Desde a antiguidade, a música já era utilizada como uma possibilidade terapêutica e que ela tem o poder de curar, por aqui a gente já sabe! Mas é muito legal quando a gente vê isso acontecendo, não é verdade?
Há cerca de um mês um vídeo de David Sue, um garoto de Campinas (SP) com Transtorno do Espectro Autismo (TEA) bombou nas redes sociais. O vídeo, em que ele aparece fazendo um cover da música Baba O’Riley, do The Who já tem quase 900 mil compartilhamentos, além de milhares visualizações e comentários e foi publicado na página criada por David para a divulgação das suas interpretações. Na página, o adolescente também interage com o público, indica bandas, conta histórias e compartilha poesias. Vale a pena dar uma olhada!
Segundo a instituição Autismo e Realidade, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é neurológico e caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo. Os sinais geralmente desenvolvem-se gradualmente, mas algumas crianças com autismo alcançam o marco de desenvolvimento em um ritmo normal e depois regridem. Os tipos de transtornos são: Autismo Infantil Precoce, Autismo Infantil, Autismo de Kanner, Autismo de Alto Funcionamento, Autismo Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Asperger.
Sobre a repercussão imensa do vídeo, David disse nas redes que “a repercussão foi algo que conseguiu juntar as palavras “fantástico” e “amedrontador” no mesmo ambiente.”
Camila Bernini Lourenço, que é neuropsicóloga especializada em saúde mental com ênfase em autismo, comenta sobre a relação da música nos ganhos no tratamento do autismo
“Sabe-se que a música faz com que a pessoa evoque emoções tanto positivas quanto negativas, onde essas emoções ativam áreas do cérebro e algumas dessas áreas são ativadas positivamente e mais desenvolvidas quando trabalhadas com a música, além de trazer também melhoras no humor, atenção, concentração e memória. Pesquisas mostram que a música tem grande influência na neuroplasticidade já que apontam e provam que intervenção com a música fortalece conexões entre a região frontal e temporal do cérebro. As atividades proporcionam aquisição de habilidade de imitação e sincronização onde são ativados neurônios espelhos, desenvolvendo assim a cognição social.
A musicoterapia também traz benefícios em relação às respostas interpessoais, além de proporcionar prazer e interação com outras pessoas. Facilita na comunicação tanto verbal quanto não verbal, auxilia na percepção e funcionamento motor, auto expressão e vivências criativas, auxiliando na interação sem a necessidade de discurso verbal entre os pares. Além de aprendizagem de regras sociais para poder generalizá-las em outros ambientes, contextos ou pessoas.”
O documentário Tuning The Brain With Music, da cineasta Isabelle Raynauld, mostra um programa de musicoterapia para crianças autistas que as ajuda a se comunicar através de instrumentos e microfones e cantando diariamente. No Hospital Infantil de Montreal, um musicoterapeuta alivia a dor de bebês prematuros simplesmente cantando para eles.
Conheça outros exemplos de jovens que surpreendem no talento
Em 2019, o pequeno irlandês Justin Kiely, na época com 9 anos, também fez sucesso nas redes sociais cantando a música Hallelujah, de Leonard Cohen. O menino foi diagnosticado com autismo aos três anos de idade quando ainda não falava e demonstrava dificuldade para fazer contato olho no olho. Sua performance surpreendeu os pais, que ainda não sabiam que ele tinha talento para o canto.
Outra irlandesa, Kaylee Rodgers, também emociona ao cantar Hallelujah
Em 2018, Calum Courtney, que tem um leve grau de autismo, na época com 10 anos, surpreendeu a todos no programa Britain’s Got Talent, cantando Who’s Loving You, do Jackson 5.
Kodi Lee também emocionou todo mundo cantando no programa American Got Talent, em 2019.
E então a música segue abrigando a todos…
Seja o garoto tímido que não consegue se socializar na escola e monta sua banda de punk rock, seja a mulher viúva cujos filhos já se mudaram e então volta ao coral da igreja, a música sempre cura, alivia, solta as amarras do cais e deixa navegar.
E é justamente quando cumpre este propósito – e não o de satisfazer egos inflados – que se caracteriza arte autêntica. Viva a música.
Que os digam os que estão berrando nos Karaokês da cidade madrugada adentro ou os casais apaixonados ouvindo AQUELA trilha sonora na cama. Façam música.
E que ela siga abrigando a todos.