DJ Meme te conta por que vale a pena investir em seu workshop de produção: “você vai perder medos e derrubar mitos”.
Então você começa a tocar razoavelmente bem como DJ e logo vem a ansiedade de começar a produzir. E aí, como faz pra sair fazendo música? Certamente você vai precisar fazer um curso. E, se experiência é o que conta neste mercado, um curso como o que o DJ e produtor Meme formatou, marcado para o próximo dia 26 em São Paulo, parece bem indicado.
Afinal ele foi, ao lado de Iraí Campos, precursor nos cursos de DJ no país. Neste novo workshop, num único dia, o aspirante a produtor vai se familiarizar com temas como masterização, arranjo, compressão, remix, mixagem, uso de efeitos etc.
Pra entender melhor qual é a ideia do curso, o Music Non Stop bateu um papo com Meme, pra entender por que afinal seu curso é indicado pra quem quer aprender os paranauês da produção musical.
Music Non Stop – Quando você pensou em formatar um workshop de produção?
Meme – Eu já tive essa experiência antes. Na década de 90 criei, paralelamente a Iraí Campos, os primeiros cursos de DJ do país. Foram anos de turmas sempre lotadas. Desta vez acho que resisti durante uns cinco anos, mas aquela experiência preparou-me para essa atual. Admito que resisti à ideia de fazer esses workshop por pelo menos uns dez anos, pois não me sentia pronto didaticamente nem concentrado para isso, mas com o tempo fui percebendo que a hora estava chegando no nosso país e um evento desses já estava fazendo falta há tempos. Hoje o brasileiro finalmente entendeu que não precisa aprender tudo na marra, e resolveu estudar para ser melhor do que o vizinho. A grande competição em todos os segmentos gerou tal coisa.
Music Non Stop – Qual foi a sua primeira produção, você foi autodidata?
Meme – Very autodidata. Não que eu me orgulhe disso, mas não havia estudo específico para produção musical (nem remixer), somente para tornar-se músico, e, aí sim, depois desse estágio, você poderia vir a tornar-se um produtor. Porém acabei dando a sorte de, ao longo da carreira, aprender com músicos e artistas de várias nacionalidades e tamanhos. Dos gigantes aos menores.
O caso é que quando comecei a produzir eu já tinha quase 10 anos de carreira como DJ e, além disso, eu estava trabalhado em rádio. Por conta desses dois universos diferentes, eu comecei a incorporar e compreender os “truques” da música pop juntando a minha experiência de pista, já que eu precisava entender tal matemática para pelo menos estar ali mexendo em programação diária e apresentando aos ouvintes um programa mixado com um gênero novo pipocando: a house music. Ok, um pouco a mais de aprendizado para quem só tocava disco e house underground. Vou reclamar de quê?
Agora um mea culpa: admito mesmo que entrei para a emissora para poder usar o estúdio e os gravadores deles. Há! Ali eu também aprendi a editar fita e montar meus remixes com mais propriedade. Logo no primeiro dia, eu já fiquei depois do expediente e comecei a reeditar no estúdio de gravação as músicas que tocavam no ar. O diretor da rádio gostou e botou no ar. Como a rádio era rede nacional, o meu trabalho começou a circular pelo Brasil e por outros estados, e um dia quando voltei do almoço, recebi o recado: “Olha aí, ligou pra você um tal de Marcelo Castelo Branco, da gravadora Polygram. Parece que ele quer que você faça um remix para eles”. Ali foi meu primeiro contato com um estúdio profissional de gravação de disco meeeeesmo, coisa que eu sabiamente escondi quando o Marcelo me perguntou: “Você tem alguma experiência em estúdio de gravação?”. “Claro!! Faz parte do meu trabalho. Todos os dias estou em um” (desculpa aí mais uma vez, Marcelão).
Fui contratado para dois remixes. Um do Biquini Cavadão, da música No Mundo da Lua e outro da Marina, da música Eu Te Amo Você. Esses foram os primeiros, e o cachê ainda dobrou no segundo.
Marina Lima – Eu Te Amo Você (Dj Meme’s Remix Extended)
Music Non Stop – Quem eram os caras que você observava quando estava aprendendo a produzir?
Meme – Basicamente dois: Jellybean Benitez e Shep Pettibone. Esse último, para mim, é o maior remixer que já existiu. Nossa trajetória é também parecida: Começou DJ. Fez programas de rádio. Ali começou a remixar e produzir. Estourou como remixer e acabou produzindo álbum de gente grande como Madonna. Vogue é de autoria de ambos. Ele era o melhor, mas Jellybean tinha uma coisa com percussão latina que me atraía bastante. Assimilei muitas ideias de ambos para meus remixes 😉
Music Non Stop – Qual foi a sua produção mais estourada até hoje?
Meme – Sem sombras de dúvidas The Sun is Coming Out (Chanson du Soleil). Ela é muito maior e mais conhecida do que eu. É daquelas que você “perde a autoria” para o público, pois todos se apropriam dela e nunca mais ela vai embora. Essa música foi responsável por muitas das minhas gigs fora do Brasil e principalmente por abrir as portas da Ásia para mim. A melodia é hoje praticamente um jingle. Todo mundo conhece.
Chanson Du Soleil – ( Sun Is Coming Out ) – DJ Meme
Music Non Stop – O Brasil passa por um momento bem interessante de produções, com muita gente boa de diversas partes do país. Você acha q isso se deve 100% à tecnologia?
Meme – Sem dúvida alguma, e também à profissionalização. A tal procura pelo saber que começou com a competição que falamos acima. A tecnologia trouxe inicialmente uma massa confusa de “autodenominados” produtores sem entendimento de música e nem de tecnologia do áudio. Os engenheiros que existiam aqui também não sabiam tirar som de pista. Raríssimas tracks ultrapassavam o limite do seu bairro ou do seu círculo de amizades, mas hoje já deu tempo suficiente para uma sequência eficiente de erros e acertos, e assim vejo coisas fantásticas sendo produzidas em todos os gêneros.
Hoje está tudo tão simples, que ficou também mole demais perder-se com tantas facilidades, e quem se perde nem passa pelos nossos ouvidos, por isso os bons se destacam logo. Quem é bom você vê logo nas primeiras músicas. O bom é original e faz as coisas de um jeito só dele. PONTO!
Music Non Stop – Como foi o seu encontro com o David Guetta? Chegaram a produzir algo juntos?
Meme – Nada… brodagem, apenas. Ele não me conhecia e nem eu o ouvia. Achei ótimo, pois acabava com qualquer obrigação. O que tínhamos em comum ele sacou logo de cara: mesma idade, dois DJs old school e vindos da house desde seu início underground. Isso na verdade facilitou muito a convivência pois o papos eram o mesmo sobre tudo. Até sobre comida ao redor do mundo. Foi super bacana, e o post que ele fez em seu instagram com uma foto nossa falava exatamente disso. Se algum dia rolar algo com ambos, teria que ser por causa dessa empatia. Fazer por fazer não rola.
Music Non Stop – E os cursos vão acontecer com que frequência?
Meme – No máximo a cada dois ou três meses, pois preciso conciliar com a pista. Além disso é preciso tempo para promover e para me preparar para o próximo. Um dia eu fico craque.
Music Non Stop – Dá pra ensinar o que pode virar um sucesso pra um aluno?
Meme – Dá para ensinar além disso: você vai perder seus medos e derrubar os mitos todos de uma vez. São eles que te travam até você conseguir ser escolhido pela sorte. Como normalmente isso não acontece, pode ser que você não resista e desista prematuramente.
Como já não é o primeiro workshop que faço, percebi que algo quase mágico acontece e todos saem comentando depois: o que realmente acaba rolando ali é uma fusão da minha experiência com a do aluno e ainda pode haver convidados. Ou seja, você não perde o que aprendeu, joga fora o que não precisa mesmo e te trava, aprende truques com quem já tem êxito, ao contrário de um curso em que os professores são por princípio e costume excelentes técnicos, muitas vezes melhores que eu ou meus convidados, mas ali meu propósito é mostrar por que, diferente da maioria, alcançamos o ouvido do público. É contar como fazer para manter-se (o que é o mais difícil) e obviamente mostrar aos presentes os nossos truques de estúdio para melhorar o som.
E quanto a ensinar o que pode virar sucesso, não me envergonho de dizer que tenho um histórico de bons êxitos produzindo música. Provei para mim mesmo que poderia fazer remixes de sucesso com o meu próprio som; volta e meia crio músicas que fazem a pista reconhecê-las logo nas primeiras notas; vejo um país inteiro cantar e guardar com carinho discos que produzo para outros, e rodo clubes do mundo por conta das músicas autorais ou remixes que produzo, então… O que vou passar a todos não pode ser muito diferente disso.
Não é um workshop para pessoas que querem “brincar de produzir” e sim para quem tá sério mesmo na parada. Não tem preço de brincadeira, e por isso a estrutura e conteúdo estão à altura de quem poderá ser o próximo grande produtor brasileiro…ou produtora!
WORKSHOP DE MÚSICA ELETRÔNICA COM MEME
Dia 26/5, a partir das 13h
Informações: (21) 96664-9928 ou workshop@djmeme.com.br
Preço: R$ 500
Hotel Pestana
R.Tutóia, 77 – Jardim Paulista, São Paulo.
Professores: Meme, Eudi + Bernardo Novaes (masterização) + Tuta Aquino (engenharia de áudio em NY).
Produção: DJ Meme e Silvio Calmon