The Weeknd - Hurry Up Tomorrow

Hurry Up Tomorrow

The Weeknd

Pop | 2025

5/10

Jota Wagner
Por Jota Wagner

 

Abel Tesfaye indicou o fim de seu alter ego The Weeknd após o lançamento de Hurry Up Tomorrow, nas plataformas desde o dia 31 de janeiro. Convidou para o funeral celebridades de peso, como Anitta, Justice, Giorgio Moroder, Travis Scott, Lana Del Rey e muitos outros amigos que colecionou na carreira de excelente produtor musical.

Um velório que poderia ser uma animada fiesta de los muertos, mas acabou saindo um melancólico e triste funeral de rei. Não sobrou espaço nem mesmo para aquele tiozão engraçado contando piadas do morto no balcão do cafezinho. A vontade de acabar com o The Weeknd para ter mais liberdade criativa deve ter justamente vindo quando Tesfaye ouviu as cansadas canções do novo álbum.

Em qualidade de produção, o trabalho segue no padrão The Weeknd: tudo bate maravilhosamente bem, mostrando que Abel sabe mexer os botões de seu milionário estúdio. Nas composições, há sofrimento criativo.

Hurry Up Tomorrow é recheadão. 22 músicas e bons momentos, pontuados mais pela contribuição dos convidados do que do próprio astro vencedor de Grammys na última década. Bem, se é para isso que serve um feat, ponto para as escolhas do artista. Também é um retrato do momento, com músicas representando os gêneros musicais que vêm assumindo o topo das paradas de sucesso, como o trap, a EDM, o R&B e o funk brasileiro.

O Brasil, aliás, marca presença no álbum, mostrando que o cantor anda apaixonado por nossas praias. Com Anitta, gravou a canção São Paulo, homenageando a cidade e os compositores lapidados no vício em pornografia digital, a geração X(Videos) dos letristas. São Paulo é sapecada pela letra de Fode a Larissinha, do Proibidão PCC. Flertar com o funk brasileiro, em tempos atuais, é obrigação de qualquer artista pop.

Se a proposta era deixar claro que seguir com o The Weeknd era uma má ideia, Tesfaye logrou êxito. Sua vontade de libertação é tão grande que preferiu não deixar que tenhamos saudade. E isso diz muito sobre seu próximo projeto, repleto de expectativas. O que será que o mano vai fazer agora que demoliu a prisão em que se achava encarcerado, e enxerga todo o horizonte à sua frente? Minha aposta é a de que será uma obra-prima.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.