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Massive Attack faz o show mais “verde” da história
Relatório revela que o ACT 1.5, do grupo britânico, reduziu em 98% a emissão de gás carbônico comparado a outros shows do mesmo porte
Já começando com o equívoco de usar o mais o lema mais antiecológico da cultura popular brasileira, a banda Massive Attack “matou a cobra e mostrou pau”. O grupo, através da organização científica Tyndall Centre for Climate Change Research, divulgou um relatório com os resultados do festival que organizou em agosto do ano passado. Além de marcar a volta aos palcos do grupo em cinco anos, o show ACT 1.5 tinha o objetivo de mudar a história dos concertos no mundo, no que diz respeito ao impacto climático de eventos musicais.
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No evento que rolou em Bristol, na Inglaterra, tudo foi pensado para reduzir a poluição causada por um grande show. A produção só utilizou veículos e geradores elétricos, um grande plano foi desenvolvido para impedir que as pessoas fossem ao evento de carro e deixassem nenhum resíduo ao sair do local, além de fornecer somente comida vegana para músicos e frequentadores.
Os números divulgados pelo relatórios são impactantes. O 1.5 conseguiu, levando em conta a média histórica de eventos do tipo na Grã-Bretanha, reduzir em 98% a emissão e gás carbônico nas fontes de energia usadas no evento (infraestrutura e deslocamento), 89% nos serviços de alimentação e 70% no transporte de equipamentos. A economia com o transporte de artistas chegou a 73%. A menor redução veio da parte do público em seus esforços para se deslocar ao festival, 37%. Somando tudo, o Massive Attack e sua gangue conseguiram atingir o objetivo que pretendiam: realizar o evento mais “verde” de toda a história da música.
O relatório mostra que tudo isso é possível, desde que todo mundo aceite entrar no compromisso. Em eventos normais, 5% do público é responsável por 65% das emissões de gás carbônico apenas escolhendo o modo menos ecológico de descolamento. Segundo o documento, quanto a maioria das pessoas decide aceitar pequenas mudanças em seus hábitos, o resultado final é gigantesco.
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Outro lance pra lá de bacana vindo de Bristol. O relatório não levou em consideração os escambos ecológicos utilizados por seus fornecedores, como por exemplo plantar árvores para cada tonelada de gás carbônico emitido, resultando em uma espécie de compensação verde. Ações como essas são utilizadas pelas companhias de trem na Inglaterra, por exemplo. Caso tivessem sido incluídas na conta final, o impacto teria sido ainda maior.
“O Massive Attack está extremamente grato tanto à equipe quanto aos fãs que produziram um evento de classe mundial, e aos cientistas e analistas que – por meio dos enormes avanços progressivos na produção do show ACT 1.5 – identificaram uma questão séria e emergente para todos os eventos de música ao vivo no contexto da emergência climática”, celebrou Robert Del Naja (o 3D), do Massive Attack, em comunicado à imprensa.
Mandaram bem, rapazeada!