BLOND:ISH Foto: Reprodução

BLOND:ISH lançará disco feito a partir de óleo de cozinha reciclado

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Artista canadense é militante das causas sustentáveis há bastante tempo, e agora pode estar reinventando o jeito de se fazer discos de vinil

Onde é que as pastelarias, as lanchonetes e as cozinhas da vovó atravessam a indústria de discos? Graças à BLOND:ISH, uma nova era na fabricação de discos de vinil (que não será mais de vinil, mas deixemos que o nome continue o mesmo) vai resolver dois problemas ao mesmo tempo: diminuir o uso de petróleo e dar mais uma destinação a um resíduo cujo descarte é um baita problema para o meio ambiente, o óleo usado de cozinha.

Várias tecnologias foram criadas nos últimos tempos para lidar com este incômodo resíduo. O óleo usado, todo mundo sabe, não pode ser descartado no esgoto. E estamos falando de um consumo de 4,7 bilhões de litros por ano! Usando o cérebro para o bem, cientistas já criaram formas de reutilizar o resíduo na fabricação de biodiesel, sabão, tintas e vernizes, por exemplo. Agora, também dá para fazer disco.

Prensado a partir de resíduos biogênicos, incluindo o óleo de cozinha reciclado, o novo álbum da artista canadense, Never Walk Alone, a ser lançado em edição limitada em 14 de fevereiro, promete reduzir 90% da emissão de CO2 em sua produção. BLOND:ISH é militante das causas sustentáveis há bastante tempo, e criou uma fundação chamada Bye Bye Plastic, dedicada a reduzir o consumo de outro derivado de petróleo que está causando danos gigantescos ao meio ambiente, o plástico.

Trata-se de uma novidade sensacional, já que a base de petróleo na produção do vinil era o calcanhar de aquiles desse mercado. Um argumento que foi usado quando os CDs surgiram para roubar seu lugar como mídia padrão para se vender música. Agora, o jogo pode virar.

Never Walk Alone já pode ser encomendado aqui. Um disco que, seja pela música ou pelo valor histórico da tecnologia, vale ter na prateleira.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.