Mazuli por Luma Torres

‘A repressão traz sofrimento e violência’, diz Mazuli, aposta pernambucana

Fabiano Alcântara
Por Fabiano Alcântara

Mazuli por Luma Torres

Com Gilmar, clipe que retrata a paixão entre Severino (Carlos Eduardo Ferras) e Gilmar (Thiago Merces), surgiu o primeiro single da banda pernambucana Mazuli.

A faixa estará no primeiro disco da banda, Desafogo, que tem cinco faixas e ganhará dois videoclipes. Gilmar foi dirigido por Débora Bittencourt e Thiago Merces. O álbum foi gravado no estúdio de Pedro Leão (produtor e integrante da banda), que fica na Villa Ponteduchoa, Recife, masterizado por Vinicius Aquino (Estúdio Carranca) e mixado por Guilherme Assis (Estúdio Zelo).

Mazuli é Thiago Mazuli (compositor e vocal), Douglas Monteiro (baterista), Pedro Leão(produtor, tecladista e baixista) e Carlos Filizola (guitarra).

De onde vem o som do Mazuli?
Thiago Mazuli – O som do Mazuli nasce a partir da palavra. Surge das composições feitas baseadas nos sentimentos mais intensos da existência humana e do grande interesse pelos poetas de Arcoverde e do Sertão do Pajeú. A partir disso, as composições ganham roupagens e harmonias extremamente pop´s e dançantes. Essa mistura é a particularidade do Mazuli. A sonoridade do grupo é construída a partir de guitarras, sintetizadores e teclados de timbres emocionantes (como referência, se pode citar Cidadão Instigado e Céu), do zelo pela palavra (como é visto nas composições de Lirinha, Ave Sangria e Siba) e do ritmo envolvente (que é encontrado em Otto, Johnny Hooker e Metá Metá). O mazuli surge por necessidade de gritar e se desafogar de uma sociedade que tem um padrão de criação repressivo e maçante.

Concorda que a repressão aos gays fortalece o movimento?
Mazuli – Não, acho que a repressão não pode ser apontada como algo que pode trazer fortalecimento ou algo de bom. A repressão traz sofrimento e violência. Traz tabus. Acho que não há como ver qualquer lado positivo nela. Nem fortalecimento, nem qualquer outro. Isso seria relativizar algo brutal.

O que você acha que está rolando de mais interessante na música hoje?
Mazuli – Atualmente, poderia apontar bandas e artistas incríveis que estão tocando pelo Brasil afora. A banda O Terno é, sem dúvida, um dos projetos mais legais interessantes. Posso apontar também grandes artistas que vem trazendo ótimos trabalhos como Edgar, Luiza Lian e Jaloo. No âmbito internacional citaria General Elektriks, a performance deles no palco me impressionou muito em um show que tive oportunidade de ir Recife. Além desses, acho extremamente interessante o Maurício Pereira e a volta do Cordel do Fogo Encantado e Ave Sangria, que são duas grandes bandas.

Existe algo na sua música que seja típico de seu lugar de origem?
Mazuli – Não sei se típico ou se especificamente do meu lugar de origem, já que sou da capital (Recife), mas acho que talvez se possa apontar a atenção pela palavra e a busca da emoção do público através das melodias, presentes no som da banda, como sendo também características de algumas cidades de interior de Pernambuco, as quais são extremamente ricas culturalmente. Porém, ao mesmo tempo em que podemos achar essa convergência, se pode dizer que o som do Mazuli não se encaixa em nenhum tipo de estética típica de alguma região. Buscamos fazer um som original e novo, sem estereótipos.

Quais são suas maiores influências?
Mazuli – Siba, Mauricio Pereira, Otto, Lirinha e Zeto.

Quais são seus valores essenciais?
Mazuli – Acho que dentre os meus valores essenciais eu poderia citar, sem duvida alguma, respeito ao próximo, busca por uma sociedade mais justa, a visão política da arte, ter posturas ativas perante injustiças e discriminações. Além disso, buscar sempre ser honesto e saber ouvir.

Quais são suas próximas jogadas?
Mazuli – Os próximos passos do Mazuli é fazer com que esse nosso primeiro single alcance o maior número de pessoas possível e a banda ganhe espaço na imprensa. Vamos também, ainda no mês de junho, estrear nossas apresentações ao vivo e lançar mais um single. A ideia é criar uma relação cada vez maior com o público para que, assim, no mês de julho, tenhamos um ótimo lançamento de álbum e possamos aumentar a quantidade de shows e também rodar por vários outros estados do Brasil.

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