
‘The Rocky Horror Picture Show’: 50 anos do filme que ajudou a criar a moda punk
Lançada em 26 de setembro de 1975 nos Estados Unidos, obra se consolidou como clássico cult
Um casal de noivos tradicional, desses bem caretinhas, está viajando por uma estrada, quando seu carro se quebra, à noite, no meio da chuva. Por “sorte”, a caranga deu pau próxima a um estranho castelo. Por que não bater na porta e buscar ajuda? Ao serem atendidos, são recebidos por um cientista maluco travesti, Dr. Frank-N-Furter, que está dando uma festa com cores de orgia sexual com um bando de malucos desconhecidos, espalhafatosamente vestidos. Enquanto a festa rolava, o doutor crivava em seu laboratório um humanoide musculoso chamado Rocky.

Clichê? Não. O roteiro foi uma homenagem aos filmes B de terror e ficção científica do início da era do cinema. Baseado em um musical que já rolava na Brodway (The Rocky Horror Show), The Rocky Horror Picture Show, lançado há exatos 50 anos, em 26 de setembro de 1975, nos Estados Unidos (pouco mais de um mês depois de sua estreia no Reino Unido, 14 de agosto, onde foi filmado), foi muito mais além. Se tornou um ponto de encontro, uma festa cinematográfica, um grito de liberdade e uma referência de moda para movimentos que aconteceriam poucos depois, como o punk-rock.
Como todo bom filme cult, quando lançado, só levou pedrada. Produzido por Lou Adler e Michael White, e dirigido por Jim Sharman, a película era tão escancarada e espalhafatosa no roteiro, na música e nos figurinos, que não foi compreendida pelo grande público ou pela crítica mais especializada. No entanto, os cinemas londrinos se tocaram, poucos meses após o lançamento, que Rocky Horror Picture Show tinha uma pegada drag e rock’n’roll que fazia sentido para o público alternativo. Começaram a exibi-lo todas as sextas-feiras à meia-noite. E a produção, que custara 1,2 milhões de dólares, acabou faturando, em sua longa temporada, mais de cem vezes seu orçamento.
A magia aconteceu, então, na Londres real. Ir ao cinema virou balada. O público ia assistí-lo repetidas vezes, usando figurinos similares, interpretando seus personagens em voz e alta e, principalmente, cantando e dançando suas músicas. The Rocky Horror Picture Show manteve a característica de musical, e suas exibições viraram uma celebração de liberdade, também e principalmente entre a comunidade queer, em um momento em que a repressão corria solta.
A figurinista Sue Blane montou looks com elementos fetishistas e do movimento glam-rock: tachinhas, roupas rasgadas e cabelos coloridos — moda que tomou a Inglaterra um ano depois. Por causa disso, ela é considerada a pessoa que criou a base para a estética visual do punk-rock. E não para por aí. Muita gente atribuiu à febre do filme o pioneirismo dos fã-clubes específicos e do cosplay.
The Rocky Horror Picture Show foi estrelado por Tim Curry, Susan Sarandon, Barry Bostwick, Richard O’Brien, Charles Gray, Jonathan Adams e Patrica Quinn. Sua importância foi muito além da qualidade como comédia ou musical que efetivamente teve, mas em transgredir na estética kitsch, preconizando o que viria a ser um verdadeiro movimento de afirmação e expressão.
Quer um boa dica para o final de semana? Chame os amigos, capriche na montagem e reveja (à meia-noite, se possível) The Rocky Horror Picture Show.
