Nile Rodgers no C6 Fest 2025 Nile Rodgers no C6 Fest 2025. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

O que o público — e as árvores — curtiram no C6 Fest 2025

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Festival foi realizado entre os dias 22 e 25 de maio, no Parque Ibirapuera, em São Paulo

Alta, espalhafatosa e divertida. Ninguém pôde deixar de notar a presença mais vip do C6 Fest 2025. Batendo ponto na Tenda Met Life, assistiu compenetrada a alguns dos melhores shows do festival, como Perfume Genius, Gossip, The Last Dinner Party e Wilco. Ficava difícil decidir entre olhar para o palco, os telões ou ficar reparando na sua presença celebridática ali, em sua pose cool, sem dar atenção para o resto das pessoas. Ela podia estar brilhando em qualquer outro lugar do Parque Ibirapuera, onde rolou o festival, mas sozinha e altiva, curtiu todos os shows. Que árvore!

C6 Fest 2025

Ela, a árvore da Tenda Metlife. Foto: @observadordaimagem/Music Non Stop

Sob a análise sóbria da grande plantação no meio da tenda (feita muito antes de se pensar em um festival no meio do Parque), também se apresentaram Agnes Nunes, Peter Cat Recording Co., A.G. Cook, Maria Esmeralda e English Teacher. Embora não tenha dado pinta, ela estava sim prestando atenção no público humano que lotou o espaço, preparado para uma chuva que não veio nos dois dias de outono, de sol tímido e noite fria.

Como boa indie-rocker especialista em bandas não tão conhecidas (afinal, assistiu aos shows de todas as edições do C6 Fest naquela tenda), estava a árvore separada de suas amigas, todas concentradas na Arena Heineken, a céu aberto e com o já famoso “palco caixinha”, o Pacubra, escavado no paredão externo do auditório — um paraíso para os iluminadores que fizeram projeções de sonho na tela gigante que se formava ao redor dos artistas. Se na tenda tínhamos uma árvore, na arena, um bosque. Dezenas de grandes amigas vegetais que forneciam sombra e conforto para o público que precisava de um descanso.

À frente do bosque, um gramado para o grande público ver monstros da música como Air e Nile Rodgers. A sua volta, restaurantes (com filas mínimas, algo raro em festivais) e pontos de descanso. Mas o que importa é que, marcando o centro do rolê estavam elas, as árvores, ali animadas e festivas em silenciosa celebração.

C6 Fest 2025

O público — e as árvores — na Arena Heineken. Foto: @observadordaimagem/Music Non Stop

Os destaques do sábado foram os shows de Stephen Sanchez (vai ser bonito assim na casa do car7*%o), Chrissie Hynde e os Pretenders, inteirona em voz, energia e guitarra, e a mais esperada atração do festival, o Air tocando seu clássico álbum Moon Safari.

Parte de uma tour mundial esteticamente rígida, o duo francês exigia a todos os contratantes a construção de uma caixa retangular iluminada, onde os músicos se apresentavam. Quando os engenheiros da banda vieram ao Brasil, a surpresa foi grata: o palco do Ibirapuera já era originalmente no formato que eles exigiam. Graças a quem? Ao safado do Oscar Niemeyer, quem em 2002 já previu o que o Air iria querer mais de 20 anos depois. Opa… pera lá! Será que na verdade os diretores de arte da dupla desenharam o palco da turnê mundial inspirados nessa obra do gênio da arquitetura brasileira? Mistérios da música.

No domingo, o artista da hora era Nile Rodgers, que veio com sua banda Chic, arrogantemente desfilando um hit atrás do outro, de Madonna a David Bowie, composto ou produzido pelo homem. Se o show tivesse quatro horas, ainda faltaria hit no show de Rodgers, que transformou a grande arena, para deleite das árvores dançantes, em um festão de encerramento para o C6 Fest 2025.

Gossip
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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.