Machine e do The Byrds – esta com Wasn’t Born to Follow, do álbum de 1968 “The Notorious Byrd Brothers”, já compartilhada com os fãs. Nesta semana, o YLT apresentou a única música própria do EP, a suave e profunda Bleeding Heart.

Vale destacar que “Sleepless Night” foi originalmente gravado como parte do catálogo (uma edição limitada) de uma exposição retrospectiva do artista japonês Yoshitomo Nara no Museu de Artes de Los Angeles. Nara, que é fã do YLT, ajudou a selecionar as faixas do EP e fez as artes dos clipes e da capa do álbum.

 

Só vai

Na música eletrônica, a novidade é o lançamento do EP do DJ e produtor Tha_guts  chamado Elephant. Com doses requintadas de acid house, breaks com experimentalismos elegantes e ainda um remix do Casplocker Tessuto, o EP traz três faixas de sons ousados e, por que não, peculiares.

Tha_Guts

E para fechar muito bem este guia, Dev Hynes, o Blood Orange, remixou a música Borderline, do Tame Impala, e mostra aqui sua versão. A faixa é parte do disco mais recente do grupo australiano, “The slow rush”, lançado em fevereiro deste ano.